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domingo, 3 de junho de 2012

Entrevista com Márcio Cattaruzzi, Presidente da LBF

Márcio Cattaruzzi é o Presidente da Liga de Basquete Feminina. Nesta entrevista ele conta qual a realidade da Liga e qual a tendência de crescimento para o Basquetebol Feminino no futuro.

ER: Márcio, pode nos contar um pouco de sua trajetória até chegar à Presidência da LBF (Liga de Basquete Feminino)?
MC: Comecei gerenciando o clube da Pirelli que tinha 14 modalidades esportivas. Gerenciei o marketing da CBB (Confederação Brasileira de Basquetebol) nos três primeiros Campeonatos Nacionais de basquete feminino (1998, 1999 e 2000), pois não entendíamos como uma modalidade campeã mundial e medalhista olímpica não possuía um campeonato nacional. Gerenciei também um projeto de patrocínio da Bombril para a equipe de basquete feminino de São Caetano (SP). Organizei o Campeonato Nacional de 2009-2010, último campeonato sob responsabilidade da CBB e com base no trabalho realizado junto aos clubes, incentivamos a criação da Liga para o basquete feminino.

ER: Qual o balanço que você faz das duas temporadas da LBF?
MC: Considero que o basquete feminino ficou por um longo tempo relegado a um segundo plano e com isso houve uma dispersão e conseqüente desvalorização da modalidade. Com a criação da LBF, qualquer coisa que se fizesse já seria um progresso. E começamos o primeiro campeonato com muitos não acreditando que ele chegasse ao fim, mas o resultado foi positivo e bem acima das expectativas, pois os clubes entenderam que a Liga tinha vindo para ficar e crescer. No segundo, já tínhamos a credibilidade necessária, com os clubes acreditando e investindo tecnicamente em suas equipes. Surgiram duas equipes novas (Maranhão/MA e Vasto Verde/SC - de Blumenau), tivemos repatriações de jogadoras e contratação de jogadoras estrangeiras.

ER: Qual a principal diferença entre o antigo Campeonato Nacional, organizado pela CBB, para a LBF?
MC: A LBF se fortaleceu pela dedicação exclusiva à modalidade, fornecendo aos clubes um apoio maior de infraestrutura (viagens, hospedagens, arbitragens...), dando aos clubes maior participação nas decisões de elaboração do regulamento, sistemas de disputa, etc...

ER: Por que o Basquete Feminino é muito mais forte no estado de São Paulo do que no restante do país?
MC: Não só o feminino. O masculino também é mais forte em São Paulo pela tradição e pelos Jogos Abertos (o basquete muito difundido no interior do estado).

ER: Dos nove times da temporada 2011/12, apenas dois não eram de São Paulo. Como diversificar esta questão geográfica?
MC: Já diversificamos e diversificaremos mais. Joinville (SC) e Mangueira em 2010-2011, Blumenau e Maranhão em 2011-2012 e para o próximo ano já teremos o Sport do Recife (PE).

ER: Muitos torcedores de fora de São Paulo dizem não acompanhar a LBF porque é quase como um mini-campeonato Paulista. Você concorda? 

MC: Não concordo por várias razões e uma delas é o número de acessos ao nosso site durante o último campeonato: nos cinco meses de campeonato, as cinco cidades com maior número de acessos foram São Paulo, São Luis (MA), Rio de Janeiro (sem equipes participantes), Americana (SP) e Ribeirão Preto (SP).
ER: Por que a LBF não tem tanta força quanto a LNB (Liga Nacional de Basquete)? Quero dizer que há muito mais times, midia, patrocinadores e transmissão dos jogos do masculino do que do feminino.
MC: Não devemos comparar masculino e feminino. São realidades diferentes em todos os esportes e em todo o mundo. Porém, temos hoje o basquete feminino em plena ascensão, com uma exposição na mídia muito forte.

ER: O Maranhão apareceu no cenário nacional com este time que disputou a LBF. O projeto deu certo? Haverá continuidade para 2012/13?
MC: Sim, estão montando uma equipe para estar entre as primeiras, o que é a comprovação de que o projeto deu certo e a sua continuidade é consequência.

ER: Para falar um pouco do Rio de Janeiro, Botafogo e Mangueira tentaram nos últimos anos disputar a LBF mas esbarram na falta de patrocínio. Por que ficou inviável termos um time adulto feminino no Rio?
MC: Entendo que teremos de aguardar um tempo para o Rio estar novamente no nosso campeonato. A Mangueira tem seu projeto voltado para as categorias de base.

ER: Fluminense, em 1998, e Vasco da Gama, em 2001, tiveram enorme sucesso de público e retorno de mídia com seus times adultos femininos. Por que o investimento não foi para frente? A LBF tem como ajudar estes clubes a voltarem a investir na modalidade ou a achar patrocinadores?
MC: Não é missão da Liga ajudar equipes ou achar patrocinadores. Tudo é realizado para todos de forma igual, não havendo privilégios, o que iria contrariar o espírito de Liga.
ER: Ainda no cenário do Rio, desde os anos 2000, os grandes clubes de futebol América, Flamengo, Fluminense e Vasco da Gama fecharam suas portas para o Basquete Feminino. Não apenas acabaram com suas equipes, mas as meninas não podem sequer participar das escolinhas, pois elas ficaram restritas aos meninos. Até o Tijuca está nesta situação. A LBF tem como fazer alguma coisa para reverter este quadro? Sem escolinhas, menos atletas são formadas, as chances dos clubes a voltarem a ter equipes fica menor ainda. 
MC:Entendo que o interior do estado irá preencher esta lacuna. Na Europa as principais equipes de basquete feminino são de cidades pequenas e no Brasil seguimos a mesma tendência.
ER: A nós nos parece que há muito menos escolinhas nos clubes e prefeituras para meninas do que para meninos. Não poderia haver uma regra na LBF e no LNB de que os clubes participantes fossem obrigados a abrir suas portas para as crianças de ambos os sexos e terem ao menos escolinhas?
MC: Estas atitudes não são feitas por decreto e sim por exemplos. Quanto mais desenvolvido estiverem as equipes adultas, mais interesse em participar terão nossas meninas em começarem a praticar o basquete.
ER: Por que há tanta dificuldade em organizar Campeonato Sul-Americano de clubes?
MC: Pelo seu custo, pois vejo o basquete feminino mais enfraquecido nos outros países da América do Sul.
ER: É possível criar o Torneio Interligas com os times argentinos, tal como acontece com o masculino?
MC: Ainda é muito cedo. Temos que solidificar bem mais a nossa LBF.
ER: Qual a sua expectativa para a LBF de 2012/13? Teremos alguma novidade que você pode nos adiantar?
MC: Teremos um campeonato bem estruturado, com equipes fortes, jogadoras repatriadas, estrangeiras contratadas e maior exposição demídia. A consequência será uma melhor qualidade técnica.

5 comentários:

  1. Ele tá falando da WNBA né...
    Estrutura, mídia, investimwento, etc...Onde?

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  2. 1Eu acho que as empresas devem apoiar a saúde muito todos os esportes, pois isso ajuda muito a todos faz as pessoas têm uma saúde melhor. Então, eu acho que são importantes organizações de grande porte, como amil e outros.

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