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domingo, 19 de agosto de 2012

Entrevista com Dimisson Nogueira, Presidente da ANNFR

Entrevistamos Dimisson Nogueira, Presidente da Associação Norte Noroeste Fluminense de Remo. Veja como o esporte ajuda a integrar pessoas com o restante da sociedade.


ER: Pode nos contar um pouco de sua trajetória até chegar à diretora técnica do Projeto Rema Campos?
DN: Olá, Miguel, sou Dimisson Nogueira, presidente da Associação Norte Noroeste Fluminense de Remo, ou Associação de Remo de Campos. Bem, Karina Marques, a Responsável Técnica e Diretora de Projetos da ANNFR trabalhava na Secretaria Municipal da Família e Assistência Social e possuía, entre suas especializações, a de Gestão de Projetos. Naquela época, eu havia começado uma parceria com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI - Campos), que funcionava naquela Secretaria, e nos conhecemos. Ela então passou a desenvolver os nossos Projetos, e eu a convidei para fazer parte da equipe Rema Campos. Tempos depois, namoramos e nos casamos, e a nossa parceria continua na família e no trabalho. Além dos projetos que ela já escreveu para a associação, há dois anos atrás, em parceria com a Liangjin, fábrica de barcos chinesa, conseguimos a doação de um Skiff (barco para uma pessoa), que ajudou bastante nos treinos de nossos atletas.

ER: A Associação Norte Noroeste Fluminense de Remo é a entidade responsável pelo Projeto Rema Campos?
DN: Sim, começamos nossas atividades em 2004, com o Projeto Rema Campos, voltado para alunos em situação de vulnerabilidade social e pessoal, e não paramos por aí. Logo depois sentimos a necessidade de abraçar alunos com deficiências visuais, díndrome de down e autismo, e demos início ao Projeto Remo Sem Limites. Já o Projeto Remo Livre se iniciou para dar apoio aos abrigos e ou casas de reclusão para menores infratores, no cumprimento de medidas socioeducativas, que tem trazido boas surpresas para todos nós, já que os meninos estão bastante comprometidos com as aulas de remo.

ER: A ANNFR é composta de clubes, prefeituras, escolas de remo?
DN: Não, a ANNFR é uma entidade sem fins lucrativos que começou a funcionar efetivamente em 18 de abril de 2004. Logo após o desastre ambiental de Cataguazes causado pelo vazamento de 1,2 bilhão de litros de rejeitos químicos nos rios Pomba (MG) e Paraíba do Sul (RJ), que banha a cidade de Campos dos Goytacazes pela empresa Cataguases Celulose (MG) e que provocou cortes no abastecimento de água de cerca de 600 mil pessoas, impossibilitando o exercício das atividades de sustento das famílias de mais de 450 pescadores de nossa região e ameaçando a saúde de mais de 4 milhões de pessoas nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na época, passei a ter como meta primordial fazer a população olhar novamente para o rio, levando o remo e exercendo atividades com base no desporto educacional em prol do afastamento de riscos sociais presentes em suas realidades, resgatando a cidadania e unindo esporte, educação e responsabilidade socioambiental. Fizemos parcerias ao longo desses anos, como com o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, mas sem receber diretamente por nossos serviços prestados.

ER: Na verdade são três projetos, correto? Projeto Rema Campos (adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social), Projeto Remo Sem Limites (com alunos portadores de necessidades visuais especiais, Síndrome de Down e autismo) e Projeto Remo Livre (com meninos provenientes de abrigos e casas de reclusão para menores infratores). O governo financia estes projetos?
DN: Não, nossos Projetos são financiados com doações esporádicas de empresas e pessoas que acreditam em nosso trabalho. A Prefeitura Municipal nos ajuda na realização de eventos.

ER: Vocês conseguiram algum incentivo através da Lei de Incentivo ao Esporte? Pode nos contar qual foi o valor e o tempo de duração aprovados?
DN: Não, na verdade o que nós conseguimos foi a aprovação do Ministério do Esporte em 2011, com duração de 12 meses, no valor de aproximadamente R$ 239.000,00, mas infelizmente não conseguimos ainda captar esse recurso. Pleiteamos a renovação desse incentivo, de mesmo valor para mais 01 ano, e acredito que só dependemos dos trâmites burocráticos para conseguirmos mais essa aprovação. Deixamos aqui registrado nosso pedido de apoio a nossa equipe de remo, tanto para pessoa física quanto jurídica, para nos auxiliar nesses Projetos que têm trazido bons frutos para o esporte nacional. Devemos mencionar que o único representante do Brasil nas Olimpíadas de Cingapura, Tiago Braga, iniciou suas atividades em nosso Projeto. Já levamos atletas para o CR Vasco da Gama, campeões e vice-campeões brasileiros, e pretendemos continuar com o nosso trabalho de forma eficaz e compreometida.

ER: Onde são as aulas da ANNFR?
DN: As aulas acontecem na sede da Associação de Remo de Campos, área esta cedida pelo Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro, situada à Avenida Rui Barbosa, 863 – Centro. Já as aulas práticas são executadas no Rio Paraíba do Sul, no Cais da Lapa, em frente à sede.

ER: Qual a estrutura que a ANNFR dispõe para as aulas e para a equipe de Remo?
DN: Dispomos de 15 barcos de remo, 20 pares de remo, um ônibus e uniformes, além de quatro instrutores.

ER: Apesar da associação ser norte e noroeste fluminense, os projetos só funcionam em Campos dos Goytacazes?
DN: Por enquanto, sim. Mas já estamos levando a idéia a municípios vizinhos.

ER: O jovem que não se encontra em vulnerabilidade social, não está em abrigo e não precisa de necessidades especiais pode ter aulas de remo na ANNFR?
DN: Claro! Nossas aulas são ministradas para todos aqueles que se interessam pelo esporte, a partir dos 11 anos de idade.

ER: Entrevistamos recentemente o presidente Jomar Garcia, do Goytacaz FC. Ele nos contou que gostaria de ver seu clube de volta ao Remo, que foi o esporte que deu origem ao clube. A ANNFR tem como ajudar neste projeto?
DN: Com certeza teremos o maior prazer em sermos parceiros dessa grande volta ao remo do Goytacaz. Estamos à disposição dos dirigentes nessa empreitada de sucesso.

ER: O remo é um dos esportes mais tradicionais de Campos dos Goytacazes. Mas dos anos 80 para cá, o esporte perdeu muito espaço e popularidade. O que aconteceu e o que vocês estão fazendo para recuperar o remo da cidade?
DN: É verdade, as pessoas passaram um tempo desacreditadas dos esportes praticados no Paraíba, após o acidente ocorrido em Cataguazes que derramou milhões de litros de rejeitos químicos, poluindo as nossas águas. Além disso, ainda houve o fato dos clubes de remo da cidade fecharem suas portas. A situação se complicou e então um dia resolvi lutar para ter nosso rio de volta, e até hoje ainda não consegui parar de promover o remo, que é um esporte tão bonito, além de ser um dos mais completos para a saúde física e mental de seus participantes.

ER: Todas as regatas do Campeonato Estadual de Remo são disputadas no Rio de Janeiro. Vocês pensam em tentar trazer alguma delas para Campos dos Goytacazes para incentivar a prática da modalidade na cidade?
DN: A nossa maior vontade é popularizar a prática do remo em nossa cidade, inclusive com eventos onde haja a participação das grandes equipes da capital.

ER: Além da ANNFR, quais os outros clubes que oferecem aulas de remo no norte e noroeste fluminense?
DN: Hoje temos a nossa Associação de Remo de Campos e o CR Campista, que também oferece escolinhas de remo para a garotada.

ER: Gostaria de deixar algum último recado?
DN: Gostaria de divulgar para a empresa interessada em patrocinar a nossa equipe de remo o quanto é fácil o caminho para doar 1% do seu lucro real, que iria para o Imposto de Renda, e que poderá beneficiar mais de 300 crianças que hoje são atendidas em nosso Projeto. Basta ligar para o Ministério do Esporte, se informar sobre o nosso Projeto, que teve aprovação na Lei de Incentivo ao Esporte, e depositar na conta previamente aberta pelo Ministério do Esporte em favor de nossa Associação de Remo. Ressalto que o recibo da doação é fornecido no momento do depósito, e que os trâmites para quem deseja ser parceiro de nossa equipe, que hoje já ocupa o 4ª lugar no Ranking Estadual, é mais fácil do que parece. Para finalizar, agradecemos a todos os amigos que acreditam em nosso trabalho e prestigiam a Associação de Remo nos eventos municipais e estaduais. Deixamos aqui o nosso muito obrigado!

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