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domingo, 8 de julho de 2012

Entrevista com Sandra Mello, Presidente da FHPERJ

Sandra MelloSandra Mello é a Presidente da Federação de Hóquei e Patinagem do Estado do Rio de Janeiro desde 2005. Ela nos conta um pouco sobre a realidade dos esportes que administra há oito anos. 


ER: Sandra, pode me contar um pouco de sua trajetória até chegar à Presidência da Federação de Hóquei e Patinagem do Estado do Rio de Janeiro?
SM: No início, acompanhava minha filha, que patinava no Flamengo (em 1993). Quando acabaram com a Patinação Artística no Flamengo, ficamos procurando outro clube e fomos acolhidos pelo Fluminense, onde atuei como diretor a de Patinação Artística. Em 2005, o então presidente da FHPERJ se recusou a continuar como presidente, mesmo porque praticamente a patinação tinha acabado no Rio. Na época, a Patinação se resumia ao Fluminense. Ninguém se interessava em assumir a federação e resolvi aceitar o cargo para que não acabasse a federação fluminense. O Hóquei também já se encontrava em crise.

ER: Como sobrevive hoje à FHPERJ?
SM: De teimosia. Hoje, ainda temos as mensalidades dos clubes, mas muitos se recusam a pagar, restando para os atletas assumirem a dívida (65,00 mensais, independente do número de atletas). Contamos também com as inscrições nos campeonatos.

ER: Quais os filiados à federação? 
SM: AABB, ASA, Fluminense, Hebraica, Monte Libano, Monte Sinai, Colégio Santa Marcelina, Colégio Servita Nossa Senhora Rainha dos Corações, Rio Patinação, Corrêas Esporte Clube, Brasil Speed e Rio inline.


ER: Os governos estadual e municipal dão algum incentivo à FHPERJ?
SM: Não e para desanimar mais, apresentei um projeto através da Lei de Incentivo e foi recusado. Cheguei à conclusão que para elaborar estes projetos é preciso ser especialista no assunto

ER: A FHPERJ administra três modalidades esportivas: Hóquei sobre Patins, Patinação Artística e Patinação de Velocidade. Você sabe nos informar quantos atletas praticam estes esportes e qual é o mais popular?
SM: No Hóquei Tradicional, temos 12 atletas filiados, mas tem mais uns cinqüenta o praticando. Na Patinação Artistica, temos 80 atletas filiados, mas um número bem maior sem se federar. Na Patinação de Velocidade são 22 federados mas um número perto de 60 praticando o esporte. Ainda temos Sallon com uns 30 praticantes e Roller Derby com uns 25 praticantes. É muito difícil precisar o número mas o mais popular é a Patinação Artística.

ER: A Patinação Artística teve seu auge nos anos 60 com o Movimento Mengo sobre Rodas, das mulheres atletas do Flamengo. O que aconteceu de lá para cá que o esporte perdeu em prestígio e divulgação?
SM: Falta de incentivo, dificuldade de se conseguir quadras e outros problemas, até mesmo de administração. É preciso divulgar a patinação em geral. As pessoas só gostam daquilo que conhecem. Quando no Pan 2007, as competições foram realizadas no Miécimo da Silva (em Campo Grande) à noite, eu particularmente achei impossível ter público, pois enfentar a Av. Brasil à noite, seria preciso ter muita coragem. Para minha surpresa, os ingressos foram logo esgotados em 45 minutos. Os primeiros ingressos a se esgotarem foram os de Voleibol e em seguida os da Patinação Artística.

ER: O mesmo pergunto sobre o Hóquei sobre Patins. Nos anos 70 e 80 haviam Campeonatos Estaduais regulares com times de Petrópolis, de Cabo Frio, Vassouras, Teresópolis e da capital. O que aconteceu para o esporte praticamente desaparecer de nosso estado?
SM: Falta de incentivo. Em Corrêas, o Helinho acreditava e realizava um projeto social que amparava 200 crianças carentes. Construiu uma quadra excelente para a modalidade. Com a saída do Helinho, a modalidade teve um baque, mas mesmo assim há excelentes atletas. A seleção feminina práticamente é composta das atletas do Correas.

ER: Nos últimos anos surgiu o Hóquei em linha, espécie de hóquei no gelo jogado em quadra. Por que o Hóquei em Linha não faz parte da FHPERJ? Esta modalidade atrapalha o desenvolvimento do hóquei tradicional no Rio?
SM: O Hóquei em linha estava abrigado à Confederação Brasileira de Esportes no Gelo, mas este ano já será federada à FHPERJ e confederada à Confederação Brasileira de Hóquei e Patinação. Não acredito que atrapalhe. Há um público para o tradicional e outro para o em linha.

ER: O único time regular de hóquei tradicional é o Corrêas, de Petrópolis. Existe algum projeto para difundir o esporte em outras cidades, sobretudo na capital? 
SM: Aqui consegui uma escolinha no Fluminense e acho que em Cabo Frio tambem tem adeptos.

ER: Ao contrário, a Patinação é muito forte na capital. Como fazer para levar a modalidade ao interior do estado? 
SM: Estou trabalhando para isso. Já estão bem encaminhados projetos para Petrópolis e Teresópolis. Em julho, realizaremos um curso de noções básicas da patinação, onde habilitará professores de educação física para iniciar a modalidade.


ER: O Fluminense voltou aos quadros da federação em 2007. Nestes cinco anos, já dá para avaliar o trabalho feito no clube nas três modalidades?

SM: O Fluminense tem patinação desde 2000. Só tem Patinação Artística e Hóquei Tradicional. A Patinação Artística está bem praticada. O Hóquei tradicional possui uma escolinha bem iniciante e com poucos praticantes.


ER: Uma fonte nos contou que o Flamengo deve reabrir sua escolinha de Patinação Artística, fechada no início dos anos 2000. Você confirma? Qual a expectativa da federação com a volta do clube mais popular da cidade ao esporte?


SM: Desde 1996, quando acabaram com a Patinação Artística no clube, tentamos voltar com a modalidade, pois entendemos que é uma tradição do Rio. Várias vezes quase conseguimos mas na hora H, nada acontecia.

ER: Os grandes clubes têm capacidade de formar um bom número de atletas e levar o esporte para a mídia. Com os retornos da dupla Fla-Flu, você espera que Botafogo e Vasco da Gama também façam parte da FHPERJ? Já houve algum contato da entidade com estes clubes?

SM: No Botafogo estive pessoalmente duas vezes, mas não consegui. No Vasco, tive uma boa recepção, mas o local não ajuda e eles querem um patrocínio que cubra as despesas do técnico.

ER: O Tijuca Tênis Clube tinha uma quadra exclusiva para a patinação e assim como outros clubes deixou o esporte. Há alguma conversa da federação com o Tijuca para que ele volte a investir no esporte?
SM: No Tijuca tive a informação que não havia horários disponíveis na quadra, mas gostaria de tentar.

ER: Quais atletas são as maiores revelações dos clubes do Rio nos últimos anos?
SM: Posso mencionar os nomes de Alessandra Castro Alves, Ana Beatriz Toledo, Carolina Pezzella, Cesar Motta,  Daniela Toledo, Flavio Francisco, Gabriela Rodrigues, Larissa Maia, Sabrina Seixas, Valentina Zapata e outros

ER: Qual a meta da FHPERJ para os próximos anos?
SM: Crescer, aumentar o número de filiados e federados e sediar campeonatos importantes. Perdemos o Velódromo e piorou a situação no Rio para os atletas. Desde outubro de 2007, entramos no Velódromo e havia treinos todos os dias. O espaço era aproveitado pelo Ciclismo, Patinação Artística, Patinação de Velocidade, Hóquei Tradicional e Roller Derby. No Velódromo foram realizados Campeonatos Brasileiro, Copa Brasil e vários estaduais.

ER: Deseja deixar um último recado para a comunidade da patinação?
SM: A Patinação tem que se unir, não interessa qual a modalidade que pratica, temos que somar para nos fortalecer e crescer.

15 comentários:

  1. Lastimável a situação desses esportes. A falta de incentivo, tanto por parte dos clubes de futebol que podem abrigar esses esportes quanto do próprio governo revela um descaço perverso. É triste ver um esporte como o Hóquei em Patins, por exemplo, nessa situação, esporte na qual o Brasil tem certo destaque internacional.

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  2. a força da patinação ficou provada no pan de 2007 quando a venda dos ingressos se esgotou em 45 minutos

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Acho que as pessoas admiram mais a patinação do que se possa imaginar é arte é belo e é incrivel *-*

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  5. Patinação é um esporte visualmente e tecnicamente lindo que merece uma atenção melhor. Um esporte realmente lindo de se ver, parabéns aos profissionais e toda equipe técnica envolvida no procedimento.

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  6. poxa para as vendas de ingressos acabarem em 45 minutos, só pode significar que é um esporte ainda muito adimirado e que merecia um destaque muito mais valorizado já que é algo tão bonito de se ver e de se participar!

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  7. Thales, vamos ver se a Patinação vai entrar na Olimpíada de 2020.

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  8. Olha com a questão da olimpíada, ao meu ver é o espetáculo que falta na Olimpíada!
    Por que Patinação é um show!!!

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  9. O esporte sempre deve ter total apoio pois só proporciona bem-estar e faz com que nossas crianças e jovens fiquem envolvidos com coisas saudáves. A patinação, em especial, é uma modalidade deslumbrante, que fascina o espectador. É uma pena que não haja incentivo6 da parte do Governo e, em consequência, maior interesse de patrocinadores. Essa mentalidade tem que mudar, pois a sociedade só tem a lucrar.

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  10. Herbert, a Patinação é candidata a ser esporte Olímpico em 2020.

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