Flamengo Aceitou Jogar para Ditadores

Ao longo de sua história, o Flamengo sempre aceitou dinheiro para jogar. Isso é comum em times de todo o mundo. Fazem amistosos por uma grana. O problema é a origem do dinheiro. Eticamente, vale à pena fazer um amistoso por dinheiro, sabendo que o povo deste país sofre não mão de um governo criminoso?

Flamengo no Camp Nou em 1957

Em 1957, o Barcelona (Espanha) inaugurou seu famoso Camp Nou. A partida inaugural seria em outubro de 1957 contra o Real Jaén (Espanha) pelo Campeonato Espanhol. Antes disso, em setembro, o Barça abriu seu novo estádio para três jogos amistosos.

Em 24 de setembro, o Barcelona inaugurou seu campo novo com uma goleada de 4 a 2 sobre a Seleção de Varsóvia (Polônia). No dia seguinte, o Flamnego goleou o Burnley (Inglaterra) por 4 a 0. Finalmente, em 26 de setembro, os culés golearam o Borussia Dortmund (Alemanha) por 4 a 1.

Até aí nada demais. O problema é a história do Camp Nou. Francisco Franco governava a Espanha com mão de ferro desde os anos 1930 e adorava futebol. Durante sua gestão não havia a rivalidade, nem pedido de independência da Catalunha contra o resto da Espanha.

O antigo estádio do Barcelona se chamava o Campo de Les Corts. Les Corts é um bairro de Barcelona. No começo do Século XX, ficava praticamente fora da cidade, numa área rural e pacata. Enquanto isso, seu grande rival, o Español, tinha seu estádio no reservado bairro de Sarriá, no centro de Barcelona.

O Barcelona pediu autorização à prefeitura de Barcelona para construir seu novo estádio. Foi negado. Além de ter muitas dívidas, a prefeitura proibia edificações grandes no bairro de Les Corts.

O que Barça fez? Recorreu ao Generalísimo Francisco Franco. Ele "convenceu" a prefeitura da cidade de Barcelona a autorizar a construção do Camp Nou. Mas o clube ainda tinha três dívidas grandes. Elas foram quitadas pelo ditador. E assim o Camp Nou saiu do papel. 

Ao longo de sua história, o FC Barcelona concedeu sete medalhas a Franco. Uma vergonha que, hoje, o clube tenta negar. Vergonha também foi o que Borussia Dortmund, Burnley, Flamengo e Seleção de Varsóvia foram fazer lá.

E assim começou a história do Flamengo participando de jogos festivos para alegrar ditadores.

• 1957 - Flamengo 4-0 Burnley (Inglaterra) - n

Flamengo na Cortina de Ferro

Ditaduras comunistas sempre foram famosas por incentivar seus esportes. Sim, os esportes sempre foram utilizados no leste-europeu como instruimento de propaganda. Vencer valia qualquer esforço e os casos de doping são famosos.

Muitos clubes do mundo inteiro se exibiram na Cortina de Ferro. O Flamengo fez pelo menos oito apresentações no lado de lá do Velho Continente. O dinheiro dos amistosos veio de sanguinários como Nikita Kruschev, Nicolae Ceaucescu, Dimitar Ganev, Antonón Novotný e Walter Ulbricht. Até as equipes de base flamenguistas se exibiram na antiga União Soviética e no lado comunista da Europa.

• 1960 - Flamengo 0-6 Bulgária - f
• 1962 - Flamengo 2-4 Checoslováquia - f
• 1963 - Flamengo 1-2 Romênia - f
• 1963 - Flamengo 0-0 União Soviética - f
• 1964 - Flamengo 5-1 Alemanha Oriental - f
• 1964 - Flamengo 3-2 Ucrânia (não oficial) - f
• 1964 - Flamengo 2-1 Moldávia (não oficial) - f
• 1967 - Flamengo 2-4 Alemanha Oriental  - f
• 1970 - Flamengo 4-1 Romênia - Torneio Internacional de Verão - c
• 1972 - Flamengo 2-2 Hungria - c

Flamengo no Oriente Médio

Fuad Chebab (do Líbano), Saud IV (da Arábia Saudita), Muammar Kadaffi (da Líbia), Saddam Hussein (do Iraque) e Sabah III (do Kuwait), nomes que metem medo em qualquer cidadão destes países, pagaram para times do mundo inteiro se exibirem em seus reinos ou países.

E o Flamengo foi ao Oriente apoiar estes ditadores, que negam direitos humanos às mulheres, governam com mão de ferro, torturam, são contra a democracia, entre muitas outras coisas.

• 1964 - Flamengo 5-1 Líbano - f
• 1974 - Flamengo 2-2 Arábia Saudita - f
• 1974 - Flamengo 3-2 Kuwait - f
• 1980 - Flamengo 0-0 Kuwait - c
• 1985 - Flamengo 0-2 Líbia - f
• 1986 - Iraque 0-2 Flamengo - f
• 1986 - Iraque 1-3 Flamengo - f

Flamengo na África Pós-Colonial

Na África não foi diferente. Seja na África sub-sahariana, seja no Magreb, o Flamengo foi financiado por ditaduras sanguinárias. Muitos destes líderes estavam nas arquibancadas quando o Mengão estava em campo: Félix Houphouët-Boigny (Costa do Marfim), Mobuto Sese Seko (Zaire), Omar Bongo Ondimba (Gabão), Chadli Bendjedid (Argélia) e José Eduardo dos Santos (Angola).

• 1964 - Flamengo 1-0 Costa do Marfim - f
• 1974 - Flamengo 4-4 Zaire - f
• 1974 - Flamengo 3-3 Zaire - f
• 1987 - Flamengo 1-0 Argélia - f
• 1987 - Flamengo 3-0 Angola - f

Flamengo Também no Caribe

Em 23 de fevereiro de 1964, o Flamengo foi ao Haiti empatar com a seleção haitina em 1 a 1, gol de Carlos Alberto. O que muita gente tenta ignorar é o fato da nação caribenha estar sob a mão de ferro de François Duvalier, também conhecido como Papa Doc, implementando uma ditadura sangrenta, suprimindo as liberdades dos haitianos.

• 1964 - Flamengo 1-1 Haiti - f