Luizomar de Moura é o atual Campeão Brasileiro Feminino de Voleibol como treinador do Osasco (SP), que é patrocinado pela Sollys Nestlé. Nesta entrevista, o vitorioso técnico fala de sua carreira, do momento do voleibol brasileiro e também relembra um pouco da conquista do Brasileiro pelo Flamengo, em 2000/01.
ER: Luizomar, como você ingressou no Voleibol? Você chegou a jogar profissionalmente?
LM: Tive meu primeiro contato com o Voleibol na escola em São Caetano do Sul (SP). Eu tinha 11 anos e o professor de Educação Física era um amante da modalidade. Ele montou dentro das aulas turmas de treinamento. Fiquei apaixonado pela modalidade logo de cara. Comecei a jogar em clubes aos 14 anos. Destaquei-me no vôlei nas categorias de base e fiz parte das Seleções Paulista Infanto-Juvenil e Juvenil. Quando passei para categoria adulta percebi que não seria um atleta de ponta mas joguei até 30 anos de idade. Disputei a Superliga, mas sem muita expressão. Usei o esporte para custear meus estudos. Meus pais sempre me cobraram bastante para que nunca abandonasse os estudos por causa do Voleibol. Agradeço a eles por essa visão e cobrança.
ER: Quando percebeu que ser técnico de vôlei era o que você queria fazer profissionalmente?
LM: Quando percebi que não seria um atleta de ponta. E pela exigência dos meus pais de não parar de estudar, fiz faculdade de Educação Física. Me formei com 19 anos e paralelamente à vida de atleta de Voleibol, comecei a dar aulas de Educação Física e, por ser atleta de Voleibol, direcionava as minhas turmas ao contato com a modalidade. Fui pegando gosto por ensinar Voleibol e comecei a pensar na possibilidade de me tornar treinador no futuro.
ER: Por que você escolheu dirigir times femininos em vez de masculinos?
LM: Comecei trabalhando com as categorias de base masculinas em São Caetano do Sul (SP). Depois de dois anos, recebi o convite do Willian Carvalho (da "Geração de Prata") para ser seu assistente numa equipe profissional chamada Mizuno Uniban, em 1996. Começava aí minha carreira como treinador de equipes profissionais de Voleibol. Não escolhi, fui escolhido.
ER: Você deseja algum dia dirigir uma equipe masculina?
LM: No momento não passa isso pela minha cabeça, mas sou profissional e se em algum momento de minha carreira tiver essa opção irei avaliar.
ER: Entre 1995 e 2000, você atuou como auxiliar técnico das equipes do São Caetano (SP), do Leites Nestlé (SP) e do Osasco (SP). Como foi de repente receber o convite para dirigir o Flamengo, de 30 milhões de torcedores?
LM: Eu já tinha traçado o objetivo ao término da temporada de assumir uma equipe como treinador principal. Havia um convite para assumir uma equipe menor, quando surgiu a oportunidade de ser o treinador do CR Flamengo. Foi uma grande emoção! Sabia da responsabilidade mas não podia deixar passar a oportunidade. E foi isso que fiz.
ER: É correto afirmar que a conquista do Brasileiro de 2000/01 pelo Flamengo foi o momento mais marcante de sua carreira?
LM: Essa conquista será sempre guardada com muito carinho na minha carreira: primeiro ano como treinador principal, dirigindo um time de camisa, com final no Maracananzinho lotado, contra o principal adversário (o Vasco da Gama)...só posso agradecer a Deus que tornou muito especial meu primeiro ano como treinador.
ER: Por que o time do Flamengo não teve continuidade?
LM: Problemas financeiros.
ER: Nos anos 90, o Flamengo disputava o Brasileiro tanto no Feminino, quanto no Masculino. Todo ano especúla-se sobre a volta do time profissional do Flamengo. De 2001 para cá, você chegou a conversar com o Flamengo sobre um possível retorno ao Rio de Janeiro?
LM: Tenho ainda grandes amigos no Flamengo. Pessoas que estavam lá em 2001. Esse ano na conquista da Superliga 2011/12, meu supervisor da epoca, o "Celsinho", foi ao Maracananzinho e festejou comigo a vitória. Mas nunca fui contactado para um retorno.
ER: Entre 2001 e 2006, você continuou no Vôlei fluminense dirigindo as equipes do Automóvel Clube de Campos dos Goytacazes e do Macaé. Como você avalia sua passagem por estas equipes? Qual a estrutura encontrada no interior do estado do Rio?
LM: Foi uma experiência muito significativa para minha carreira. Conseguimos em cinco anos despertar uma paixão pelo Voleibol em cidades sem tradição na modalidade. Chegamos três vezes ao pódio da Superliga. Pelo bom trabalho, conseguimos o patrocinio da Oi, empresa de telefonia. Nesses 5 anos de norte fluminense, algumas Campeães Olímpicas passaram por lá, como Fabizinha e Natalia, que fizeram parte desse projeto. Foi um trabalho muito gostoso, de poder brigar de igual com as grandes potências do país foi gratificante. Tive o apoio das prefeituras e montamos estruturas que facilitaram nosso trabalho.
ER: Em 2006/07, você voltou ao Osasco (SP), mas desta vez como técnico principal. Como foi voltar ao time que dez anos antes você ainda estava começando sua carreira?
LM: Era uma grande responsabilidade. Estava voltando a uma das maiores estruturas esportivas do país. Tinha a missão de conquistar títulos, mas também de coordenar a transição de jovens atletas do projeto de base e inserí-las no time adulto. Isso me agradou muito, pois sou um treinador de formação e me agradou.
ER: O Rio de Janeiro tem quatro equipes no Brasileiro (Macaé e Rio de Janeiro no Feminino; RJX e Volta Redonda no Masculino), mas elas não têm categorias de base. Qual a sua opinião destes times/empresa?
LM: Fazer categoria de base é uma responsabilidade muito grande, pois temos que nos preocupar não só em formar grandes atletas mas também grandes pessoas. Fazer por fazer não é legal, tem que pensar em estrutura para formar as duas frentes: a esportiva e a social.
ER: Em contrapartida, os clubes tradicionais (principalmente Botafogo, Flamengo, Fluminense e Tijuca TC) têm revelado grandes talentos .Qual a sua opinião destes clubes formadores?
LM: Esses times são tradicionais na formação. Espero que continuem e consigam incentivo para facilitar essa vocação.
ER: Em contrapartida, os clubes tradicionais (principalmente Flamengo, Fluminense e Tijuca TC) têm revelado grandes talentos, que não são aproveitados nos clubes e dados de bandeja aos times/empresa. Como você vê isso?
LM: O incentivo de empresas privadas seria um facilitador para manter esses talentos. Hoje, sem estrutura, fica difícil segurar.
ER: Como técnico da equipe profissional do Osasco, como você consegue observar jogadoras para a Seleção Juvenil Feminina, da qual você também é o técnico?
LM: A CBV tem um projeto que aproxima diversos treinadores de base no Brasil com nossos Centros de Treinamento. Esses profissionais me auxiliam na observação e acompanhamento de jovens por todas as regiões. Este projeto chama-se "Técnico de Referência". Damos a esses treinadores parâmetros internacionais das categorias e atualizamos métodos de trabalho.
ER: Na sua opinião, é possível os clubes de futebol terem equipes profissionais de outros esportes, como o vôlei?
LM: Se conseguirem cumprir com o que for planejado, não vejo problemas. Mas hoje no Voleibol não cabe aventura. Tem que ser sério. Nossas atletas são disputadas por diversas ligas pelo mundo. São referência da modalidade, assim como nossos treinadores. Não dá para começar um projeto e desistir no meio ou ficar sem cumprir com suas obrigações contratuais.
ER: Se o Flamengo - hoje - apresentasse um projeto para voltar à Superliga e te convidasse para ser técnico. Você aceitaria o desafio?
LM: Sou profissional. Tenho um grande carinho pelo CR Flamengo. Com certeza iria dar uma atenção pelo respeito que tenho pelo nome Flamengo, mas no momento faço parte de um grande projeto que é o Sollys Nestlé e tenho planos para continuar. Mas seria muito legal a volta do Flamengo à Superliga, mesmo que não fosse comigo como treinador.
ER: Você sonha em se tornar o técnico da seleção adulta feminina de vôlei?
LM: Hoje, temos no comando da seleção um Tricampeão Olímpico. A continuidade do trabalho para o Rio 2016 pode ser um diferencial para mais um Ouro em casa, mas tenho me preparado para se um dia surgir essa oportunidade corresponder.
ER: Deseja deixar um último recado para os amantes do vôlei?
LM: O Voleibol tem sido referência esportiva no nosso país. Temos conquistados resultados importantes. Peço aos amantes deste esporte que nunca deixem de acreditar nos profissionais envolvidos (atletas, CT, etc), e que nos ajudem a mudar o conceito de torcedor no nosso Brasil. Com o que vem pela frente, como a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, é muito importante que saibamos torcer e incentivar nossos atletas, nesse grande desafio que é vencer em casa.
ER: Luizomar, como você ingressou no Voleibol? Você chegou a jogar profissionalmente?
LM: Tive meu primeiro contato com o Voleibol na escola em São Caetano do Sul (SP). Eu tinha 11 anos e o professor de Educação Física era um amante da modalidade. Ele montou dentro das aulas turmas de treinamento. Fiquei apaixonado pela modalidade logo de cara. Comecei a jogar em clubes aos 14 anos. Destaquei-me no vôlei nas categorias de base e fiz parte das Seleções Paulista Infanto-Juvenil e Juvenil. Quando passei para categoria adulta percebi que não seria um atleta de ponta mas joguei até 30 anos de idade. Disputei a Superliga, mas sem muita expressão. Usei o esporte para custear meus estudos. Meus pais sempre me cobraram bastante para que nunca abandonasse os estudos por causa do Voleibol. Agradeço a eles por essa visão e cobrança.
ER: Quando percebeu que ser técnico de vôlei era o que você queria fazer profissionalmente?
LM: Quando percebi que não seria um atleta de ponta. E pela exigência dos meus pais de não parar de estudar, fiz faculdade de Educação Física. Me formei com 19 anos e paralelamente à vida de atleta de Voleibol, comecei a dar aulas de Educação Física e, por ser atleta de Voleibol, direcionava as minhas turmas ao contato com a modalidade. Fui pegando gosto por ensinar Voleibol e comecei a pensar na possibilidade de me tornar treinador no futuro.
ER: Por que você escolheu dirigir times femininos em vez de masculinos?
LM: Comecei trabalhando com as categorias de base masculinas em São Caetano do Sul (SP). Depois de dois anos, recebi o convite do Willian Carvalho (da "Geração de Prata") para ser seu assistente numa equipe profissional chamada Mizuno Uniban, em 1996. Começava aí minha carreira como treinador de equipes profissionais de Voleibol. Não escolhi, fui escolhido.
ER: Você deseja algum dia dirigir uma equipe masculina?
LM: No momento não passa isso pela minha cabeça, mas sou profissional e se em algum momento de minha carreira tiver essa opção irei avaliar.
ER: Entre 1995 e 2000, você atuou como auxiliar técnico das equipes do São Caetano (SP), do Leites Nestlé (SP) e do Osasco (SP). Como foi de repente receber o convite para dirigir o Flamengo, de 30 milhões de torcedores?
LM: Eu já tinha traçado o objetivo ao término da temporada de assumir uma equipe como treinador principal. Havia um convite para assumir uma equipe menor, quando surgiu a oportunidade de ser o treinador do CR Flamengo. Foi uma grande emoção! Sabia da responsabilidade mas não podia deixar passar a oportunidade. E foi isso que fiz.
ER: É correto afirmar que a conquista do Brasileiro de 2000/01 pelo Flamengo foi o momento mais marcante de sua carreira?
LM: Essa conquista será sempre guardada com muito carinho na minha carreira: primeiro ano como treinador principal, dirigindo um time de camisa, com final no Maracananzinho lotado, contra o principal adversário (o Vasco da Gama)...só posso agradecer a Deus que tornou muito especial meu primeiro ano como treinador.
ER: Por que o time do Flamengo não teve continuidade?
LM: Problemas financeiros.
ER: Nos anos 90, o Flamengo disputava o Brasileiro tanto no Feminino, quanto no Masculino. Todo ano especúla-se sobre a volta do time profissional do Flamengo. De 2001 para cá, você chegou a conversar com o Flamengo sobre um possível retorno ao Rio de Janeiro?
LM: Tenho ainda grandes amigos no Flamengo. Pessoas que estavam lá em 2001. Esse ano na conquista da Superliga 2011/12, meu supervisor da epoca, o "Celsinho", foi ao Maracananzinho e festejou comigo a vitória. Mas nunca fui contactado para um retorno.
ER: Entre 2001 e 2006, você continuou no Vôlei fluminense dirigindo as equipes do Automóvel Clube de Campos dos Goytacazes e do Macaé. Como você avalia sua passagem por estas equipes? Qual a estrutura encontrada no interior do estado do Rio?
LM: Foi uma experiência muito significativa para minha carreira. Conseguimos em cinco anos despertar uma paixão pelo Voleibol em cidades sem tradição na modalidade. Chegamos três vezes ao pódio da Superliga. Pelo bom trabalho, conseguimos o patrocinio da Oi, empresa de telefonia. Nesses 5 anos de norte fluminense, algumas Campeães Olímpicas passaram por lá, como Fabizinha e Natalia, que fizeram parte desse projeto. Foi um trabalho muito gostoso, de poder brigar de igual com as grandes potências do país foi gratificante. Tive o apoio das prefeituras e montamos estruturas que facilitaram nosso trabalho.
ER: Em 2006/07, você voltou ao Osasco (SP), mas desta vez como técnico principal. Como foi voltar ao time que dez anos antes você ainda estava começando sua carreira?
LM: Era uma grande responsabilidade. Estava voltando a uma das maiores estruturas esportivas do país. Tinha a missão de conquistar títulos, mas também de coordenar a transição de jovens atletas do projeto de base e inserí-las no time adulto. Isso me agradou muito, pois sou um treinador de formação e me agradou.
ER: O Rio de Janeiro tem quatro equipes no Brasileiro (Macaé e Rio de Janeiro no Feminino; RJX e Volta Redonda no Masculino), mas elas não têm categorias de base. Qual a sua opinião destes times/empresa?
LM: Fazer categoria de base é uma responsabilidade muito grande, pois temos que nos preocupar não só em formar grandes atletas mas também grandes pessoas. Fazer por fazer não é legal, tem que pensar em estrutura para formar as duas frentes: a esportiva e a social.
ER: Em contrapartida, os clubes tradicionais (principalmente Botafogo, Flamengo, Fluminense e Tijuca TC) têm revelado grandes talentos .Qual a sua opinião destes clubes formadores?
LM: Esses times são tradicionais na formação. Espero que continuem e consigam incentivo para facilitar essa vocação.
ER: Em contrapartida, os clubes tradicionais (principalmente Flamengo, Fluminense e Tijuca TC) têm revelado grandes talentos, que não são aproveitados nos clubes e dados de bandeja aos times/empresa. Como você vê isso?
LM: O incentivo de empresas privadas seria um facilitador para manter esses talentos. Hoje, sem estrutura, fica difícil segurar.
ER: Como técnico da equipe profissional do Osasco, como você consegue observar jogadoras para a Seleção Juvenil Feminina, da qual você também é o técnico?
LM: A CBV tem um projeto que aproxima diversos treinadores de base no Brasil com nossos Centros de Treinamento. Esses profissionais me auxiliam na observação e acompanhamento de jovens por todas as regiões. Este projeto chama-se "Técnico de Referência". Damos a esses treinadores parâmetros internacionais das categorias e atualizamos métodos de trabalho.
ER: Na sua opinião, é possível os clubes de futebol terem equipes profissionais de outros esportes, como o vôlei?
LM: Se conseguirem cumprir com o que for planejado, não vejo problemas. Mas hoje no Voleibol não cabe aventura. Tem que ser sério. Nossas atletas são disputadas por diversas ligas pelo mundo. São referência da modalidade, assim como nossos treinadores. Não dá para começar um projeto e desistir no meio ou ficar sem cumprir com suas obrigações contratuais.
ER: Se o Flamengo - hoje - apresentasse um projeto para voltar à Superliga e te convidasse para ser técnico. Você aceitaria o desafio?
LM: Sou profissional. Tenho um grande carinho pelo CR Flamengo. Com certeza iria dar uma atenção pelo respeito que tenho pelo nome Flamengo, mas no momento faço parte de um grande projeto que é o Sollys Nestlé e tenho planos para continuar. Mas seria muito legal a volta do Flamengo à Superliga, mesmo que não fosse comigo como treinador.
ER: Você sonha em se tornar o técnico da seleção adulta feminina de vôlei?
LM: Hoje, temos no comando da seleção um Tricampeão Olímpico. A continuidade do trabalho para o Rio 2016 pode ser um diferencial para mais um Ouro em casa, mas tenho me preparado para se um dia surgir essa oportunidade corresponder.
ER: Deseja deixar um último recado para os amantes do vôlei?
LM: O Voleibol tem sido referência esportiva no nosso país. Temos conquistados resultados importantes. Peço aos amantes deste esporte que nunca deixem de acreditar nos profissionais envolvidos (atletas, CT, etc), e que nos ajudem a mudar o conceito de torcedor no nosso Brasil. Com o que vem pela frente, como a Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, é muito importante que saibamos torcer e incentivar nossos atletas, nesse grande desafio que é vencer em casa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário