Eduardo Bandeira de Mello é o principal nome da oposição nas próximas eleições do
Flamengo. Ele concorrerá à eleição no lugar de Wallim Vasconcellos, que teve sua candidatura impugnada pelo Conselho do clube. Sua chapa é a azul "Fla Campeão do Mundo".
Alguns nomes da sua futura gestão, caso vença, já foram anunciados: Wallim Vasconcelos (CEO), Luiz Eduardo Baptista (VP de Finanças e Marketing), Rodolfo Landim (VP de Patrimônio), Alexandre Póvoa (VP de Esportes Amadores) e Cláudio Pracownik (VP de Administração).
A foto é do candidato Eduardo Mello abraçando Wallim Vasconcelos.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer o assessor de imprensa Felipe Bruno (In Press Porter Novelli) pela entrevista.
Entrevista com Eduardo Bandeira de Mello
CR Flamengo
ER: Caso eleito, qual será sua primeira medida?
EBM: Vou me interar da situação financeira do Flamengo. Segundo o próprio contador do clube, os números disponíveis não têm a menor confiabilidade e
certamente herdaremos uma posição bem desconfortável de compromissos vencidos, como salários e contas a pagar.
ER:Você se dedicará integralmente ao clube ou terá que conciliar sua vida profissional com a presidência do Flamengo?
EBM: Como a maioria dos presidentes, vou me dividir entre a minha família, o meu trabalho e o Flamengo. Eu e todos os principais nomes do grupo. Nós
formaremos um Conselho Gestor, que terá uma equipe de profissionais executivos contratados do mercado sob sua gerência. Mas num primeiro momento estou preparado para me dedicar exclusivamente ao Flamengo.
ER: Na sua opinião, o que a atual gestão fez de positivo nos últimos três anos?
EBM: Seria injustiça não destacar o trabalho do VP de Patrimônio, Alexandre Wrobel que, mesmo sob condições adversas, conseguiu progredir na construção do CT e encaminhou a solução do Morro da Viúva.
ER: E de negativo?
EBM: Acho que o espaço de vocês não seria suficiente para citar tudo, mas a deterioração da administração do futebol, a completa ausência de
política de marketing e o descumprimento sistemático dos compromissos são marcas negativas inesquecíveis.
ER: O Marketing (do Futebol, dos Esportes Olímpicos, do Clube em geral) foi muito criticado nos últimos anos. O que fazer para reverter este quadro e conseguir novos e fortes patrocinadores?
EBM: Vamos implementar um plano de marketing, coisa que não existe no clube. Perdemos uma grande oportunidade de aumentar exponencialmente as receitas do Flamengo com a passagem do Ronaldinho Gaúcho. A diretoria não aproveitou. Com o nosso grupo, a torcida pode ter certeza de que devolveremos a saúde financeira do clube.
ER: Adidas ou Olympikus? Como você vê esta questão?
EBM: Desconheço os termos da proposta, por isso é difícil falar.
Gávea
ER: Grande parte do clube foi reformada. No entanto, as piscinas olímpicas são rasas e foram alvo de críticas de atletas de ponta como César Cielo. Você vai aumentar
a profundidade das piscinas olímpicas?
EBM: Entre outras medidas. O parque aquático necessita de reformas urgentes.
ER: Nos anos 90 duas estruturas da Gávea foram demolidas e até hoje são lembradas pelos sócios com carinho e saudosismo. Você pretende reconstruir o estande de Tiro e a pista de Atletismo?
EBM: Venho de uma família de campeões de Tiro no Flamengo e, obviamente, tenho a maior simpatia pelo assunto. Vai depender da demanda e do Plano
Diretor da Gávea que será desenvolvido e implementado. Quanto ao atletismo, também será discutido....
ER: Que outra obra você pretende fazer na Gávea?
EBM: A parte social é um ponto importante nesta eleição. A atual diretoria diz que recuperou a sede da Gávea como se o clube fosse o melhor clube social do Rio de Janeiro. E não é. Basta o sócio comparar com os outros clubes da Zona Sul. É como se seu filho tirasse zero e passou a tirar três. Melhorou? Sim. Mas longe de estar bom. O nosso grupo já está trabalhando em um plano diretor para a nossa sede, auxiliado por um arquiteto de renome no mercado. O nosso projeto de modernização da Gávea passa por melhor aproveitamento dos espaços da sede para entregarmos aos sócios mais conforto e opções de lazer e entretenimento.
ER: Como o Flamengo vai explorar seu museu?
EBM: Há que se entender o plano original, que não tivemos acesso. A idéia parece boa mas não pode ser um projeto isolado, fora do contexto do plano de marketing do Flamengo. A principio, deve ser auto-sustentável e posicionar-se como o museu de futebol do Rio de Janeiro.
Futebol
ER: Contratar Ronaldinho Gaúcho foi um erro? E Adriano?
EBM: O Adriano é um ídolo. Seria feito um plano de recuperação de sua forma física e técnica, com fisioterapia, fisiologia, nutricionista, parte médica, etc e um prazo para cumprí-lo. Daria todo o suporte. Se no fim deste prazo ele tiver cumprido o objetivo, aí sim ofereceríamos um contrato.
ER: Quem vai comandar o futebol na sua gestão?
EBM: Estamos conversando com alguns nomes, mas primeiro vamos ver a disponibilidade dos profissionais que já estão lá.
ER: O clube vai finalmente terminar seu CT?
EBM: É prioridade total.
ER: Como será sua relação com Zico e outros craques do passado?
EBM: O Zico nos ajudará na montagem do Departamento de Futebol e será permanentemente ouvido em qualquer decisão sobre o tema. Não terá vínculo profissional com o clube no momento, pois tem contratos em vigor que ele respeitará, como sempre fez. Além disso, será nossa grande inspiração, pois sua história é exemplo para qualquer indivíduo ou organização. Quanto aos outros craques, pretendemos usá-los como embaixadores do clube no processo de difusão e internacionalização de nossa marca.
ER: Atualmente, o clube está tentando reintegrar o Futsal ao Futebol. Na
sua gestão isso vai continuar?
EBM: Inicialmente, achamos que o futebol de salão, seja o esporte ligado à vice-presidência de esportes olímpicos ou à vice-presidência de futebol, tem que ser melhor tratado no clube por diversas razões, dentre as quais as principais: primeira, é que o futebol de salão tradicionalmente é um grande celeiro para o futebol de campo, por isso a importância das escolinhas e das categorias de base; segundo, é um esporte
que a torcida entende; - certamente se tivéssemos um time adulto de alto nível, a torcida o acompanharia. Independente de onde ficará
hierarquicamente o esporte (decidiremos isso em conjunto), é inconcebível que o
futebol de salão passe pelos problemas vividos em 2012, com um grande atraso nos
salários.
Esportes Olímpicos
ER: Os altos investimentos nos times adultos de Basquete Masculino e Natação vão continuar?
EBM: O Basquete está em meio à disputa do Sul-Americano e vai começar o NBB. Acho que temos time para ganhar as duas competições, mas queremos reforçar ainda mais o elenco. Vamos conversar com o técnico Neto para saber das carências do elenco. Posições como pivô, por exemplo, têm pouca oferta no mercado nacional. Queremos voltar a ganhar o NBB, competição da qual perdemos a hegemonia exatamente nos últimos três anos.A Natação também vem recuperando espaço nos últimos anos, apesar da falta de infraestrutura oferecida pelo clube (piscinas em péssimo estado). Achamos a contratação de ídolos um fato importante, mas queremos que eles treinem dentro do clube para alavancar
projetos com as futuras gerações. Certamente, os investimentos continuarão, mas
com maior equilíbrio entre formação de equipe e infraestrutura. Contratar um atleta
olímpico para que ele não apareça no clube e, ainda por cima, com a sua “arena” (no caso, a piscina) em péssimo estado me parece contraproducente inclusive para a motivação dos atletas que estão lá, vivendo o dia-a-dia do Flamengo. Esses são os nossos maiores ativos, que devem ser valorizados sempre.
ER: O Tênis está terceirizado dentro do clube. Vai continuar assim na sua gestão? Por que?
EBM: Precisamos inicialmente conhecer o contrato de
terceirização. Em tese, não há porque o Flamengo não assumir a gestão de qualquer
esporte dentro de sua sede. O Tênis para nós é um exemplo dessa situação.
ER: O Flamengo vai voltar à Superliga de Vôlei?
EBM: O Flamengo só vai entrar em qualquer competição se tiver recursos e uma estrutura montada para ganhar. Para apenas participar, não vai interessar. Portanto, a volta à Superliga está condicionada a essa situação.
ER: O Flamengo patrocina alguns atletas de Canoagem mas não há espaço para este esporte no departamento de Remo e o clube tampouco tem escolinha. O que pretende fazer em relação à Canoagem?
EBM: Inicialmente, conversaremos com as pessoas envolvidas para entender o processo de inserção da Canoagem no clube, dado o histórico de grandes contradições sobre o assunto. Daí tomaremos uma decisão que for melhor não para a Canoagem ou para o Remo, mas para o Flamengo. Mas não há, a princípio, porque não acreditar que qualquer esporte que hoje é desenvolvido não possa continuar a ser praticado no clube. Novamente, em tese: Qualquer que seja o esporte, um prerrequisito – pelo menos de longo prazo – é que possamos desenvolver crianças também dentro do clube. Queremos fazer todo o elo entre o esporte de alto rendimento com a formação em escolinhas..
ER: Além dos mencionados acima, o Flamengo atualmente tem Nado Sincronizado, Jiu-Jitsu, Judô, Ginástica Artística, Futmesa e Pólo Aquático. Algum esporte será desativado no Flamengo?
EBM: Acreditamos que qualquer esporte seja viável, não necessariamente no campo de alto rendimento. Podemos ter somente categorias de base em alguns esportes, esperando um melhor momento para que possamos montar projetos ganhadores que sejam autofinanciáveis, já que não abrimos mão de, em qualquer competição de alto nível, entrar para ganhar. Para todos os esportes olímpicos, temos que nos organizar de forma competente para arrecadar os recursos necessários – através do aproveitamento de leis de
incentivo fiscal (por que não criar um grupo especialista no assunto, como existem no Minas Tênis e Pinheiros?), atração de patrocínios via credibilidade de quem negocia (esse é o grande trunfo de nossa chapa), conquista de maior número de sócios (campanha competente de sócio-torcedor e outros) e/ou garantia de maior freqüência nas escolinhas (conseqüência de um clube mais forte). Aos atletas e técnicos, a certeza que nosso compromisso é com a excelência. A condição para que o Flamengo participe de uma competição de alto nível é que as equipes tenham a estrutura de preparação disponível e o compromisso inegociável com a vitória. Nas categorias de base e nas escolinhas, nossa meta sempre será a boa formação
da pessoa e do atleta, exatamente nessa ordem. Com planejamento estratégico, execução profissional e fim da interferência amadora, as chances de alcançarmos os resultados esperados aumentarão exponencialmente.