O primeiro clube brasileiro a ganhar uma competição de remo no País, o Grupo de Regatas Gragoatá, de Niterói, luta para poder voltar a competir na modalidade que o consagrou. Entretanto, o clube tem um "divisor de águas" em seu caminho ao mar: um campo de futebol. Segundo o presidente do clube, Cláudio Maurício, conhecido como Dida, a antiga sede do Gragoatá ficava de frente para o mar, mas com o aterro em 1943, o clube perdeu o acesso à Baía de Guanabara.
"Na época do aterro o presidente teria que ter feito alguma coisa para que o clube não ficasse sem o acesso. Porém entre o campo de futebol e o Campus da UFF (Universidade Federal Fluminense) existe um espaço de uns cinco metros, por onde poderíamos passar os barcos e fazer a atracação", comentou Dida.
Por outro lado, o campo de futebol que pertence à Liga Niteroiense de Desportos (LND), está sendo reformado para a disputa de competições, e pode impedir o acesso do clube ao mar.
"Recentemente construímos um vestiário na parte em que o Gragoatá quer utilizar, mas ainda não o concluímos por falta de verba. Nossa intenção é fazer uma área de lazer para que os times de Niterói possam utilizar aquele espaço. Eu até posso sentar e conversar com o presidente do Gragoatá sobre o projeto, mas não vou garantir nada", afirmou Ivani Ferreira, presidente da LND.
Há pouco mais de três anos no cargo de presidente, Dida está resgatando a história do clube e com a ajuda da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro (FRERJ), pretende voltar a competir, como confirmou o presidente da entidade Alessandro Zelesco.
"Nós apresentamos um projeto junto ao Ministério do Esporte para resgatar o Remo na Baía de Guanabara e assim que ele for aprovado, alguns clubes, incluindo o Gragoatá, receberão barcos, além de toda a construção da parte de atracação e apoio técnico de profissionais", afirmou.
Entretanto, Dida ainda busca outras soluções para o impasse no local, como uma possível parceria com a UFF, no qual os próprios alunos de Educação Física poderiam fazer parte da equipe, em troca, o clube utilizaria parte das dependências da Universidade.
"Nós vamos procurar nos reunir com o Reitor da UFF e com todos os órgãos competentes. Existe um valão entre o clube e a UFF que está matando boa parte do terreno e se fosse manilhado, poderia servir como nosso acesso. Vou entrar em contato com todos os responsáveis, pois não podemos deixar morrer este projeto maravilhoso", comentou.
Pioneirismo - Além do feito histórico, alcançado em 1898, quando venceu o 1º Campeonato do Rio de Janeiro de remo, com a baleeira Alpha, o Grupo de Regatas Gragoatá, fundado em 1895, deu origem a um dos maiores clubes de futebol do Brasil, o Vasco da Gama.
O clube carioca, que foi fundado em 1898, era composto por quatro amigos que vinham remar do Rio, atravessando a Baía de Guanabara até o Gragoatá. Porém, a distância fez com que fundassem um próprio clube no Rio de Janeiro, para evitar a travessia, dando origem ao clube de São Januário.
O Gragoatá ainda foi Campeão Carioca de remo em 1900, 1904 e 1908 e a modalidade foi extinta do clube em 1963.
Fonte: O Fluminense.