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sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Entrevista com Alexandre Badolato

Entrevistamos Alexandre Badolato, o homem por trás do ressurgimento da marca, das mesas e dos times de botão da Brianezi. Os botões de futmesa mais bonitos da história voltaram em 2020.


Conheça Alexandre Badolato e a Brianezi

ER: Como começou a Brianezi?
AB: A Brianezi foi fundada em 1972 por Paulo Brianezi. Ele tinha uma loja de sapatos e começou a fazer os botões no fundo da loja. Em 1972 a operação foi formalizada e a empresa foi aberta. Ano que vem vamos comemorar o Jubileu de Ouro da Brianezi, 50 anos de fundação.

ER: Por que a Brianezi parou de fabricar nos anos 80?
AB: A Brianezi interrompeu as atividades no ano 2000, após uma ação até certo ponto truculenta do então Clube dos 13 relacionada aos royalties pelo uso do escudo dos clubes.

Quando a Brianezi foi fundada ninguém falava em royalties, direitos de utilização de marcas de clubes de futebol, etc ... Esse assunto passou a ser trabalhado pelos clubes brasileiros principalmente a partir dos anos 90, com um combate forte à pirataria ... E na onda a pequena fábrica de times de botões entrou na mesma onda.

Para encerrar o processo a Brianezi assinou um acordo à época, pagando um pesada indenização e se comprometendo a não mais fabricar os times usando o escudo dos clubes. A partir daí a operação se inviabilizou.

ER: A ideia de voltar a fabricar surgiu de quem?
AB: Foi minha. Eu era apaixonado pelos Botões Brianezi desde 1978. Meses antes da Copa do Mundo da Argentina, meu pai trouze dois times Brianezi para casa e foi uma paixão avassaladora. Montei uma coleção e joguei muito no final dos anos 70 e maior parte dos anos 80. Parei e jogar no final dos anos 80 e empacotei meus botões.

Em 2016 eu me tive um problema sério de saúde, cujo tratamento levou cerca de dois anos ... Nesse período reencontrei meus botões que estavam empacotados há quase três décadas, e a paixão se reacendeu violentamente. Voltei a colecionar, procurar os Brianezi remanescentes como louco, E não me conformava de uma marca tão forte, que marcou a vida de tanta gente, simplesmente desaparecer. Não fazia sentido aquilo.

Passei então a tentar encontrar o Lúcio Brianezi, que tocou a operação desde 1978 até 2000, assumindo a fábrica após a morte do pai e fundador Paulo. O Lúcio havia se afastado completamente do mundo do botão, ninguém que eu conhecia sabia dele. Até que uma certa noite de 2019 o Lúcio apareceu em uma das ligas de São Paulo com dois times de botão para jogar. Um dos amigos que eu havia demonstrado meu interesse em encontrar o Lúcio estava lá e, a partir daí, a Brianezi começou a renascer. Assinamos o retorno da Brianezi na véspera de Natal de 2019. Dois meses e meio depois estourava a pandemia ...

ER: Não é arriscado voltar a fabricar num momento de crise econômica, crise financeira e também crise no futebol de botão?
AB:Vou ser totalmente transparente e direto aqui ... A Brianezi é deficitária, dá prejuízo. O processo de aplicação dos decalques e pintura, bem como a confecção dos goleiros e das bolinhas é totalmente manual ... Para a conta fechar os times deveriam custar quase o dobro do que custam hoje.

Mas o objetivo da volta da Brianezi nunca foi financeiro, mas sim o prazer de ver as lendárias caixinhas azuis de volta ao mercado.

Hoje a Brianezi está dentro de uma holding que abriga outras empresas de segmentos diversos e, por isso, ela consegue sobreviver mesmo sendo deficitária.

Obviamente uma operação não pode ser deficitária para sempre, isso não se sustenta. A expectativa é que os volumes cresçam mês a mês, melhorando nossa escala e resultados.

Mas não posso deixar de citar que a volta da Brianezi deu ocupação e renda para muita gente na pandemia. No pior momento da doença pelo menos 15 pessoas que estavam desempregadas passaram a ter uma renda aplicando decalques e pintando botões em casa. Montamos uma logística que os prestadores recebiam treinamento e depois recolhiam os kits, levavam para casa e devolviam com os decalques aplicados retirando um novo kit para dar sequência ao trabalho. Acho que só isso já valeu o investimento que fizemos.

ER: Quantos botões a Brianezi fabrica e vende atualmente?
AB: Uma média de 600 times por mês. São 6000 novos pequenos atletas criados por mês.

ER: FIFA e outros games são os maiores inimigos do botão?
AB: Acho que não.

Obviamente quando os games de futebol passaram a ser mais realistas, a criançada ficou encantada ...

Hoje ninguém mais se impacta com o realismo absurdo, virou coisa comum. Não vejo muitas crianças jogando FIFA ou similares, isso é coisa de gente mais velha. Criança hoje joga Fortnite, Roblox, Minecraft e coleciona cartas Pokemon. Ah, e assiste a horas e horas de YouTube e TikTok.

Acho que o maior inimigo do botão é o abismo que ficou entre o jogo e as gerações mais novas. A Brianezi, por exemplo, pulou uma geração. É comum escutarmos clientes super felizes com o retorno da marca para passar amor pelo botão não para os filhos, mas para os netos ! Perdemos uma geração. A maioria das crianças nem sabe o que é botão, e quando sabe é porque em algum momento ganhou um time daqueles mais vagabundos como brinde em alguma festinha, isso não seduz ninguém.

ER: As crianças e adolescentes têm comprado brianezi?
AB: Não, diretamente não. Mas estão voltando a ter contato com eles através dos pais e avós que não querem deixar essa história morrer.

ER: As federações de futmesa têm suas regras oficiais (dadinho, disco, bola 3 toques, bola 12 toques, etc). É possível reconhecer a Brianezi como botão oficial e criar a regra Brianezi?
AB: Não queremos criar regra nenhuma. Acho que uma das coisas que atrapalha o crescimento do botão é essa miríade de regras pelo Brasil. Mas enfiar uma régua goela abaixo é pior ainda. Acho que cada um tem que testar os botões e ver se atende à sua regra de preferência. Eu pessoalmente só joguei bola 12 toques.

ER: Você tem um time favorito de futebol? E um time da Brianezi que você mais gosta?
AB:A Brianezi é meio palmeirense de nascença ... kkkk .. O Paulo Brianezi era palmeirense, o Lucio é palmeirense, eu sou palmeirense ... Curiosamente não fazemos os times do Palmeiras ... kkkk ... Ainda não conseguimos a autorização / fazer o processo de licenciamento do Palmeiras.

Meus times favoritos dessa nova geração são as seleções da Austrália em verde e branco, o Brasil e azul e todas as seleções novas, aquelas que a Brianezi não fez nos anos 70 e 80. Algumas nem existiam né ? Como as ex- republicas soviéticas como a Letônia, Estônia, Ucrânia, Armênia ... 

Os clubes brasileiros que nos autorizaram são times que eu tenho um afeto enorme. Foram clubes que entenderam a nossa missão e nos autorizaram a usar as marcas e escudo. Muito obrigado a todos eles!

ER: A Brianezi fabricava botões para outros esportes nos anos 70, como handebol e futsal. Ela vai voltar a fazer botões e mesas para estes esportes?
AB: Vamos voltar com o basquete também, já fizemos até umas mesas “double-face” de teste, futebol de um lado, basquete de outro.

O que pouca gente sabe é que a bola de basquete é maior que a de futebol. A bola é confeccionada da mesma forma, porém maior. Com a bola maior o botão bate mais embaixo dela e faz a bola subir.

Com relação ao basquete existe uma questão ainda a resolver. A Brianezi fez jogos de basquete de botão desde 1972. Na nossa sede atual temos um quadro enorme de uma foto de um jogo de basquete tirada em 1976. Porém tivemos a informação de que anos atrás outra pessoa desenvolveu um jogo de basquete de botão e pediu a patente. Ainda temos que entender o que essa patente cobre para não termos dores de cabeça.

ER: Quais os clubes e quais as seleções mais vendidos da velha fase? E da nova fase?
AB: Na fase antiga os clubes mais vendidos foram Corinthians, Flamengo e Palmeiras. As seleções do Brasil, Argentina, Itália e Alemanha.

Na fase atual os clubes vendem mais ou menos as mesmas quantidades. Quando lançamos um novo vende bem, como recentemente o Olaria e São Cristóvão do RJ. O perfil do comprador hoje é outro, é majoritariamente colecionador. Ou seja, quando tem novidades ele não quer ficar sem.

Já com relação às seleções na fase atual tem uma situação bem curiosa. A seleção que mais vendemos, disparado, é o Uruguai. No início da operação quando a produção era menor, chegou a dar briga por causa do Uruguai.

ER: Quantos clubes e quantas seleções já foram feitos pela Brianezi desde sua fundação?
AB: Puts, essa pergunta é quase impossível de se responder ... Explico ...

No tradicional catalogo verde dos anos 70 e 80 são quase 300 times. Porém, nos anos 90, com o advento da internet e das impressões a cor, a Brianezi fez quase todos os times do mundo. Houve um caso de uma encomenda de 1000 times diferentes, o cliente encomendou todos os times de todos os campeonatos nacionais do mundo. Uma loucura!

ER: Vem aí alguma novidade para os fãs da Brianezi?
AB: Sim, sempre. Nos próximos 30 dias vamos lança a linha flex, com botões flexíveis termoformados em acetato, praticamente idênticos aos da época mais festejada da Brianezi.

Para o ano que vem vamos soltar uma edição comemorativa limitada dos 50 anos da Brianezi, depois uma coleção da Copa do Catar.

Além disso sempre temos conversas com clubes para termos a autorização para produzir os times, ou seja, sempre temos alguma novidade. Semanalmente colocamos um vídeo com as novidades no canal do YouTube da Brianezi. Confiram lá.



Leitura Complementar

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Entrevista com Kleber Monteiro

Da lama à grama
Kleber Monteiro é escritor, professor de biologia e acompanha o futebol do Rio de Janeiro em suas divisões mais profundas. Se isso já não fosse muito, nosso entrevistado está "ressucitando" antigos clubes pequenos do Rio de Janeiro, que muitos nunca ouviram falar.


Esporte Rio Conversa com Kleber Monteiro

ER: Gostaria de começar esta entrevista pedindo que você conte aos leitores, quem é Kleber Monteiro?
KM: Um professor de biologia do estado do Rio de Janeiro apaixonado por futebol.

ER: Como surgiu esta paixão pelo futebol obscuro do Rio de Janeiro?
KM: Cresci vendo o meu tricolor jogando contra clubes tradicionais de bairros.

ER: A ideia do livro "Da Lama à Grama" surgiu como?
KM: A ideia era justamente tentar resgatar os clubes de menor expressão e mostrar sua importância no futebol carioca.

ER: Qual o momento mais marcante de suas andanças pelos alçapões do Rio de Janeiro?
KM: Muitas situações inusitadas. Estádios sem infraestrutura, viagens longas por locais que muitos nem sabem que existem.

ER: O que seus amigos falam quando você conta que vai se deslocar ao estádio tal para ver uma "pelada"?
KM: Que sou louco.

ER: Fluminense é seu primeiro time, certo? Qual é o time pequeno que você mais gosta?
KM: Simpatia absurda pelo Bonsucesso.

ER: Você prefere assistir a uma final de Mundial entre Fluminense e Real Madrid ou a um jogo da primeira rodada da 5ª divisão do Rio de Janeiro entre Bela Vista e Atlético Carioca?
KM: O Fluminense está acima de tudo na minha vida. Mas a emoção de ver um jogo contra o Real Madrid e Madureira é igual. Não vejo adversário. O que importa é vencer não importando a quem.

ER: Dos times pequenos do presente, você mudou seu foco para os times pequenos do passado. Como foi isso?
KM: O meu segundo livro é sobre o Andarahy A.C. já sabia que o clube era histórico, mas quando comecei a pesquisar e escrever sobre o clube, descobri que a agremiação tem uma história MUITO maior que eu esperava. Me apaixonei pelo Andarahy!

ER: Seu instagram se chama Andarahy Eterno. Que paixão é esta pelo Andarahy?
KM: Uma nova paixão futebolística.

ER: O America adquiriu o Andarahy há muitos anos. Você tem um carinho pelo America?
KM: Tenho um respeito absurdo pelo America F.C. que inclusive está muito presente no meu novo livro. Lamento e torço pela reestruturação do clube.

ER: Você já lançou as camisas do Andarahy, Cattete, Hellênico e Tijuca FC. Qual a próxima? Sugerimos a do Manufatora, de Niterói.
KM: A próxima será o Palmeiras de São Cristóvão. A ideia é lançar uma camisa com um livreto explicativo todo mês.

ER: Pode nos dar uma ideia do volume de vendas de cada camisa destas?
KM: A do Andarahy vende bastante, sem dúvida é o "carro chefe" dessa febre. A do Hellênico é linda pela coloração, a do Cattete F.C vem com o livreto da campanha de 1917 (campeão da segundona) e homenagem a um player chamado René Raffin com o nome nas costas e o Tijuca F.C por ser um clube desconhecido de todos e por ser do bairro mais carismático do RJ.

ER: Qual o canal para comprarmos teu livro e tuas camisas?
KM: Diretamente pelo zap (21) 997915589. O livro Da Lama à Grama terá a segunda edição em breve e as pessoas já podem inclusive reservar. Garanto ser um livraço!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Flamengo Monta Estrutura para Canoagem de Velocidade na Gávea

O Flamengo já disputou mais de 50 modalidades esportivas (olímpicas ou não) ao longo de seus 120 anos de história. Pela primeira vez nestes anos todos, o Flamengo está construindo uma estrutura permanente de Canoagem de Velocidade em sua sede poli-esportiva na Gávea.

A estruturação da Canoagem do Flamengo é um sonho de alguns anos atrás do Flamengo que agora está se tornando realidade. Nos anos 80, o Flamengo chegou a ter um ou dois remadores praticando Canoagem na Lagoa Rodrigo de Freitas. Era mais por diversão do que por competição. Em 2010, a Presidente Patrícia Amorim contratou diversos atletas da seleção brasileira mas sem estrutura na sede do clube eles treinavam no Paraná.

A partir de 2016, o Flamengo terá canoas, caiaques, remos e equipamentos próprios e até escolinha na Gávea. Os atletas contratados morarão no Rio de Janeiro e treinarão no clube.

Quem vai comandar a Canoagem do Flamengo é o supervisor técnico do Departamento de Remo e Canoagem, Edson Figueiredo, com quem o Esporte Rio conversou. O técnico da seleção brasileira Pedro Sena deverá ser anunciado a qualquer momento.


Entrevista com Edson Figueiredo

ER: Quem está à frente do departamento de Canoagem do Flamengo?
EF: A canoagem será liderada pelo Supervisor Técnico do Departamento de Remo e Canoagem, o Edson Figueiredo, subordinada ao Diretor Executivo de Esportes Olímpicos, Marcelo Vido, e ao Vice-Presidente de Remo, Gerson Biscotto. O treinador que está sendo contratado pelo Flamengo é o Prof. Pedro Sena, que também faz parte do corpo técnico da Seleção Brasileira.

ER: A partir de 2016, o Flamengo terá escolinha na Gávea?
EF: Sim, ainda em fase de estruturação. Informaremos nos canais oficiais do clube quando o projeto tiver data de início.

ER: Qual a estrutura na Gávea para a Canoagem?
EF: A sede náutica do Flamengo terá estrutura completa para a canoagem.

ER: O Flamengo comprou canoas, caiaques e remos?
EF: Estamos aguardando pregão eletrônico via Confederação Brasileira de Clubes (CBC) para recebermos os novos barcos e remos.

ER: Os treinos serão na Lagoa Rodrigo de Freitas?
EF: Sim.

ER: Ao longo de sua história, o Flamengo teve quase todas as modalidades olímpicas. Uma das que ficaram de fora foi a Canoagem. Havia muita resistência por parte dos remadores que viam nos canoístas uma concorrência e uma ameaça que poderia "tirar alunos" do remo. Como está a relação entre Remo e Canoagem hoje?
EF: Hoje não existe resistência alguma, como jamais deveria ter existido. Acredito que se assim houve foi por falta de habilidade nas gestões da época para promover o entrosamento entre as duas modalidades. Remo e canoagem tem de ter entrosamento perfeito. Assim é e desejamos que sempre seja.

ER: Além da escolinha, o Flamengo vai contratar nomes de peso para montar uma equipe adulta?
EF: O clube montará equipe forte e competitiva caso tenha apoio da iniciativa privada. Do contrário, ira fomentar a base com a formação de novos valores.

ER: A Canoagem do Flamengo foi montada em 2010 pela então presidente Patrícia Amorim. Os canoístas contratados, a maioria da seleção brasileira, treinavam no Paraná e nunca vinham à Gávea. Desta vez será diferente?
EF: Caso o clube contrate atletas de elite (vide resposta anterior) eles treinarão na Lagoa Rodrigo de Freitas.

ER: O atual Presidente Eduardo Bandeira de Mello chegou a encerrar as atividades da Canoagem em 2014, quando dispensou todos os atletas. Por que o clube voltou atrás na Canoagem?
EF: As dispensas ocorreram anteriormente a 2014, por razões de reestruturação do clube. Esse processo de reestruturação se mantém, principalmente neste departamento.

ER: De 2010 para cá, o Flamengo obteve os seguintes resultados no Campeonato Brasileiro: 17º em 2010; 6º em 2011; 7º em 2012; 17º em 2013; não participou em 2014; 35º em 2015. Qual o objetivo a curto, médio e longo prazo?
EF: Formação de novos talentos participando de competições de canoa e caiaque.

ER? Última pergunta: a Canoagem tem diversas modalidades sendo aque apenas a de Velocidade e a Slalom são olímpicas. O Flamengo terá além da Canoagem de Velocidade alguma outra modalidade?
EF: Esta resposta esta diretamente ligada ao aporte de um patrocinador para a canoagem. Caso não haja, teremos Escola de Canoagem, competiremos em caiaque e canoa.”

Espera-se dias melhores para a Canoagem do Rio de Janeiro, que tem algumas equipes no interior, como Angra dos Reis, Cabo Frio e Macaé mas que a Federação de Canoagem do Estado do Rio de Janeiro ainda não conseguiu organizar um Campeonato Estadual.

A foto acima é de 2012.

domingo, 2 de junho de 2013

Entrevista com Francisco Alegria

Entrevista com Francisco AlegriaFranciso Alegria está à frente do excelente trabalho realizado nas categorias de base do Voleibol do Fluminense. Nesta entrevista ele também nos conta sobre as perspectivas do voleibol adulto no clube.

A foto é de Bruno Haddad/Divulgação FFC.
 

ER: Qual o objetivo do Fluminense para com o Vôlei do clube?
FA: Oferecer aos atletas e à sociedade a melhor formação de base possível, seja na área técnica, seja em sua formação pessoal. Mantendo sua tradição no esporte, visa também formar equipes competitivas que possam representar e engrandecer o nosso clube, cidade e país.

ER: Nos últimos cinco anos, o Fluminense se tornou o maior campeão do estado nas categorias de base. Qual o segredo do sucesso?
FA: Uma boa estrutura de trabalho, aliada à uma excelente comissão técnica que conta com total apoio e independência na condução da área técnica, que procuram uma constante atualização sejam em cursos de capacitação, experiências com trabalhos em equipes de alto rendimento e seleções Regionais e Brasileiras, profissionais estes com mais de 10 anos no clube. Todos esses conjuntos contribuem para auxiliar no desenvolvimento de nossos excelentes atletas, verdadeiros responsáveis pelo sucesso e patrimônio maior de nosso clube.

ER: Além do ginásio, qual a estrutura que o clube oferece aos atletas e técnicos do esporte?
FA: Temos também a quadra lateral para treinos técnicos e táticos. Além disso, contamos com uma academia de ginástica com preparação física específica para os atletas com mais de 14 anos. Contamos com um excelente departamento médico, com fisioterapia, nutrição e psicologia.

ER: Quantos atletas em todas as categorias o clube tem hoje? E quantos alunos na escolinha?
FA: Temos hoje 140 atletas nas 8 categorias - Mirim, Infantil, Infanto e Juvenil - masculino e feminino. Contamos também com 12 profissionais entre técnicos, assistentes e preparadores físicos. Contamos ainda com centenas de alunos de escolinha, nos turnos da manhã e da tarde.

ER: O que acontece com os atletas que estouram a idade da categoria juvenil?
FA: Dentro da visão de formar, procuramos contribuir na busca de parceiros para a continuidade de suas atividades em equipe que estão disputando o adulto, no vôlei nacional e internacional, como as irmãs Michele e Monique Pavão, Camila Adão, Fernanda Berti, Verônica, Jardel, Juliana Perdigão, Carol Freitas, Gabiru, Túlio, Marcela Correa, Mara, Juliana Paes e tantas outras.

ER: Você acha que falta uma competição adulta para manter os clubes que não disputam a Superliga em atividade no primeiro semestre?
FA: O calendário esta sendo debatido pelas equipes que estão disputando a Superliga e que tem altíssima competência, visando compatibilizar o calendário das competições e da Seleção Brasileira.

ER: O Fluminense conseguiu um patrocinador para a disputa do Estadual Adulto Feminino do ano passado. Será que vai conseguir de novo para 2013?
FA: Estamos buscando parceiros para viabilizar a participação do Fluminense nos Estaduais Adulto Masculino e Feminino além de torneios regionais. Bem como elaborando projetos de incentivos fiscais, federal e estadual, para em breve, assim que possamos contar com as certidões negativas de tributos, melhorar as estruturas e formação de novos atletas.

ER: O Fluminense é um clube de massa e que não vence o Estadual Adulto há muitos anos (33 anos no masculino e 16 no feminino). É possível superar as equipes profissionais da Superliga?
FA: Sim, tanto pela tradição, estrutura e conhecimento técnico, porem seria necessário a parceria com um patrocinador forte, a fim de poder arcar com as elevadas despesas na formação da equipe.

ER: Por que o Fluminense não consegue um patrocinador para ter uma equipe adulta na Superliga?
FA: Ultimamente os grandes patrocinadores, e de forma competente, têm preferido montar as suas próprias equipes a se juntar com clubes tradicionais no esporte, principalmente de futebol. Esta solução talvez seja por culpa de administrações passadas que não tiveram grande êxito e clareza na condução da parceria. Porém aos poucos os patrocinadores têm entendido as novas condutas dos clubes e de seus administradores em sua transparência e procurando oferecer ao investidor uma maior gerência na condução do projeto.

ER: Deseja deixar um recado final?
FA: Parabenizar pela iniciativa de divulgar e incentivar o esporte olímpico.

domingo, 26 de maio de 2013

Entrevista com João Tomasini, Presidente da CBCa

João Tomasini contou uma pouco de sua história, que se confunde com a história da Canoagem no Brasil, ao nosso blog. Ele também fala das perspectivas da CBCa em relação aos Jogos Olímpicos de 2016.

ER: Tomasini, pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da Confederação Brasileira de Canoagem?
JT: Minha história vem desde o início da Canoagem no Brasil e se confunde um pouco com a própria história do esporte no país. Nos anos de 1975 e 1976 tive o início da minha prática esportiva na canoagem no interior do Rio Grande do Sul, época que comprei meu primeiro barco. Contudo, foi só em 1984 que aconteceram as primeiras competições no esporte. Em 1985 fui fundador e presidente da AECA em Estrela/RS. Em 03/05/1985 ocorreu a fundação da Associação Brasileira de Canoagem, durante a I Volta da Ilha de Vitória, em Vitória, ES, com a presença da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, sendo eleito Presidente o Sr. Uwe Peter Kohnen. Em 1987, fundamos a FECERGS, onde fui eleito vice-presidente. Já em 30/04/1988 foi eleita e empossada a 2a Diretoria da ABC, tendo como Presidente o Sr. João Tomasini Schwertner. Em 18/03/1989  fundamos a Confederação Brasileira de Canoagem - CBCa, com a participação das Federações dos Estados da Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Brasília, Goiás, Mato Grosso do Sul e RioGrande do Sul. Em 1994 fui eleito membro continental do Board da Federação Internacional de Canoagem, e em 1998 fui eleito 2o. vice-presidente da entidade, cargo onde permaneci durante 10 anos, sendo o segundo não-europeu na história da FIC a fazer parte do Comitê Executivo. Em 2010 fui eleito 3o. vice-presidente da FIC, mesmo ano que fui eleito presidente da ConfederaçãoSul-americana de Canoagem (CoSurCa).

ER: Qual o panorama que você traça da Canoagem no Brasil hoje?
JT: Tanto na Canoagem Velocidade como na Canoagem Slalom temos bem definidos os planejamentos estratégicos que culminarão nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e, também, posteriormente, para 2020. Hoje trabalhamos ampliando as categorias de base do país por meio de projetos como o Meninos do Lago, em Foz do Iguaçu, com a parceria da Secretaria Nacional do Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, de universidades, institutos e prefeituras. Atualmente também estamos buscando parcerias com a Marinha e o Exército brasileiros. Além disso também estamos ampliando a participação dos atletas brasileiros de alto rendimento nos principais eventos do calendário oficial das modalidades.

ER: Quais as suas expectativas para Rio 2016? Há chances de medalhas?
JT: As melhores possíveis. Acreditamos que estamos nos preparando de uma forma nunca antes realizada com importantes apoiadores e que agora teremos reais condições que conquistar a medalha olímpica.

ER: Os governos federal, estadual e municipal têm feito alguma coisa para desenvolver a Canoagem por conta das Olimpíadas?
JT: Certamente, o apoio dos governos em todas as esferas é preponderante para o sucesso esportivo do Brasil nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Programas como o Bolsa-Atleta do Governo Federal, os patrocínios obtidos por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Ministério do Esporte, os programas das bolsas estaduais, o apoio das universidades, institutos federais e prefeituras em eventos locais, enfim, toda a sinergia dessas forças juntamente com nosso trabalho de desenvolvimento do esporte certamente trará muitas vitórias para o esporte brasileiro como um todo.

ER: Há críticas por parte dos esportes em embarcações (Remo, Vela e mais recentemente Canoagem) em relação à estrutura das raias olímpicas de 2016: sujeira na Baía de Guanabara e Lagoa Rodrigo de Freitas, falta de espaço físico para guardar barcos e equipamentos e falta de estrutura para treinamentos. Como você vê esta questão? Dá para solucinar até 2016?
JT: A questão é preocupante no momento, mas a CBCa e a CBR, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e o Comitê Olímpico Brasileiro, estão sempre em busca de soluções para o Estádio de Remo da Lagoa, que certamente após as medidas que estamos estudando tomar se tornará um importante legado esportivo para a cidade e o Brasil. Acredito que sim, que conseguiremos solucionar todos os problemas até 2016.

ER: A Federação Internacional de Canoagem está ciente destes problemas? Ela tomoualguma ação perante eles?
JT: Sim, todos sabem e o fato discutido abertamente. Contudo, como disse antes, todos estão trabalhando para buscar as melhores soluções para o problema.

ER: Apesar de ser a cidade olímpica de 2016, o Rio de Janeiro não tem uma escolinha, equipe ou clube nas modalidades olímpicas de Canoagem. Por que esta falta de interesse no Rio?
JT: Temos atualmente clubes e escolas locais de canoagem que são importantes parceiros no desenvolvimento da canoagem como um todo na cidade, e não apenas as modalidades olímpicas e/ou paralímpicas. Porém, estamos implementando melhores condições de desenvolvimento desses locais econseqüentemente no crescimento da canoagem na região.

ER: O CR Flamengo, que investe em diversos esportes, tinha até 2012 seis canoístas da seleção brasileira, dentre eles alguns que até competiram em Londres 2012. O projeto da antiga diretoria do clube era de criar uma estrutura e escolinha ao lado de seu departamento de Remo na Lagoa Rodrigo de Freitas. Com a mudança de diretoria, o projeto foi abortado e o Flamengo saiu do esporte. Como a CBCa viu a saída do Flamengo do esporte? Faz falta à Canoagem ter clubes populares praticando o esporte sobretudo os de futebol?
JT: O CR Flamengo continua na Canoagem brasileira com cinco atletas vinculados ao clube carioca e que estão atualmente treinando junto à seleção brasileira no CT da modalidade em São Paulo.

ER: No último Campeonato Brasileiro de Canoagem de Velocidade, tivemos a estreia da maior potência olímpica do Brasil, o EC Pinheiros (SP). Qual o projeto do clube paulista e como a CBCa viu a entrada do Pinheiros na Canoagem?
JT: A inclusão do EC Pinheiros sob o patrocínio do BNDES foi uma grande conquista para a Canoagem brasileira. Contudo todos podem esperar que em breve teremos a inclusão de outros dois grandes clubes do esporte brasileiro.

ER: Por que apenas a Canoagem de Velocidade a Canoagem Slalom são olímpicas?
JT: Gostaríamos que tivessem mais modalidades, mas isto é critério definido pelo Comitê Olímpico Internacional.

ER: Em relação às provas disputadas em Londres 2012, haverá alguma mudança para Rio 2016?
JT: Isto está sendo discutido e em setembro teremos uma definição sobre o tema.

ER: Deseja deixar um recado final?
JT:Esperamos o apoio de toda a torcida brasileira pela canoagem, pois temos certeza que daremos muito orgulho ao povo do Brasil.

domingo, 5 de maio de 2013

Entrevista com Carlos Alberto Lancetta, Presidente da FARJ

Carlos Alberto Lancetta foi muito franco nesta entrevista. Critica dirigentes e clubes que fizeram Botafogo, Flamengo e Fluminense largarem o Atletismo; e critica políticos que querem a demolição do Estádio Célio de Barros. Também critica o continuísmo político em federações e confederações esportivas. Leia abaixo.

ER: Pode nos contar um pouco de sua tragetória até assumir a presidência da Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro?
CAL: Fui atleta de 1962 à 1972. Competi pelo Bangu Atlético Clube, pelo Botafogo de Futebol e Regatas e pelo Grêmio Esportivo Arte e Instrução, onde comecei a minha carreira de técnico após ter concluído o curso de Educação Física. Participei como técnico olímpico em Montreal 1976 e Moscou 1980. Participei ainda de três Campeonatos Mundiais (Düsseldorf 1977, Cidade do México 1979 e Roma 1981), além de participar também como técnico brasileiro em três Universíades (Sófia 1977, Cidade do México 1979 e Bucareste 1981). Ainda como terinador fui heptacampeão brasileiro como técnico chefe da equipe da A. A. U. Gama Filho. Assumi a presidência da FARJ em Janeiro de 2005 e atualmente estou iniciando o terceiro e último mandato porque sou radicalmente contra o continuísmo nas entidades de administração esportiva.

ER: Como você vê hoje o Atletismo no Rio? 
CAL: Vejo-o em estado desesperador. Os governos federal, estadual e municipal não entendem absolutamente nada sobre políticas públicas para o esporte. O maior exemplo disto é a demolição do único estádio de atletismo do nosso estado (estádio Célio de Barros) e a impossibilidade de utilização do estádio Olímpico João Havelange para a prática do Atletismo.

ER: Quase não se houve falar em Atletismo no interior do estado. Há pistas no interior? Como é o desenvolvimento dos atletas no interior? 
CAL: São muito poucas. A FARJ, através do Projeto Circuito Fluminense de Corrida Rústica e Caminhada, tenta levar o atletismo à cidades do interior do nosso estado. Estamos na terceira edição do projeto. No primeiro momento beneficiamos dez cidades do interior, no segundo momento doze cidades e este ano pretendemos finalizar atendendo a quinze cidades do interior. De que consta o projeto? De capacitação dos professores da municipalidade; de competição de crianças da rede municipal; de caminhada para pessoas da 3ª idade; de Corrida Rústica para toda a população local e entorno.
ER: Há muitos corredores de rua no Rio de Janeiro mas a grande maioria é amadora. Como levar os jovens corredores para o esporte? 
CAL: Através de iniciativas voltadas para a prática do atletismo através das unidades escolares. A prática de todos os esportes começa nas escolas.

ER: Há algum saudosismo da época em que os clubes de futebol eram fortes no esporte? 
CAL: Sim. Eu mesmo sou produto disto. Comecei no Bangu e competi durante quase 10 anos pelo Botafogo de Futebol e Regatas, que me propiciou bolsa de estudo, assistência médica, odontológica e pequena ajuda financeira.
ER: O Atletismo é o esporte que mais dá medalhas olímpicas. Mesmo assim, os chamados clubes olímpicos do Rio, abandonaram o Atletismo para investir em outros esportes que dão menos ouros. Referimo-nos principalmente aos clubes de futebol e ao Tijuca Tênis Clube. Como a FARJ vê isso?
CAL: A FARJ foi fundada em 1938 e tem como clubes fundadores o Vasco da Gama, Botafogo, Flamengo, Fluminense e o América, todos times de camisa e lamentavelmente hoje, só o Clube de Regatas do Vasco da Gama se mantém filiado.

ER: Existe algum projeto de trazer Botafogo, Flamengo e Fluminense de volta ao esporte? Há conversas com os dirigentes destes clubes? 
CAL: Não, pelo contrário. O Botafogo de Futebol e Regatas se desfiliou na gestão do presidente Bebeto de Freitas; o Flamengo na gestão da presidente Patrícia Amorim; e o Fluminense na gestão do esporte amador do professor René Machado. Todos estes são oriundos do esporte amador e conhecem profundamente a necessidade de apoio técnico e financeiro ao esporte de base que tem em disputa nos Jogos Olímpicos 141 medalhas.  
ER: O Vasco da Gama tem um projeto de construir uma Arena em Sâo Januário, o Flamengo quer revitalizar toda sua sede na Gávea e o Fluminense estuda projetos sobre o que fazer com seu estádio de futebol depois que seu Centro de Treinamento ficar pronto. A FARJ está atenta a estas mudanças? Perguntamos isso, pois seria uma forma das pistas de atletismo serem reconstruídas nestas clubes...
CAL: Estamos atentos a tudo que se refere ao atletismo, porém descrentes com os nossos dirigentes e políticos e desportivos (COB e CBAt).
ER: Após os Jogos Pan-Americanos de 2007, o Botafogo arrendou o Engenhão e praticamente fechou as instalações de Atletismo para atletas. A FARJ solicitou e solicita as instalações do Botafogo para treino dos atletas ou nunca houve esta tentativa?
CAL: Sim, na época o então prefeito César Maia ofereceu à CBAt, para a instalação de um Centro Nacional de Treinamento, a pista externa do Engenhão, e na ocasião o então presidente da CBAt, Roberto Gesta de Melo, disse a ele que não havia interesse por falta de recursos financeiros para a manutenção. Pasmem: na ocasião, na confederação circulavam recursos em torno de R$ 18 milhões por ano!

ER: Quando o Botafogo alugou o Engenhão, houve um movimento interno do clube e até externo para que o Botafogo votasse a ter escolinha e time de Atletismo mas não foi para frente. O clube alegou que seria muito custoso. Contratar técnicos e professores já tendo todo o material de treinamento é tão caro assim?
CAL: Sim, mas lamentavelmente, tanto o presidente Bebeto de Freitas, como o presidente Mauricio Assumpção,  não deram a devida atenção aos pedidos do Departamento de Esporte Amador do Clube. Participamos de algumas reuniões com os dirigentes anteriores e mais recentemente com o professor Miguel Ângelo da Luz.

ER: Quem se destaca no Atletismo do Rio acaba se transferindo para São Paulo para equipes com patrocinadores mais fortes que brigam pelo título do Troféu Brasil. O que se pode fazer para manter estes atletas no Rio? 

CAL: Sim, o Rio de Janeiro é sem dúvida o maior celeiro de atletas de velocidade e saltos do nosso país. Porém aqui não temos as condições necessárias para mantê-los. Lei da oferta e da procura. Quem dá mais leva o atleta de melhor qualidade.

12) A Prefeitura do Rio promete construir um novo estádio de Atletismo no lugar do Célio de Barros. A FARJ acredita nisso? No caso do Autódromo, até hoje a nova pista não saiu do papel e a antiga foi demolida... 
CAL: Não acredito em nada que seja prometido pelos governantes atuais. O nosso governador Sergio Cabral prometeu-nos que o Célio de Barros não seria demolido para posteriormente afirmar que se isso acontecesse primeiramente seria construído um novo estádio e agora surpreendentemente o secretário da Casa Civil, Régis Fischer, disse que a empresa vencedora da licitação do Maracanã se obrigará a construir o novo estádio num prazo de 30 meses. Portanto, somente em março de 2016 é que teremos supostamente um espaço para treinamento e competições na cidade Olímpica do Rio de Janeiro. Parabéns aos nobres governantes pelo arrojado planejamento estratégico elaborado para o esporte de nossa cidade. Parabéns também ao COB e à CBAt pela conivência de aceitar passivamente tamanho absurdo.  
 
ER: Existe alguma chance do Célio de Barros ser poupado? 
CAL: A única chance prometida pelo secretário da Casa Civil Regis Fischer, através do atual secretário de Esporte e Lazer André Lazaroni, é que possamos retirar todo o nosso material de treinamento e competição antes de que o estádio seja implodido (cabe ressaltar que possuímos no interior do Célio de Barros equipamentos com valor estimado de aproximadamente 1 milhão de reais, adquiridos pelo governo federal por ocasião do Pan-americano de 2007, que foram repassados pelo COB à CBAt e que eu Carlos Alberto Lancetta – presidente da FARJ - sou o fiel depositário).
ER: Como é a relação da FARJ com a Confederação Brasileira de Atletismo? 
CAL: Atualmente muito boa. De janeiro para cá, porém sempre fiz questão de ser oposição aos 27 anos de ditadura do então antigo presidente. Sou radicalmente contrário ao nepotismo, ao corporativismo e a favorecimentos outros que sempre resultavam no aliciamento das  federações nas assembléias promovidas pela confederação. Por tudo isso nunca fiz parte do clã (feudo) governante, embora tenha sido treinador olímpico, atleta de destaque e administrador esportivo com sucesso.
ER: Os governos Federal, Estadual e Municipal, têm feito algo pelo Atletismo do Rio visando as Olimpíadas de 2016?
CAL: Não, absolutamente nada. E o exemplo disso é o tratamento que está sendo dado ao atletismo no primeiro ano do ciclo olímpico para 2016.
ER: Deseja deixar um recado final?
CAL: Lamentar que infelizmente faremos festa, no atletismo, para que atletas de outros países sejam beneficiados através de conquistas nas competições que terão em disputa 141 medalhas olímpicas.

domingo, 28 de abril de 2013

Entrevista com João Garrido, Administrador do Botafogo FA

Confira a entrevista com João Garrido, um dos administradores de Futebol Americano do Botafogo FR, que vai disputar o Torneio Touchdown no segundo semestre deste ano.  Ele é responsável pela relação entre o time e o Botafogo FR.

ER: Pode nos contar um pouco de sua tragetória até assumir a diretoria do futebol americano do Botafogo?
JG: Meu primeiro contato com o futebol americano foi aos 13 anos de idade, em uma equipe de praia, Falcões. O resultado não podia ser diferente, me apaixonei pelo esporte. Como jogador, fiz parte de grandes grupos e acompanhei de perto seu crescimento, ajudando dentro e fora de campo. Fui também convocado para a Seleção Brasileira e para a Seleção Carioca Sub19, além de ter sido eleito "Most Valuable Player" - MVP (melhor jogador) do campeonato mais tradicional das praias do Rio de Janeiro (Saquarema Bowl), Entre outros fatos importantes. O time de grama Botafogo Futebol Americano foi fundado por Ivan Franklin, fundador do Mamutes (time de praia), pelo treinador principal Carlos Lynho, pelo Diretor de esportes de praia Marcus Garrido (o Pai do futebol americano no BFR) e por mim. Nós demos o ponta pé inicial para que o projeto saísse do papel e entrasse em vigor. Contamos também com a ajuda de jogadores que foram importantes para o crescimento e andamento da equipe.

ER: Como funciona a parceria do clube com o time? O que o clube oferece ao time?
JG: Desde a fundação do Botafogo Futebol Americano houve um acordo com o Botafogo de Futebol e Regatas que autorizava o uso de seu nome, marca e escudo. Recentemente o clube abriu espaço para que o esporte fosse reconhecido de forma efetiva e permitiu que houvesse uma maior aproximação entre a nossa administração e a diretoria do Botafogo FR. Este foi um passo muito importante para integração e alinhamento com os objetivos do clube, afinal, somos todos Botafogo! A realização do recrutamento 2013 do Botafogo Futebol Americano na sede de General Severiano é um excelente exemplo de sucesso desta parceria.

ER: Qual o custo mensal do time? O clube arca com este custo ou o time tem patrocinadores?
JG: O custo mensal do time é bastante elevado e gira em torno de R$ 20 mil por mês. Na prática, hoje, os jogadores arcam com praticamente todas as despesas e utilizam equipamentos próprios. Não há ajuda de custo para atletas, comissão técnica ou administração do time. Estamos em busca de patrocinadores que acreditam no esporte tanto quanto nós e estejam dispostos a crescer junto com o futebol americano no Brasil.

ER: Botafogo FA, time de futebol americano de campo, tem vínculo com o Botafogo FR Mamutes, time de Futebol Americano de Praia Masculino, e Botafogo FR Flames times de Futebol Americano Feminino de praia?
JG: Há um vínculo formal entre as equipes de areia e grama, entretanto as administrações são independentes. Uma comparação didática é a diferença de estrutura que existe no vôlei de quadra e de praia: comissões técnicas e administrativas diferentes, mas havendo a possibilidade de haver atletas que praticam ambas as modalidades.

ER: O Botafogo vai disputar o Torneio Touchdown de 2013. Qual a expectativa para esta competição?
JG: O Botafogo Futebol Americano passou por algumas mudanças importantes em sua administração e, como mencionado anteriormente, está buscando uma sinergia cada vez maior com o clube Botafogo de Futebol e Regatas. Todas as ações realizadas até hoje, inclusive a realidade de treinos em um dos mais belos cartões de visita do Rio de Janeiro, aumentam cada vez mais a motivação de nossos atletas. A nossa expectativa? Ser campões do Torneio Touchdown 2013.

ER: Em 2012, o Botafogo foi eliminado nas 4as de Final do Torneio Touchdown. Dá para ir mais além este ano? Por que?
JG: Com certeza. No ano passado a equipe tinha total condição de ter chegado à final e, neste ano, temos convicção de que o time está mais maduro e de que os resultados virão como frutos de todo um trabalho que vem sido desenvolvido.

ER: Há uma divisão no futebol americano brasileiro. O Torneio Touchdown parece mais forte que o Campeonato Brasileiro. No entanto, o Brasileiro é a competição oficial da CBFA. É possível unir as equipes numa só competição e quem sabe criar duas ou três divisões?
JG: Entendemos que haverá ainda muitos ajustes na organização do esporte. Somos a favor do crescimento da modalidade. Atualmente, o Torneio Touchdown oferece maior visibilidade aos times que o campeonato organizado pela Federação. Não temos conhecimento sobre planos de criação de divisões.

ER: Além do Botafogo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo Reptiles têm equipes de grama. Por que ainda não se criou um Campeonato Estadual?
JG: Inicialmente devido aos custos, que são bastante elevados. Por esta razão, os times cariocas buscaram privilegiar as competições nacionais. Além disso, o futebol americano jogado na praia ainda é muito forte no Rio de Janeiro, mobilizando os jogadores por ser de fácil acesso e ter custos baixos.

ER: Como você vê o interesse das meninas pelo esporte? Ainda há poucas equipes, principalmente no Rio.
JG: Vemos sim que há poucas mulheres. A modalidade assusta um pouco as meninas de maneira geral. Não estou muito por dentro do que se passa nas outras equipes, mas no Botafogo Flames, as novatas são sempre muito bem recebidas no time e isso contribui para que mais mulheres se interessem pelo esporte. Elas seguem firmes e fortes para o campeonato estadual e estão sempre à procura e de portas abertas para novas praticantes! Acredito que nas outras equipes isto não seja diferente.

ER: O Botafogo vai mandar seus jogos no Caio Martins? Qual o preço dos ingressos?
JG: Ainda estamos nos organizando para esta temporada, que começa a partir de junho. Acompanhem informações e novidades no site: www.botafogofa.com.br ou www.facebook.com/botafogofa

ER: Deseja deixar um recado final para a torcida alvi-negra?
JG: Obrigado pelo carinho e apoio de todos os torcedores. Vamos juntos rumo ao título! Continuem nos incentivando, apoiando, torcendo! Continuem vibrando, gritando, comemorando! É isso que nos move! “...Noutros esportes tua fibra está presente...

domingo, 21 de abril de 2013

Entrevista com Alexandre Póvoa, Vice-Presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo

Entrevista com Alexandre PóvoaAlexandre Póvoa assumiu a Vice-Presidência de Esportes Olímpicos do Flamengo no início de 2013. Ela fala sobre os planos do Flamengo para cada esporte, a estrutura da Gávea e dá pista de que o Handebol pode voltar ao rubro-negro. Confira!


ER: Alexandre, durante sua infância você foi sócio e atleta do Basquete. Praticou mais esportes na Gávea, além do Basquete?
AP: Fiz escolinha de natação no Flamengo. Apenas como sócio, nunca em escolinha, jogava futebol, vôlei, entre outros esportes. Sempre gostei de qualquer esporte que tenha bola, até hoje sou praticante frequente.

ER: Qual era o clima no clube naquela época comparando com agora?
AP: Não gosto muito de saudosismos baratos, até porque a realidade do esporte era outra. O futebol não envolvia cifras milionárias como hoje e os atletas dos esportes olímpicos, com raríssimas exceções, viviam de ajuda de custo e “vale-lanche” ao final do treino. E as coisas funcionavam com uma harmonia total, muito saudável, não havia essa bobagem de dicotomia entre esportes olímpicos e futebol. O Flamengo vivia sem problemas a sua vocação de clube multiesportivo. Hoje, sinto que, talvez pela situação de penúria que vive o clube, e as cifras enormes que envolvem sobretudo o futebol, houve uma desintegração grande desse clima de harmonia. O ambiente é diferente, houve um esvaziamento das escolinhas, a ligação entre os esportes inexiste. É meio um “salve-se quem puder” e isso torna a sinergia do clube bem mais fraca. Sem saudosismos bobos, precisamos recuperar os velhos tempos nesse aspecto, entendendo as características de hoje.

ER: Muitas modalidades esportivas deixaram o clube dos anos 80 para cá. Entre outras foram Esgrima, Xadrez, Ginástica Rítmica, Handebol, Patinação,... Alguma delas te faz falta? Você pretende reintroduzir alguma no Flamengo?
AP: É impossível o Flamengo ter todos os esportes. Nosso planejamento para 2013 é criar projetos para garantir a sustentabilidade (leis de incentivo e patrocínios) dos nove esportes que temos sob nossa gestão – basquete, vôlei, ginástica artística, judô, tênis e os aquáticos (natação, nado sincronizado e pólo aquático). O nono esporte, que é a novidade, é o futebol de salão, que voltou a ficar sob a gestão da Vice-Presidência de Esportes Olímpicos.

ER: Como está a elaboração do plano diretor para a sede da Gávea?
AP: Estamos em fase inicial de elaboração de um Plano Diretor, capitaneado pela Vice-Presidência de Patrimônio, com a participação do Fla-Gávea e Esportes Olímpicos. Olhando a experiência de clubes como o Minas Tênis e Pinheiros, o importante é aprovar um Plano Diretor definitivo no Conselho Deliberativo para evitar futuros “puxadinhos” na Gávea. A partir da aprovação, ao longo dos anos, vamos correndo atrás de recursos para completá-lo.  A Gávea precisa crescer “para cima”, dentro dos gabaritos permitidos, para que criemos mais espaços para os sócios e atletas.

ER: Duas estruturas que existiam na Gávea até os anos 90 fazem falta aos sócios do clube que as utilizavam e ao próprio Flamengo pela tradição de conquistas: a pista de Atletismo ao redor do campo de futebol e o estande de Tiro, que ficava atrás do gol do Jockey Club. É possível reconstruir ambos os espaços? São dois dos esportes que mais dão medalhas em Jogos Olímpicos...·.
AP: Queremos otimizar o espaço da Gávea tanto no âmbito social como esportivo. O momento de discutir qualquer volta de esportes é agora, na elaboração do Plano Diretor. Queremos escutar os sócios para ver quais são as preferências, tudo é em tese possível, mas é claro que os esportes atuais terão prioridade.

ER: O Comitê Olímpico dos Estados Unidos vai usar a Gávea para treinamento durante os Jogos de 2016. A Gávea, infelizmente, abriga poucas modalidades olímpicas. É possível conseguir verba com os americanos para construir novas estruturas (inclusive as de Atletismo e Tiro mencionadas acima)?
AP: Encontramos um contrato firmado com o Comitê Olímpico dos EUA que não nos satisfez em termos de benefícios de longo prazo para o Flamengo. Propusemos a eles novos termos, que envolve um acordo bem mais amplo e estamos aguardando a resposta. Acho que o maior clube do Brasil e o maior Comitê Olímpico do mundo devem firmar um contrato à altura de suas respectivas importâncias. Isso envolve, sem dúvida, uma ajuda financeira, diretamente traduzida na reforma das instalações esportivas, muito maior que a anteriormente contemplada no contrato original.

ER: Como você viu a dispensa dos atletas de ponta de Canoagem, Ginástica Artística, Judô e Natação? Você participou desta tomada de decisão?
AP: Claro que participei! Eu sou o Vice-Presidente de Esportes Olímpicos. As pessoas não entendem, porém, que todas as decisões importantes nessa gestão - em qualquer área, do futebol ao social, passando da área financeira aos esportes olímpicos - são tomadas em colegiado, onde buscamos consenso. Mas cada um tem um voto na decisão final. Decisão tomada, a decisão é de todos. É assim que deve funcionar qualquer grupo, por isso a preocupação que todos os componentes tenham um alto nível para opinar sobre propostas para o futuro do Flamengo. Foram decisões duras, mas proporcionais à situação encontrada no clube na área de esportes olímpicos: R$ 17 milhões de despesas, R$ 2,5 milhões de receitas, com um buraco de R$ 14,5 milhões/ano de déficit. Três meses de salários atrasados, situações constrangedoras de ameaças de despejo de atletas por conta de aluguéis não pagos, dívidas com fornecedores, enfim, uma situação de verdadeiro caos. Decisões duras, mas necessárias. Queremos reconstruir a estrutura de esportes olímpicos em bases muito mais sólidas para voltar com esses esportes de ponta em futuro próximo.

ER: Já começou a reforma e recuperação do Ginásio Cláudio Coutinho da Ginástica Artística?
AP: Finalmente, agora no dia 02 de abril, está marcada a vistoria final da seguradora. Em eles liberando os recursos, o prazo para conclusão é de 3 a 4 meses. Esperamos estar com as obras concluídas no início do último trimestre de 2013. Por enquanto, provisoriamente, montamos um espaço no segundo andar do museu para tentar minimizar o problema, mas é claro que se trata de uma solução provisória não ideal.

ER: Há pelo menos dois anos o Flamengo diz que vai reformar seu Parque Aquático. Primeiro ia conseguir patrocínio porque tinha uma equipe de ponta. Agora disse que ia usar o valor dos salários dos atletas dispensados para iniciar a reforma. Em que pé está isso?
AP: Ninguém disse que ia usar os salários dos atletas para reformar a piscina. O que foi dito é que era um absurdo contratar sem patrocínio algum uma equipe inteira de natação (que custava R$ 5 milhões/ano) sem nem 10% dos custos cobertos por patrocínios e sem poder nadar no clube (na época, sabíamos apenas que a piscina não poderia receber atletas de ponta por problemas de manutenção). Por isso resolvemos, ao final de dezembro, pela não renovação dos contratos da natação de ponta. Quando assumimos, tivemos que literalmente fechar a piscina porque descobrimos que vazavam 6 mil litros de água por dia, com uma espantosa conta de R$ 500 mil / mês, Cabe ressaltar que a piscina não foi interditada para ser reformada imediatamente, precisamos de recursos, que estamos tentando buscar através de várias fontes. Portanto. que fique claro que a piscina foi interditada por uma questão óbvia financeira do valor da conta de água e, sobretudo, pelo fato do laudo dos engenheiros apontar para um risco iminente de desabamento da estrutura.

ER: A antiga diretoria apostava na Canoagem e desejava construir um espaço anexo ao departamento de Remo para a escolinha e garagem das canoas. Com a dispensa destes atletas, o Flamengo desistiu deste projeto?
AP: A Canoagem é um assunto da Vice-Presidência de Remo, seria interessante conversar com o José Maria Sobrinho, que comanda a pasta.

ER: Já foi noticiado que o Flamengo quer construir uma grande arena para esportes de quadra no lugar do antigo posto Esso. Como está isso?
AP: Esse é um velho sonho nosso – ter nossa própria arena – que está próximo. Precisamos ter todas as aprovações legais (inclusive da Prefeitura) e o projeto pronto e discutido internamente para levarmos à aprovação do Conselho Deliberativo. O assunto está caminhando rapidamente e esperamos até o final desse semestre já termos uma situação mais clara do processo.

ER: Cristina Callou, ex-vice-presidente de Esportes Olímpicos, contou em sua entrevista ao Esporte Rio que o Flamengo havia terceirizado o departamento de Tênis para uma empresa especializada. O Tênis continua terceirizado? Por que?
AP: O Tênis havia passado para a gestão do Fla-Gávea na última gestão. Agora volta à Vice-Presidência de Esportes Olímpicos e acaba a terceirização por um motivo simples: O Flamengo é um clube esportivo e por isso não faz o menor sentido terceirizar o seu âmago, a razão de existir do clube, a atividade-fim. Terceirizamos limpeza, serviços em geral, o que é atividade-meio para termos um clube forte.  Já estamos discutindo com o pessoal do Tênis a volta às origens. Começaremos com as escolinhas próprias para depois buscarmos voltar a ter equipes, sempre começando pela base.

ER: O Flamengo tem um timaço masculino de Basquete. Até recentemente, nem escolinha feminina o clube tinha, apesar de nos anos 60, o clube ter sido campeão mundial. O Fla vai reabrir a escolinha para meninas?
AP: Em termos de escolinhas, é uma possibilidade a ser estudada. Para equipes, novamente, a prioridade inicial é dar sustentabilidade financeira para reformar estrutura do clube e dar condições a evolução para os atletas dos esportes que estão atualmente funcionando no clube.

ER: E o time masculino de basquete continua depois do NBB?
AP: O basquete é o segundo esporte do clube em termos de preferência da torcida. Faremos de tudo para prover as melhores condições para que estejamos sempre disputando a NBB com condições de vencer.

ER: A imprensa esportiva noticiou em Janeiro e Fevereiro que o Flamengo teria times profissionais de voleibol a partir da temporada 2013/14. Seria um time feminino, com patrocínio da Nestlé e da Sky e um time masculino com apoio da EBX e da Sky. Isso é verdade? Ou da onde teriam vindo estes boatos?
AP: O vôlei é o segundo esporte em termos de popularidade no Brasil. É de interesse do Flamengo discutir potenciais parcerias para a disputa da Superliga, mas há dois empecilhos importantes no curto prazo: O primeiro é que hoje, para se formar um time de alto nível, o custo é muito elevado, o que torna as discussões mais complexas com os potenciais parceiros; e, segundo, a temporada está acabando, o que faz com que o curto tempo vire um inimigo.

ER: Com a arena para esportes de quadra, seria bom o Flamengo ter mais equipes adultas, pois se não o espaço vai ficar ocioso, concorda?
AP: Em tese sim. Mas devemos lembrar que essas equipes de ponta devem ser autossustentáveis e que, vestindo o manto sagrado, sempre temos que formar equipes em condições de disputar os campeonatos que disputa. Na base, nossa obrigação deve ser sempre formar cidadãos e jogadores para o futuro, nessa ordem. Nos esportes de ponta, temos que buscar a vitória sempre, o que torna o investimento necessário mais elevado, fazendo com que a formação de equipes fique mais cara. Mas como sonhar não custa nada, porque não imaginar times competitivos e patrocinados de basquete, vôlei e futebol de salão se revezando na nova arena para o deleite de todos nós rubro-negros? Vamos trabalhar para isso acontecer no médio prazo!

ER: Um esporte que é muito popular nas escolas mas que ainda não cresceu a nível adulto profissional no Brasil é o Handebol, esporte que o Flamengo praticou e conquistou diversos títulos. É possível reabrir a escolinha desta modalidade na Gávea?
AP: Agora, em tese, é possível, porque as dimensões da nova quadra de futebol de salão do ginásio Togo Renan Soares são as mesmas do tamanho oficial das quadras de handebol.

ER: A Bocha é um esporte paralímpico, que vai estar presente no Rio 2016. É um esporte bastante praticado no Sul do país e que o Flamengo já teve suas glórias na modalidade. É possível o Flamengo voltar a investir na Bocha e em outros esportes paralímpicos?
AP: A bocha não está sob a Vice-Presidência de Esportes Olímpicos, estando hoje sob a responsabilidade do Fla-Gávea. Há algumas atividades que ficarão mais como lazer dos sócios, não havendo a intenção de investirmos para competições.

ER: Qual o seu sonho particular enquanto que responsável pelos esportes olímpicos do Flamengo?
AP: Meu sonho é chegar ao final de 2015 com o orçamento dos esportes olímpicos 100% sustentável, com a estrutura da Gávea totalmente reformada e com todas as modalidades esportivas, com projetos próprios desde a escolinha até a ponta, crescendo e formando atletas. Enfim, abrir o caminho para tornar o Flamengo a maior potência olímpica do Brasil. Não troco isso por títulos importantes no curto prazo e nem por uma presença maciça de atletas rubro-negros na Olimpíada do Rio. Se puderem acontecer, ótimo. Mas garanto que o primeiro parágrafo, se realizado, garantirá a formação de cidadãos e grandes atletas, o que será a base para grandes conquistas no futuro e presença garantida nas futuras Olimpíadas.

ER: Muitos torcedores do Flamengo torcem pelo clube apenas no Futebol e dizem que o esporte olímpico é apenas prejuízo. O que você pode dizer a estes torcedores?
AP: É evidente que o futebol é, disparado, o esporte mais importante do clube. Negar o óbvio ululante é burrice. Mas a vocação do Flamengo é de ser um clube multiesportivo e devemos ter muito orgulho disso. Somos o único clube do Brasil que tem futebol e os demais esportes olímpicos fortes. O tamanho do Flamengo permite que tenhamos um clube social, futebol e os esportes olímpicos rodando de forma autônoma, sem prejuízos. Não existe contradição entre eles se o clube for bem gerido. A torcida do Flamengo é o pré-sal inexplorado do Flamengo que vai comprovar essa tese nos próximos anos.

ER: Deseja deixar um recado final?
AP: Queria agradecer e dizer a todos os rubro-negros pelo apoio recebido nos primeiros três meses e que não vamos recuar um milímetro na idéia de colocar o Flamengo entre os cinco maiores clubes do mundo. A situação do clube é caótica em termos financeiros e de organização. Mesmo com tudo que temos feito, dando alguns passos para trás, 2013 será um ano duríssimo para todos nós. Porém, a partir de 2014, com enormes trabalhos e sacrifícios, temos a certeza que daremos largos passos para frente. Dessa vez, conseguimos enxergar uma luz forte no fim do túnel. É podem ter a certeza que dessa vez não é “um trem vindo em nossa direção” e sim uma luz de esperança e de um futuro melhor para a nossa maior paixão. Abraços e saudações rubro-negras.

domingo, 14 de abril de 2013

Entrevista com Paulo Carvalho, Novo Presidente da FRERJ

Paulo Carvalho é o novo Presidente da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro. Ele foi eleito e iniciou seu mandato no início deste ano. Veja o que podemos esperar de sua administração:

ER: Pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro?
PC: Pratico remo desde os meus 13 anos por influência da família, já que meu tio Zé de Carvalho foi remador olímpico e como treinador formou o Dois Sem vitoriosíssimo remado pelos  filhos Ronaldo e Ricardo Carvalho, que dentre outros títulos, foram Bicampeões Panamericanos.  Me considero um remador mediano. Fui vitorioso pelo Flamengo e pelo Vasco da Gama, ganhando em ambos título de campeão Brasileiro e outros pelo Estadual, e agora como Masters cheguei a ser campeão Sul-americano. Acho que fiz o que pude como remador. Agora pretendo dar minha contribuição para o remo, é o que me motiva!

ER: O que você pretende mudar no Remo do estado?
PC: Já consegui algo muito importante que foi unir a maioria dos clubes, como ficou demonstrado nas eleições para a FRERJ, sendo que mesmo os que não votaram em nossa chapa eu sinto o espírito de união para que juntos possamos alçar vôos maiores. Pretendemos massificar e popularizar o remo carioca, melhorar a estrutura das regatas para  que sejam de alto nível técnico, com vistas a preparar a nossa  raia olímpica para receber os remadores que virão se preparar para esse grande evento. A CBR sabe que pode contar conosco no que for necessário. A 1a. Regata do Estadual realizada no domingo (24 de Março), já demonstrou uma mudança de mentalidade e organização. Tivemos uma regata impecável, de raia cheia e de público que há muito tempo não era visto na lagoa.
 

ER: Como você se diferencia do seu antecessor, Mauro Ney Palmeiro?
PC: Logicamente devemos ter várias, mas a principal diferença é que sou remador.
 

ER: O remo estadual é quase que todo ele resumido a Botafogo, Flamengo e Vasco. Como atrair 
novos clubes para o esporte?
PC: A FRERJ está a disposição para ajudar os pequenos e novos clubes a participarem do Estadual, e entendo que a medida que as regatas se tornem mais atrativas, outros clubes se interessarão pelo esporte.
 

ER: É possível trazer os clubes tradicionais (Boqueirão do Passeio, Gragroatá, São Cristóvão e Internacional de Regatas) de volta às regatas?
PC: É difícil mas possível. Acho que o interesse desses clubes se foca mais nas regatas de mar e realizadas na Baía de Guanabara. Aliás, foi onde competi minha primeira prova numa
Baleeira. Foi um segundo lugar que me marcou.

 

ER: Só um time de remo do interior do estado disputa o Campeonato Estadual. Como fazer para desenvolver o remo no interior?
PC: Como disse, a FRERJ estará sempre disposta a ajudar os clubes pequenos no que puder, e somente com a exposição do esporte é que eles  irão motivar os patrocinadores e a própria Prefeitura em alavancarem o remo. São atos em conjunto que possibilitarão o desenvolvimento desses clubes.
 

ER: O Estadual de Remo é todo disputado na Lagoa Rodrigo de Freitas. É possível levar uma regata para interior do estado?
PC: O Estadual é disputado na Lagoa, mas nada  impede que façamos regatas extras para atender aos clubes do interior. Basta a vontade política desses próprios clubes.
 

ER: O Fluminense FC é detentor da Taça Olímpica e campeão em diversos esportes mas nunca teve remo. Existe algum projeto de trazer o Fluminense para o Remo?
PC: Fica aqui o nosso convite para o Fluminense. Seria um imenso prazer termos remadores deste grande clube na Lagoa.
 

ER: Recentemente vimos uma mortandade de 70 toneladas de peixe na Lagoa Rodrigo de Freitas, que continua muito poluída. O que será feito até a Olimpíada para limpar a Lagoa?
PC: Acho que essa mortandade foi a união de vários fatores que não aconteciam há anos. Espero que o poder público tome a iniciativa de limpar a lagoa e oxigenar suas águas. Não podemos ficar a mercê da iniciativa privada, apesar da Lagoa agradecer todo esforço do empresário Eike Batista em realizar este árduo trabalho às suas custas, o que ajudou e muito!
 

ER: A velejadora Isabel Swan tem denunciado a sujeira na Baía de Guanabara, onde será disputada a Vela nos Jogos de 2016. É possível que Remo e Vela se unam contra a poluição das raias olímpicas?
PC: Claro, estaremos ao lado da CBR para buscar a limpeza de nossas raias Olímpicas, seja na Lagoa como no mar. 
 

ER: Ainda falando de Rio 2016, o que o governo tem feito pelo Remo visando os Jogos Olímpicos?
PC: Até o momento a FRERJ sequer foi chamada para ser ouvida sobre as necessidades de nosso esporte e o que fazer para receber os atletas do resto do mundo, mas estou confiante que ainda iremos nos reunir para este fim. Repito: ajudando no que pudermos a CBR e autoridades (Comitê 2016).

ER: Os clubes do Rio reclamam que a Confederação Brasileira de Remo não organiza um Troféu Brasil Interclubes, preferindo premiar individualmente cada atleta. A FRERJ tem como intervir nesta questão e pedir uma competição que determine o melhor clube brasileiro da temporada?
PC: A FRERJ tem um ótimo relacionamento com a CBR. Se for da vontade dos clubes, eu levarei esta revindicação ao seu presidente e tenho certeza que o pedido será considerado. Cabe aos clubes a iniciativa.
 

ER: Deseja deixar um recado final?
PC: A atual Diretoria da FRERJ tem plena consciência de sua responsabilidade no atual cenário do remo nacional, já que o Rio de Janeiro será o palco das Olimpíadas de 2016 e as regatas serão realizadas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Precisamos estar peeparados para receber os remadores estrangeiros, e para tal, temos que buscar melhorar o nível de nossas regatas para irmos nos moldando ao que é exigido a nível mundial para um evento deste porte, possibilitando aos atletas representarem os seus clubes e o país com dignidade. Contamos com a colaboração de todos para que juntos possamos dar  uma verdadeira guinada no remo carioca. A hora é essa!

domingo, 7 de abril de 2013

Entrevista com Dragos Stanica, Técnico de Levantamento de Peso Olímpico

Dragos Stanica é o profissional mais experiente e qualificado de Levantamento de Peso trabalhando no Rio de Janeiro e no Brasil. Visando os Jogos Olímpicos de 2016, ele nos conta em sua entrevista a dura realidade da modalidade.


ER: Você praticou diversos esportes quando era criança. Por que se especializou no Levantamento de Peso?
DS: Foi o esporte que mais me desafiou. Tinha facilidade em correr ou praticar lutas mas não conseguia fazer arranque! Apesar de que não reparei nisso rápido. A emoção, tensão e a adrenalina que o treino me davam me determinou continuar e me especializar.

ER: Por que o Levantamento de Peso é popular na Romênia e no Brasil não é?
DS: Levantamento Olímpico não é popular na Romênia, mas também não e considerado anormal. Os atletas são muito respeitados apesar de que não ganham muito dinheiro. No Brasil o LPO é ligado muito a fisiculturismo e Levantamento básico. Ninguém conhece LPO mas todo mundo tem uma opinião formada sobre as duas modalidades acima mencionadas. O fato de faltar ídolos olímpicos - nunca ganhamos medalha nos Jogos -  fator cultural, e o fato de não ser bem remunerado desmotivam as pessoas a praticar.

ER: Como você vê o panorama geral do Levantamento de Peso no Brasil?
DS: A base logística, e muito fraca. Tem um punho de treinadores e a Confederação Brasileira de Levantamento de Peso tem recursos limitados. Temos quatro clubes que investem e pagam profissionais para administrar os treinos. As federações são fracas e sem recursos. Existem sete atletas de nível panamericano e o Brasil se tornou favorito a medalhas panamericanas mas não tem nenhuma filosofia de trabalho com juniores.

ER: Um atleta na Romênia ganha dinheiro com o Levantamento de Peso?
DS: A estrutura do esporte romeno é diferente: paga-se a medalha e para medalhistas olímpicos, mundiais e europeus paga-se uma renda para o resto da vida. As condições de treinamento são muito melhores. Tudo é pago pelo governo. Então, apesar de que os atletas brasileiros ganham mais mensalmente, os atletas romenos ficam com mais dinheiro no fim do ano e da carreira.

ER: Qual a maior dificuldade dos atletas do Levantamento de Peso no Brasil?
DS: Começo: faltam bons treinadores para iniciação e não têm apoio nenhum em termos de transporte, alimentação, escola (bolsas) e equipamento.

ER: Você competiu por quais clubes na Romênia? E no Brasil?
DS: Na Romênia competi pelo CS Olímpia Bucareste e FC Estrela do Bucareste. No Brasil para EC Pinheiros e CNR Santa Luzia.

ER: Como foi sua lesão que fez você abandonar a carreira?
DS: Aconteceu quando trabalhava no Circo Marcos Frota, e foi realizando exercícios de acrobacia.

ER: O que os governos federal, estadual e municipal têm feito pelo Levantamento de Peso visando a Olimpíada de 2016?
DS: Nada especifico. O Governo Federal investe mal (não trabalha com especialistas da modalidade) mas investe em programas tipo Bolsa Atleta ou incentivo ao esporte. A bolsa atleta representa a maior fonte de recursos para a modalidade em nosso dias. Os projetos do LPO do Ministério são baseados em quem conhece quem, não em uma análise lógica! Os outros dois órgãos existem somente no papel e têm algumas iniciativas isoladas (uma bolsa estadual para algum atleta). O município construiu uma estrutura em uma escola mas tudo totalmente amador (não se trabalha com especialistas da modalidade) e sem continuidade.

ER: Você acredita em medalhas do Brasil no Rio 2016?
DS: Tem chances minúsculas mas existem!

ER: O Levantamento de Peso no Rio já foi muito popular nos clubes de massa, de futebol, como Botafogo, Flamengo e Vasco da Gama. É possível resgatar o Levantamento de Peso nestes clubes?
DS: Não, eles não estão enxergando o LPO como uma modalidade que vai dar retorno para eles.

ER: Há muitas academias de ginástica no Rio e no Brasil. Como explicar a existência de milhares de levantadores de peso amadoras e tão poucos atletas?
DS: Temos milhões de corredores mas poucos fazem atletismo de alta performance. A diferença de treinamento é absurda entre os amadores e profissionais. Um atleta amador de corrida corre; um atleta amador de luta, luta; o atleta amador de futebol, joga; mas atleta de academia de musculação nem passa perto de arranque e arremesso. A idade dos praticantes de academia também e incompatível com esporte de alta performance.

ER: Se uma pessoa quiser entrar para o esporte, quem ela deve procurar?
DS: A CBLP ou federações estaduais, mas somente se tiver a idade adequada.

ER: O CT de Levantamento de Peso do Rio é bom?
DS: O CT do Rio do Clube APCEF pode ser considerado um bom centro. Faltam detalhes para ser transformado em um excelente centro.

ER: Você ainda acompanha o Levantamento de Peso da Romênia?
DS: Sim, às vezes passo uma temporada lá para me atualizar. Depois de uma vida na modalidade todos os meus amigos da infância e adolescência são romenos e envolvidos com o LPO.

ER: Deseja deixar um recado final?
DS: Sem se adotar a mesma estrutura existente entre o COB e as Confederações, todas as federações do estado vão agonizar e não vão produzir nada para os Jogos Olímpicos de 2016. Somente as federações são capazes de receber investimentos e reverter eles de forma prática para as modalidades a longo prazo. Federação não é clube, onde o dirigente tira a modalidade quando quer! Há estados que já distribuem recursos para as federações. Infelizmente a inércia política do Rio em matéria de esporte é crônica

domingo, 31 de março de 2013

Entrevista com Cláudio Santos, Presidente da FECIERJ

Cláudio Santos é o Presidente da Federação de Ciclismo do Estado do Rio de Janeiro. Ele é o responsável por quatro modalidades olímpicas, que dão dezenas de medalhas nas Olimpíadas: Bicicross, Ciclismo de Estrada, Ciclismo de Pista e Mountain Bike. Nesta entrevista ele faz duras críticas ao Prefeito Eduardo Paes por sua falta de incentivo à modalidade.

ER: Cláudio, pode nos contar um pouco de sua trajetória até chegar à presidência da FECIERJ?
CS: Quatro anos antes de participar de minha primeira eleição da FECIERJ, fui procurado por um grupo de ciclistas que estavam inconformados com a federação na época, solicitando minha candidatura à presidência da instituição. Porém, não tinha um grupo de trabalho formado, e, por este motivo, acreditava que não era o momento ideal para realizar todas as mudanças necessárias. Montei meu grupo de trabalho nos quatro anos seguintes e vencemos a eleição em 31 de Janeiro de 2009.

ER: Quantos atletas e quantos clubes filiados a FECIERJ tem hoje em dia?
CS: São mais de mil atletas filiados e 13 clubes/associações.

ER: Como sobrevive a FECIERJ?
CS: Do nosso trabalho e esforço conjuntos dos comissários, diretores e organizadores da FECIERJ. Todos os eventos realizados são revertidos (lucro) para as ações da própria federação. Temos poucos patrocinadores e nenhum recurso do Estado, municípios ou união, porém, compensamos tudo isso com muito trabalho e dedicação.

ER: Como você vê o Ciclismo no estado do Rio de Janeiro hoje?
CS: Segundo os atletas, mídia especializada e demais federações, é a melhor federação do Brasil, realizando mais eventos que a própria Confederação Brasileira de Ciclismo, e conseqüentemente, movimenta mais recursos em sua conta bancária e promove mais ações que a CBC. Bom, isso não sou eu que estou falando. São os atletas e especialistas em todo o território nacional. É só perguntar a todos.

ER: Os Governos Estadual e Municipal têm feito alguma coisa pelo Ciclismo do Rio, já que a nossa cidade será a sede dos Jogos Olímpicos de 2016?
CS: Somente a Secretaria Estadual de Transportes, através do secretário Júlio Lopes com o programa “Rio Estado da Bicicleta”. O município do Rio, tem sim jogado contra o Ciclismo e nossa instituição. No mês de Janeiro, expulsou a FECIERJ e todos os atletas de Pista do único Velódromo existente no Rio e está “doando” o mesmo para Goiânia. Uma pouca vergonha só para faturar alguns milhões com a especulação imobiliária (o local onde está o único Velódromo do Rio vai virar um super empreendimento imobiliário)! Por conta disso, nosso prefeito Eduardo Paes assassinou de uma só vez seis projetos fantásticos que nossa instituição desenvolvia no Velódromo Municipal do Rio.

ER: Entre os anos 50 e 70, o Ciclismo de Estrada era muito popular e havia uma grande rivalidade clubística. O que aconteceu para esta tradição acabar?
CS: Péssimas gestões de pessoas que não tinham o menor comprometimento com o Ciclismo. Quando assumimos em 2009, o Ciclismo estava dizimado, o Estadual de 2008 não foi realizado e o de 2007 foi feito com menos de trinta atletas inscritos...

ER: É possível resgatar o Ciclismo entre os clubes populares de futebol? Pelo menos Bonsucesso, Botafogo, Flamengo, Fluminense, São Cristóvão e Vasco da Gama tinham departamentos de Ciclismo.
CS: Já tentamos. Fizemos contatos com vários clubes do futebol do Rio. Porém, apenas a Portuguesa da Ilha do Governador e o Petropolitano demonstraram real interesse... uma pena constatar esta triste realidade do desporto em nosso estado.

ER: O Velódromo Municipal foi demolido. Os atletas que ali treinavam foram para onde?
CS: Para as ruas, agora podem se dedicar ao futebol ou qualquer outro esporte que tenha um espaço destinado à sua prática.

ER:  Sem o Velódromo, as escolinhas terminaram. É correto afirmar que não há no Rio numa nova geração de ciclistas de pista sendo formada?
CS: É correto afirmar que o Ciclismo de Pista do Rio, que em quatro anos se transformou em referência nacional, foi aniquilado, extinto por um ato impensado do prefeito do Rio. Enquanto brigamos pelos royalties do petróleo com o estado de Goiás (entre outros), nosso prefeito dá de mão beijada um patrimônio avaliado em mais de 40 milhões de Reais... Seria cômico se não fosse trágico.

ER: Em Rio 2016, qual modalidade tem mais chances de trazer medalhas para o Brasil no Ciclismo?
CS: O BMX Super Cross, porém, esta modalidade não tem uma pista sequer em todo o território nacional. Nossos atletas precisam se deslocar para a Argentina quando necessitam treinar para as provas internacionais. Isto também chega a soar como piada de uma comédia pastelão, você não acha?

ER: Treinar Ciclismo de Estrada tem sido uma aventura perigosa. Não é raro vermos notícias de acidentes com ciclistas. Como resolver esta questão?
CS: Antes nós tínhamos o Autódromo para treinar. Agora, nós também fomos expulsos. Estamos nas ruas dividindo o espaço da via pública com os automóveis, arriscando nossas vidas todos os dias da semana. Mas isso não parece ser um problema para a prefeitura do Rio, afinal, somos ciclistas e nunca fomos campeões mundiais ou medalhistas olímpicos. Podemos e devemos arriscar nossas vidas, pois para eles não faremos a menor falta em 2016, 2020, 2024... É preciso parar e pensar no que está sendo feito, caso contrário, perderemos a noção e a consciência do real valor da vida...

ER: Como popularizar o Ciclismo de Estrada no Rio, como são populares as corridas de rua?
CS: Basta que todos nós façamos o dever de casa. É preciso cuidar do Ciclismo como se fosse uma sementinha até que a mesma se torne uma árvore robusta, devemos dar atenção máxima e comprometimento diário com esta modalidade que contempla 54 medalhas a cada ciclo olímpico. Não é necessário mencionar que é preciso investimento, aliás, isto já está no contexto.

ER: Onde estão as pistas de Bicicross do estado do Rio?
CS: Eu é que pergunto: onde estão as Pistas de BMX (Bicicross) do Rio? Fizemos duas em mutirão (pequenas e simples) com nossos próprios recursos. O Eduardo Paes prometeu construir uma na Lagoa, mas, essa foi mais uma promessa não cumprida. Pode colocar em uma lista junto com todas as outras.

ER: Onde estão as pistas de Mountain Bike do estado do Rio?
CS: Em quase todos os municípios do estado, a melhor delas (aliás a melhor do Brasil) está em Rio das Ostras (Tayra Eco Park). Mas estamos construindo uma em santa Maria Madalena, no mesmo estilo e padrão. Só não temos pista no município do Rio. Para variar, fomos expulsos, também no MTB pela cidade sede das próximas Olimpíadas. Serão as Olimpíadas da exclusão. De um lado, os esportes milionários. De outro, os esportes que andam com o pires na mão. Assim nós faremos valer o slogan “Brasil, um país de todos”, todos os afilhados que foram agraciados por este ou aquele poderoso político.

ER: Uma criança que queira ser ciclista profissional, quem ela deve procurar, onde há escolinhas de Ciclismo?
CS: É só procurar a FECIERJ que nós encaminhamos para uma de nossas oito escolinhas dentro do estado (recursos próprios). O e-mail de contato é presidentefecierj@gmail.com

ER: Você acha que um dia o Ciclismo pode ser tão popular no Brasil como no Reino Unido, Itália, Espanha, França, Alemanha e Estados Unidos?
CS: Com toda esta injustiça e descaso do poder público, sinceramente não.

ER: Deseja deixar um recado final?
CS: Vamos nos politizar. Chega de votar neste ou naquele por interesse próprio, e principalmente, não esqueçam do que os eleitos prometeram e não cumpriram para que em 2016 (eleições municipais) não façamos o mesmo, repetindo um erro por mais quatro anos. Juntos sempre podemos mais!