ER: Tomasini, pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da Confederação Brasileira de Canoagem?
JT: Minha história vem desde o início da Canoagem no Brasil e se confunde um pouco com a própria história do esporte no
país. Nos anos de 1975 e 1976 tive o início da minha prática esportiva na
canoagem no interior do Rio Grande do Sul, época que comprei meu primeiro
barco. Contudo, foi só em 1984 que aconteceram as primeiras competições no
esporte. Em 1985 fui fundador e presidente da AECA em Estrela/RS. Em 03/05/1985
ocorreu a fundação da Associação Brasileira de Canoagem, durante a I Volta da
Ilha de Vitória, em Vitória, ES, com a presença da Bahia, Espírito Santo, Minas
Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo eleito Presidente
o Sr. Uwe Peter Kohnen. Em 1987, fundamos a FECERGS, onde fui eleito
vice-presidente. Já em 30/04/1988 foi eleita e empossada a 2a Diretoria da ABC,
tendo como Presidente o Sr. João Tomasini Schwertner. Em 18/03/1989 fundamos
a Confederação Brasileira de
Canoagem - CBCa, com a participação das Federações dos Estados da Bahia,
Rio de
Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Goiás, Mato Grosso do Sul e
RioGrande do Sul. Em 1994 fui eleito membro continental do Board da
Federação
Internacional de Canoagem, e em 1998 fui eleito 2o. vice-presidente
da entidade, cargo onde permaneci durante 10 anos, sendo o segundo não-europeu
na história da FIC a fazer parte do Comitê Executivo. Em 2010 fui eleito 3o.
vice-presidente da FIC, mesmo ano que fui eleito presidente da ConfederaçãoSul-americana de Canoagem (CoSurCa).
ER: Qual o panorama que você traça da Canoagem no Brasil hoje?
JT: Tanto na Canoagem Velocidade como na Canoagem Slalom temos bem definidos os planejamentos estratégicos que
culminarão nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e, também, posteriormente, para 2020.
Hoje trabalhamos ampliando as categorias de base do país por meio de projetos
como o Meninos do Lago, em Foz do Iguaçu, com a parceria da Secretaria Nacional
do Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, de universidades,
institutos e prefeituras. Atualmente também estamos buscando parcerias com a
Marinha e o Exército brasileiros. Além disso também estamos ampliando a
participação dos atletas brasileiros de alto rendimento nos principais eventos
do calendário oficial das modalidades.
ER: Quais as suas expectativas para Rio 2016? Há chances de medalhas?
JT: As melhores possíveis. Acreditamos que
estamos nos preparando de uma forma nunca antes realizada com importantes
apoiadores e que agora teremos reais condições que conquistar a medalha
olímpica.
ER: Os governos federal, estadual e municipal têm feito alguma coisa para
desenvolver a Canoagem por conta das Olimpíadas?
JT: Certamente, o apoio dos governos em todas as
esferas é preponderante para o sucesso esportivo do Brasil nos Jogos Olímpicos
Rio 2016. Programas como o Bolsa-Atleta do Governo Federal, os patrocínios
obtidos por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte, os
programas das bolsas estaduais, o apoio das universidades, institutos federais
e prefeituras em eventos locais, enfim, toda a sinergia dessas forças
juntamente com nosso trabalho de desenvolvimento do esporte certamente trará
muitas vitórias para o esporte brasileiro como um todo.
ER: Há críticas por parte dos esportes em embarcações (Remo, Vela e mais
recentemente Canoagem) em relação à estrutura das raias olímpicas de 2016:
sujeira na Baía de Guanabara e Lagoa Rodrigo de Freitas, falta de espaço físico
para guardar barcos e equipamentos e falta de estrutura para treinamentos. Como
você vê esta questão? Dá para solucinar até 2016?
JT: A questão é preocupante no momento, mas a
CBCa e a CBR, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e o
Comitê Olímpico Brasileiro, estão sempre em busca de soluções para o Estádio de
Remo da Lagoa, que certamente após as medidas que estamos estudando tomar se
tornará um importante legado esportivo para a cidade e o Brasil. Acredito que
sim, que conseguiremos solucionar todos os problemas até 2016.
ER: A
Federação Internacional de Canoagem está ciente destes problemas? Ela tomoualguma ação perante eles?
JT: Sim, todos sabem e o fato discutido
abertamente. Contudo, como disse antes, todos estão trabalhando para buscar as
melhores soluções para o problema.
ER: Apesar de ser a cidade olímpica de 2016, o Rio de Janeiro não tem uma
escolinha, equipe ou clube nas modalidades olímpicas de Canoagem. Por que esta
falta de interesse no Rio?
JT: Temos
atualmente clubes e escolas locais de
canoagem que são importantes parceiros no desenvolvimento da canoagem
como um
todo na cidade, e não apenas as modalidades olímpicas e/ou paralímpicas.
Porém,
estamos implementando melhores condições de desenvolvimento desses
locais econseqüentemente no crescimento da canoagem na região.
ER: O
CR Flamengo, que investe em diversos esportes, tinha até 2012 seis canoístas da
seleção brasileira, dentre eles alguns que até competiram em Londres 2012. O
projeto da antiga diretoria do clube era de criar uma estrutura e escolinha ao
lado de seu departamento de Remo na Lagoa Rodrigo de Freitas. Com a mudança de
diretoria, o projeto foi abortado e o Flamengo saiu do esporte. Como a CBCa viu
a saída do Flamengo do esporte? Faz falta à Canoagem ter clubes populares
praticando o esporte sobretudo os de futebol?
JT: O CR Flamengo continua na Canoagem brasileira com cinco atletas vinculados ao clube carioca e que estão atualmente
treinando junto à seleção brasileira no CT da modalidade em São Paulo.
ER: No último Campeonato Brasileiro de Canoagem de Velocidade, tivemos a estreia da
maior potência olímpica do Brasil, o EC Pinheiros (SP). Qual o projeto do clube
paulista e como a CBCa viu a entrada do Pinheiros na Canoagem?
JT: A inclusão do EC Pinheiros sob o patrocínio
do BNDES foi uma grande conquista para a Canoagem brasileira. Contudo todos podem
esperar que em breve teremos a inclusão de outros dois grandes clubes do esporte
brasileiro.
ER: Por que apenas a Canoagem de Velocidade a Canoagem Slalom são olímpicas?
JT: Gostaríamos que tivessem mais modalidades,
mas isto é critério definido pelo Comitê Olímpico Internacional.
ER: Em relação às provas disputadas em Londres 2012, haverá alguma mudança para Rio
2016?
JT: Isto está sendo discutido e em setembro
teremos uma definição sobre o tema.
ER: Deseja deixar um recado final?
JT:Esperamos o apoio de toda a torcida
brasileira pela canoagem, pois temos certeza que daremos muito orgulho ao povo
do Brasil.
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