domingo, 26 de maio de 2013

Entrevista com João Tomasini, Presidente da CBCa

João Tomasini contou uma pouco de sua história, que se confunde com a história da Canoagem no Brasil, ao nosso blog. Ele também fala das perspectivas da CBCa em relação aos Jogos Olímpicos de 2016.

ER: Tomasini, pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da Confederação Brasileira de Canoagem?
JT: Minha história vem desde o início da Canoagem no Brasil e se confunde um pouco com a própria história do esporte no país. Nos anos de 1975 e 1976 tive o início da minha prática esportiva na canoagem no interior do Rio Grande do Sul, época que comprei meu primeiro barco. Contudo, foi só em 1984 que aconteceram as primeiras competições no esporte. Em 1985 fui fundador e presidente da AECA em Estrela/RS. Em 03/05/1985 ocorreu a fundação da Associação Brasileira de Canoagem, durante a I Volta da Ilha de Vitória, em Vitória, ES, com a presença da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo eleito Presidente o Sr. Uwe Peter Kohnen. Em 1987, fundamos a FECERGS, onde fui eleito vice-presidente. Já em 30/04/1988 foi eleita e empossada a 2a Diretoria da ABC, tendo como Presidente o Sr. João Tomasini Schwertner. Em 18/03/1989  fundamos a Confederação Brasileira de Canoagem - CBCa, com a participação das Federações dos Estados da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Goiás, Mato Grosso do Sul e RioGrande do Sul. Em 1994 fui eleito membro continental do Board da Federação Internacional de Canoagem, e em 1998 fui eleito 2o. vice-presidente da entidade, cargo onde permaneci durante 10 anos, sendo o segundo não-europeu na história da FIC a fazer parte do Comitê Executivo. Em 2010 fui eleito 3o. vice-presidente da FIC, mesmo ano que fui eleito presidente da ConfederaçãoSul-americana de Canoagem (CoSurCa).

ER: Qual o panorama que você traça da Canoagem no Brasil hoje?
JT: Tanto na Canoagem Velocidade como na Canoagem Slalom temos bem definidos os planejamentos estratégicos que culminarão nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e, também, posteriormente, para 2020. Hoje trabalhamos ampliando as categorias de base do país por meio de projetos como o Meninos do Lago, em Foz do Iguaçu, com a parceria da Secretaria Nacional do Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, de universidades, institutos e prefeituras. Atualmente também estamos buscando parcerias com a Marinha e o Exército brasileiros. Além disso também estamos ampliando a participação dos atletas brasileiros de alto rendimento nos principais eventos do calendário oficial das modalidades.

ER: Quais as suas expectativas para Rio 2016? Há chances de medalhas?
JT: As melhores possíveis. Acreditamos que estamos nos preparando de uma forma nunca antes realizada com importantes apoiadores e que agora teremos reais condições que conquistar a medalha olímpica.

ER: Os governos federal, estadual e municipal têm feito alguma coisa para desenvolver a Canoagem por conta das Olimpíadas?
JT: Certamente, o apoio dos governos em todas as esferas é preponderante para o sucesso esportivo do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Programas como o Bolsa-Atleta do Governo Federal, os patrocínios obtidos por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte, os programas das bolsas estaduais, o apoio das universidades, institutos federais e prefeituras em eventos locais, enfim, toda a sinergia dessas forças juntamente com nosso trabalho de desenvolvimento do esporte certamente trará muitas vitórias para o esporte brasileiro como um todo.

ER: Há críticas por parte dos esportes em embarcações (Remo, Vela e mais recentemente Canoagem) em relação à estrutura das raias olímpicas de 2016: sujeira na Baía de Guanabara e Lagoa Rodrigo de Freitas, falta de espaço físico para guardar barcos e equipamentos e falta de estrutura para treinamentos. Como você vê esta questão? Dá para solucinar até 2016?
JT: A questão é preocupante no momento, mas a CBCa e a CBR, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e o Comitê Olímpico Brasileiro, estão sempre em busca de soluções para o Estádio de Remo da Lagoa, que certamente após as medidas que estamos estudando tomar se tornará um importante legado esportivo para a cidade e o Brasil. Acredito que sim, que conseguiremos solucionar todos os problemas até 2016.

ER: A Federação Internacional de Canoagem está ciente destes problemas? Ela tomoualguma ação perante eles?
JT: Sim, todos sabem e o fato discutido abertamente. Contudo, como disse antes, todos estão trabalhando para buscar as melhores soluções para o problema.

ER: Apesar de ser a cidade olímpica de 2016, o Rio de Janeiro não tem uma escolinha, equipe ou clube nas modalidades olímpicas de Canoagem. Por que esta falta de interesse no Rio?
JT: Temos atualmente clubes e escolas locais de canoagem que são importantes parceiros no desenvolvimento da canoagem como um todo na cidade, e não apenas as modalidades olímpicas e/ou paralímpicas. Porém, estamos implementando melhores condições de desenvolvimento desses locais econseqüentemente no crescimento da canoagem na região.

ER: O CR Flamengo, que investe em diversos esportes, tinha até 2012 seis canoístas da seleção brasileira, dentre eles alguns que até competiram em Londres 2012. O projeto da antiga diretoria do clube era de criar uma estrutura e escolinha ao lado de seu departamento de Remo na Lagoa Rodrigo de Freitas. Com a mudança de diretoria, o projeto foi abortado e o Flamengo saiu do esporte. Como a CBCa viu a saída do Flamengo do esporte? Faz falta à Canoagem ter clubes populares praticando o esporte sobretudo os de futebol?
JT: O CR Flamengo continua na Canoagem brasileira com cinco atletas vinculados ao clube carioca e que estão atualmente treinando junto à seleção brasileira no CT da modalidade em São Paulo.

ER: No último Campeonato Brasileiro de Canoagem de Velocidade, tivemos a estreia da maior potência olímpica do Brasil, o EC Pinheiros (SP). Qual o projeto do clube paulista e como a CBCa viu a entrada do Pinheiros na Canoagem?
JT: A inclusão do EC Pinheiros sob o patrocínio do BNDES foi uma grande conquista para a Canoagem brasileira. Contudo todos podem esperar que em breve teremos a inclusão de outros dois grandes clubes do esporte brasileiro.

ER: Por que apenas a Canoagem de Velocidade a Canoagem Slalom são olímpicas?
JT: Gostaríamos que tivessem mais modalidades, mas isto é critério definido pelo Comitê Olímpico Internacional.

ER: Em relação às provas disputadas em Londres 2012, haverá alguma mudança para Rio 2016?
JT: Isto está sendo discutido e em setembro teremos uma definição sobre o tema.

ER: Deseja deixar um recado final?
JT:Esperamos o apoio de toda a torcida brasileira pela canoagem, pois temos certeza que daremos muito orgulho ao povo do Brasil.

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