O Esporte Rio é um site dedicado aos esportes do Rio de Janeiro. Não nos referimos apenas à cidade do Rio de Janeiro, mas também a todo o Estado do Rio de Janeiro. Clubes tradicionais - e também históricos - fazem parte do Esporte Rio: America, Bangu, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Madureira, Olaria, São Cristóvão, Vasco da Gama, Americano, Goytacaz, Volta Redonda, Tijuca Tênis Clube e muitos outros.
sexta-feira, 24 de outubro de 2025
sexta-feira, 17 de setembro de 2021
Entrevista com Alexandre Badolato
Conheça Alexandre Badolato e a Brianezi
AB: A Brianezi foi fundada em 1972 por Paulo Brianezi. Ele tinha uma loja de sapatos e começou a fazer os botões no fundo da loja. Em 1972 a operação foi formalizada e a empresa foi aberta. Ano que vem vamos comemorar o Jubileu de Ouro da Brianezi, 50 anos de fundação.
ER: Por que a Brianezi parou de fabricar nos anos 80?
AB: A Brianezi interrompeu as atividades no ano 2000, após uma ação até certo ponto truculenta do então Clube dos 13 relacionada aos royalties pelo uso do escudo dos clubes.
Quando a Brianezi foi fundada ninguém falava em royalties, direitos de utilização de marcas de clubes de futebol, etc ... Esse assunto passou a ser trabalhado pelos clubes brasileiros principalmente a partir dos anos 90, com um combate forte à pirataria ... E na onda a pequena fábrica de times de botões entrou na mesma onda.
Para encerrar o processo a Brianezi assinou um acordo à época, pagando um pesada indenização e se comprometendo a não mais fabricar os times usando o escudo dos clubes. A partir daí a operação se inviabilizou.
ER: A ideia de voltar a fabricar surgiu de quem?
AB: Foi minha. Eu era apaixonado pelos Botões Brianezi desde 1978. Meses antes da Copa do Mundo da Argentina, meu pai trouze dois times Brianezi para casa e foi uma paixão avassaladora. Montei uma coleção e joguei muito no final dos anos 70 e maior parte dos anos 80. Parei e jogar no final dos anos 80 e empacotei meus botões.
Em 2016 eu me tive um problema sério de saúde, cujo tratamento levou cerca de dois anos ... Nesse período reencontrei meus botões que estavam empacotados há quase três décadas, e a paixão se reacendeu violentamente. Voltei a colecionar, procurar os Brianezi remanescentes como louco, E não me conformava de uma marca tão forte, que marcou a vida de tanta gente, simplesmente desaparecer. Não fazia sentido aquilo.
Passei então a tentar encontrar o Lúcio Brianezi, que tocou a operação desde 1978 até 2000, assumindo a fábrica após a morte do pai e fundador Paulo. O Lúcio havia se afastado completamente do mundo do botão, ninguém que eu conhecia sabia dele. Até que uma certa noite de 2019 o Lúcio apareceu em uma das ligas de São Paulo com dois times de botão para jogar. Um dos amigos que eu havia demonstrado meu interesse em encontrar o Lúcio estava lá e, a partir daí, a Brianezi começou a renascer. Assinamos o retorno da Brianezi na véspera de Natal de 2019. Dois meses e meio depois estourava a pandemia ...
ER: Não é arriscado voltar a fabricar num momento de crise econômica, crise financeira e também crise no futebol de botão?
AB:Vou ser totalmente transparente e direto aqui ... A Brianezi é deficitária, dá prejuízo. O processo de aplicação dos decalques e pintura, bem como a confecção dos goleiros e das bolinhas é totalmente manual ... Para a conta fechar os times deveriam custar quase o dobro do que custam hoje.
Mas o objetivo da volta da Brianezi nunca foi financeiro, mas sim o prazer de ver as lendárias caixinhas azuis de volta ao mercado.
Hoje a Brianezi está dentro de uma holding que abriga outras empresas de segmentos diversos e, por isso, ela consegue sobreviver mesmo sendo deficitária.
Mas não posso deixar de citar que a volta da Brianezi deu ocupação e renda para muita gente na pandemia. No pior momento da doença pelo menos 15 pessoas que estavam desempregadas passaram a ter uma renda aplicando decalques e pintando botões em casa. Montamos uma logística que os prestadores recebiam treinamento e depois recolhiam os kits, levavam para casa e devolviam com os decalques aplicados retirando um novo kit para dar sequência ao trabalho. Acho que só isso já valeu o investimento que fizemos.
ER: Quantos botões a Brianezi fabrica e vende atualmente?
AB: Uma média de 600 times por mês. São 6000 novos pequenos atletas criados por mês.
ER: FIFA e outros games são os maiores inimigos do botão?
AB: Acho que não.
Acho que o maior inimigo do botão é o abismo que ficou entre o jogo e as gerações mais novas. A Brianezi, por exemplo, pulou uma geração. É comum escutarmos clientes super felizes com o retorno da marca para passar amor pelo botão não para os filhos, mas para os netos ! Perdemos uma geração. A maioria das crianças nem sabe o que é botão, e quando sabe é porque em algum momento ganhou um time daqueles mais vagabundos como brinde em alguma festinha, isso não seduz ninguém.
ER: As crianças e adolescentes têm comprado brianezi?
AB: Não, diretamente não. Mas estão voltando a ter contato com eles através dos pais e avós que não querem deixar essa história morrer.
ER: As federações de futmesa têm suas regras oficiais (dadinho, disco, bola 3 toques, bola 12 toques, etc). É possível reconhecer a Brianezi como botão oficial e criar a regra Brianezi?
AB: Não queremos criar regra nenhuma. Acho que uma das coisas que atrapalha o crescimento do botão é essa miríade de regras pelo Brasil. Mas enfiar uma régua goela abaixo é pior ainda. Acho que cada um tem que testar os botões e ver se atende à sua regra de preferência. Eu pessoalmente só joguei bola 12 toques.
ER: Você tem um time favorito de futebol? E um time da Brianezi que você mais gosta?
AB:A Brianezi é meio palmeirense de nascença ... kkkk .. O Paulo Brianezi era palmeirense, o Lucio é palmeirense, eu sou palmeirense ... Curiosamente não fazemos os times do Palmeiras ... kkkk ... Ainda não conseguimos a autorização / fazer o processo de licenciamento do Palmeiras.
Meus times favoritos dessa nova geração são as seleções da Austrália em verde e branco, o Brasil e azul e todas as seleções novas, aquelas que a Brianezi não fez nos anos 70 e 80. Algumas nem existiam né ? Como as ex- republicas soviéticas como a Letônia, Estônia, Ucrânia, Armênia ...
ER: A Brianezi fabricava botões para outros esportes nos anos 70, como handebol e futsal. Ela vai voltar a fazer botões e mesas para estes esportes?
AB: Vamos voltar com o basquete também, já fizemos até umas mesas “double-face” de teste, futebol de um lado, basquete de outro.
O que pouca gente sabe é que a bola de basquete é maior que a de futebol. A bola é confeccionada da mesma forma, porém maior. Com a bola maior o botão bate mais embaixo dela e faz a bola subir.
ER: Quais os clubes e quais as seleções mais vendidos da velha fase? E da nova fase?
AB: Na fase antiga os clubes mais vendidos foram Corinthians, Flamengo e Palmeiras. As seleções do Brasil, Argentina, Itália e Alemanha.
Já com relação às seleções na fase atual tem uma situação bem curiosa. A seleção que mais vendemos, disparado, é o Uruguai. No início da operação quando a produção era menor, chegou a dar briga por causa do Uruguai.
ER: Quantos clubes e quantas seleções já foram feitos pela Brianezi desde sua fundação?
AB: Puts, essa pergunta é quase impossível de se responder ... Explico ...
No tradicional catalogo verde dos anos 70 e 80 são quase 300 times. Porém, nos anos 90, com o advento da internet e das impressões a cor, a Brianezi fez quase todos os times do mundo. Houve um caso de uma encomenda de 1000 times diferentes, o cliente encomendou todos os times de todos os campeonatos nacionais do mundo. Uma loucura!
ER: Vem aí alguma novidade para os fãs da Brianezi?
AB: Sim, sempre. Nos próximos 30 dias vamos lança a linha flex, com botões flexíveis termoformados em acetato, praticamente idênticos aos da época mais festejada da Brianezi.
Para o ano que vem vamos soltar uma edição comemorativa limitada dos 50 anos da Brianezi, depois uma coleção da Copa do Catar.
Leitura Complementar
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
Entrevista com Kleber Monteiro
Esporte Rio Conversa com Kleber Monteiro
ER: Gostaria de começar esta entrevista pedindo que você conte aos leitores, quem é Kleber Monteiro?
KM: Um professor de biologia do estado do Rio de Janeiro apaixonado por futebol.
ER: Como surgiu esta paixão pelo futebol obscuro do Rio de Janeiro?
KM: Cresci vendo o meu tricolor jogando contra clubes tradicionais de bairros.
ER: A ideia do livro "Da Lama à Grama" surgiu como?
KM: A ideia era justamente tentar resgatar os clubes de menor expressão e mostrar sua importância no futebol carioca.
ER: Qual o momento mais marcante de suas andanças pelos alçapões do Rio de Janeiro?
KM: Muitas situações inusitadas. Estádios sem infraestrutura, viagens longas por locais que muitos nem sabem que existem.
ER: O que seus amigos falam quando você conta que vai se deslocar ao estádio tal para ver uma "pelada"?
KM: Que sou louco.
ER: Fluminense é seu primeiro time, certo? Qual é o time pequeno que você mais gosta?
KM: Simpatia absurda pelo Bonsucesso.
ER: Você prefere assistir a uma final de Mundial entre Fluminense e Real Madrid ou a um jogo da primeira rodada da 5ª divisão do Rio de Janeiro entre Bela Vista e Atlético Carioca?
KM: O Fluminense está acima de tudo na minha vida. Mas a emoção de ver um jogo contra o Real Madrid e Madureira é igual. Não vejo adversário. O que importa é vencer não importando a quem.
ER: Dos times pequenos do presente, você mudou seu foco para os times pequenos do passado. Como foi isso?
KM: O meu segundo livro é sobre o Andarahy A.C. já sabia que o clube era histórico, mas quando comecei a pesquisar e escrever sobre o clube, descobri que a agremiação tem uma história MUITO maior que eu esperava. Me apaixonei pelo Andarahy!
ER: Seu instagram se chama Andarahy Eterno. Que paixão é esta pelo Andarahy?
KM: Uma nova paixão futebolística.
ER: O America adquiriu o Andarahy há muitos anos. Você tem um carinho pelo America?
KM: Tenho um respeito absurdo pelo America F.C. que inclusive está muito presente no meu novo livro. Lamento e torço pela reestruturação do clube.
ER: Você já lançou as camisas do Andarahy, Cattete, Hellênico e Tijuca FC. Qual a próxima? Sugerimos a do Manufatora, de Niterói.
KM: A próxima será o Palmeiras de São Cristóvão. A ideia é lançar uma camisa com um livreto explicativo todo mês.
ER: Pode nos dar uma ideia do volume de vendas de cada camisa destas?
KM: A do Andarahy vende bastante, sem dúvida é o "carro chefe" dessa febre. A do Hellênico é linda pela coloração, a do Cattete F.C vem com o livreto da campanha de 1917 (campeão da segundona) e homenagem a um player chamado René Raffin com o nome nas costas e o Tijuca F.C por ser um clube desconhecido de todos e por ser do bairro mais carismático do RJ.
ER: Qual o canal para comprarmos teu livro e tuas camisas?
KM: Diretamente pelo zap (21) 997915589. O livro Da Lama à Grama terá a segunda edição em breve e as pessoas já podem inclusive reservar. Garanto ser um livraço!
quinta-feira, 7 de janeiro de 2016
Flamengo Monta Estrutura para Canoagem de Velocidade na Gávea
A estruturação da Canoagem do Flamengo é um sonho de alguns anos atrás do Flamengo que agora está se tornando realidade. Nos anos 80, o Flamengo chegou a ter um ou dois remadores praticando Canoagem na Lagoa Rodrigo de Freitas. Era mais por diversão do que por competição. Em 2010, a Presidente Patrícia Amorim contratou diversos atletas da seleção brasileira mas sem estrutura na sede do clube eles treinavam no Paraná.
A partir de 2016, o Flamengo terá canoas, caiaques, remos e equipamentos próprios e até escolinha na Gávea. Os atletas contratados morarão no Rio de Janeiro e treinarão no clube.
Quem vai comandar a Canoagem do Flamengo é o supervisor técnico do Departamento de Remo e Canoagem, Edson Figueiredo, com quem o Esporte Rio conversou. O técnico da seleção brasileira Pedro Sena deverá ser anunciado a qualquer momento.
Entrevista com Edson Figueiredo
ER: Quem está à frente do departamento de Canoagem do Flamengo?EF: A canoagem será liderada pelo Supervisor Técnico do Departamento de Remo e Canoagem, o Edson Figueiredo, subordinada ao Diretor Executivo de Esportes Olímpicos, Marcelo Vido, e ao Vice-Presidente de Remo, Gerson Biscotto. O treinador que está sendo contratado pelo Flamengo é o Prof. Pedro Sena, que também faz parte do corpo técnico da Seleção Brasileira.
ER: A partir de 2016, o Flamengo terá escolinha na Gávea?
EF: Sim, ainda em fase de estruturação. Informaremos nos canais oficiais do clube quando o projeto tiver data de início.
ER: Qual a estrutura na Gávea para a Canoagem?
EF: A sede náutica do Flamengo terá estrutura completa para a canoagem.
ER: O Flamengo comprou canoas, caiaques e remos?
EF: Estamos aguardando pregão eletrônico via Confederação Brasileira de Clubes (CBC) para recebermos os novos barcos e remos.
ER: Os treinos serão na Lagoa Rodrigo de Freitas?
EF: Sim.
ER: Ao longo de sua história, o Flamengo teve quase todas as modalidades olímpicas. Uma das que ficaram de fora foi a Canoagem. Havia muita resistência por parte dos remadores que viam nos canoístas uma concorrência e uma ameaça que poderia "tirar alunos" do remo. Como está a relação entre Remo e Canoagem hoje?
EF: Hoje não existe resistência alguma, como jamais deveria ter existido. Acredito que se assim houve foi por falta de habilidade nas gestões da época para promover o entrosamento entre as duas modalidades. Remo e canoagem tem de ter entrosamento perfeito. Assim é e desejamos que sempre seja.
ER: Além da escolinha, o Flamengo vai contratar nomes de peso para montar uma equipe adulta?
EF: O clube montará equipe forte e competitiva caso tenha apoio da iniciativa privada. Do contrário, ira fomentar a base com a formação de novos valores.
ER: A Canoagem do Flamengo foi montada em 2010 pela então presidente Patrícia Amorim. Os canoístas contratados, a maioria da seleção brasileira, treinavam no Paraná e nunca vinham à Gávea. Desta vez será diferente?
EF: Caso o clube contrate atletas de elite (vide resposta anterior) eles treinarão na Lagoa Rodrigo de Freitas.
ER: O atual Presidente Eduardo Bandeira de Mello chegou a encerrar as atividades da Canoagem em 2014, quando dispensou todos os atletas. Por que o clube voltou atrás na Canoagem?
EF: As dispensas ocorreram anteriormente a 2014, por razões de reestruturação do clube. Esse processo de reestruturação se mantém, principalmente neste departamento.
ER: De 2010 para cá, o Flamengo obteve os seguintes resultados no Campeonato Brasileiro: 17º em 2010; 6º em 2011; 7º em 2012; 17º em 2013; não participou em 2014; 35º em 2015. Qual o objetivo a curto, médio e longo prazo?
ER? Última pergunta: a Canoagem tem diversas modalidades sendo aque apenas a de Velocidade e a Slalom são olímpicas. O Flamengo terá além da Canoagem de Velocidade alguma outra modalidade?
EF: Esta resposta esta diretamente ligada ao aporte de um patrocinador para a canoagem. Caso não haja, teremos Escola de Canoagem, competiremos em caiaque e canoa.”
Espera-se dias melhores para a Canoagem do Rio de Janeiro, que tem algumas equipes no interior, como Angra dos Reis, Cabo Frio e Macaé mas que a Federação de Canoagem do Estado do Rio de Janeiro ainda não conseguiu organizar um Campeonato Estadual.
A foto acima é de 2012.
domingo, 2 de junho de 2013
Entrevista com Francisco Alegria
Franciso Alegria está à frente do excelente trabalho realizado nas categorias de base do Voleibol do Fluminense. Nesta entrevista ele também nos conta sobre as perspectivas do voleibol adulto no clube. A foto é de Bruno Haddad/Divulgação FFC.
ER: Qual o objetivo do Fluminense para com o Vôlei do clube?
domingo, 26 de maio de 2013
Entrevista com João Tomasini, Presidente da CBCa
João Tomasini contou uma pouco de sua história, que se confunde com a história da Canoagem no Brasil, ao nosso blog. Ele também fala das perspectivas da CBCa em relação aos Jogos Olímpicos de 2016. ER: Tomasini, pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da Confederação Brasileira de Canoagem?
domingo, 5 de maio de 2013
Entrevista com Carlos Alberto Lancetta, Presidente da FARJ
Carlos Alberto Lancetta foi muito franco nesta entrevista. Critica dirigentes e clubes que fizeram Botafogo, Flamengo e Fluminense largarem o Atletismo; e critica políticos que querem a demolição do Estádio Célio de Barros. Também critica o continuísmo político em federações e confederações esportivas. Leia abaixo. ER: Pode nos contar um pouco de sua tragetória até assumir a presidência da Federação de Atletismo do Estado do Rio de Janeiro?
CAL: Fui atleta de 1962 à 1972. Competi pelo Bangu Atlético Clube, pelo Botafogo de Futebol e Regatas e pelo Grêmio Esportivo Arte e Instrução, onde comecei a minha carreira de técnico após ter concluído o curso de Educação Física. Participei como técnico olímpico em Montreal 1976 e Moscou 1980. Participei ainda de três Campeonatos Mundiais (Düsseldorf 1977, Cidade do México 1979 e Roma 1981), além de participar também como técnico brasileiro em três Universíades (Sófia 1977, Cidade do México 1979 e Bucareste 1981). Ainda como terinador fui heptacampeão brasileiro como técnico chefe da equipe da A. A. U. Gama Filho. Assumi a presidência da FARJ em Janeiro de 2005 e atualmente estou iniciando o terceiro e último mandato porque sou radicalmente contra o continuísmo nas entidades de administração esportiva.
ER: Como você vê hoje o Atletismo no Rio?
CAL: Vejo-o em estado desesperador. Os governos federal, estadual e municipal não entendem absolutamente nada sobre políticas públicas para o esporte. O maior exemplo disto é a demolição do único estádio de atletismo do nosso estado (estádio Célio de Barros) e a impossibilidade de utilização do estádio Olímpico João Havelange para a prática do Atletismo.
ER: Quase não se houve falar em Atletismo no interior do estado. Há pistas no interior? Como é o desenvolvimento dos atletas no interior?
CAL: São muito poucas. A FARJ, através do Projeto Circuito Fluminense de Corrida Rústica e Caminhada, tenta levar o atletismo à cidades do interior do nosso estado. Estamos na terceira edição do projeto. No primeiro momento beneficiamos dez cidades do interior, no segundo momento doze cidades e este ano pretendemos finalizar atendendo a quinze cidades do interior. De que consta o projeto? De capacitação dos professores da municipalidade; de competição de crianças da rede municipal; de caminhada para pessoas da 3ª idade; de Corrida Rústica para toda a população local e entorno.
CAL: Através de iniciativas voltadas para a prática do atletismo através das unidades escolares. A prática de todos os esportes começa nas escolas.
ER: Há algum saudosismo da época em que os clubes de futebol eram fortes no esporte?
CAL: Sim. Eu mesmo sou produto disto. Comecei no Bangu e competi durante quase 10 anos pelo Botafogo de Futebol e Regatas, que me propiciou bolsa de estudo, assistência médica, odontológica e pequena ajuda financeira.
ER: Existe algum projeto de trazer Botafogo, Flamengo e Fluminense de volta ao esporte? Há conversas com os dirigentes destes clubes?
CAL: Não, pelo contrário. O Botafogo de Futebol e Regatas se desfiliou na gestão do presidente Bebeto de Freitas; o Flamengo na gestão da presidente Patrícia Amorim; e o Fluminense na gestão do esporte amador do professor René Machado. Todos estes são oriundos do esporte amador e conhecem profundamente a necessidade de apoio técnico e financeiro ao esporte de base que tem em disputa nos Jogos Olímpicos 141 medalhas.
ER: Quando o Botafogo alugou o Engenhão, houve um movimento interno do clube e até externo para que o Botafogo votasse a ter escolinha e time de Atletismo mas não foi para frente. O clube alegou que seria muito custoso. Contratar técnicos e professores já tendo todo o material de treinamento é tão caro assim?
ER: Quem se destaca no Atletismo do Rio acaba se transferindo para São Paulo para equipes com patrocinadores mais fortes que brigam pelo título do Troféu Brasil. O que se pode fazer para manter estes atletas no Rio?
CAL: Sim, o Rio de Janeiro é sem dúvida o maior celeiro de atletas de velocidade e saltos do nosso país. Porém aqui não temos as condições necessárias para mantê-los. Lei da oferta e da procura. Quem dá mais leva o atleta de melhor qualidade.
12) A Prefeitura do Rio promete construir um novo estádio de Atletismo no lugar do Célio de Barros. A FARJ acredita nisso? No caso do Autódromo, até hoje a nova pista não saiu do papel e a antiga foi demolida...
CAL: Não acredito em nada que seja prometido pelos governantes atuais. O nosso governador Sergio Cabral prometeu-nos que o Célio de Barros não seria demolido para posteriormente afirmar que se isso acontecesse primeiramente seria construído um novo estádio e agora surpreendentemente o secretário da Casa Civil, Régis Fischer, disse que a empresa vencedora da licitação do Maracanã se obrigará a construir o novo estádio num prazo de 30 meses. Portanto, somente em março de 2016 é que teremos supostamente um espaço para treinamento e competições na cidade Olímpica do Rio de Janeiro. Parabéns aos nobres governantes pelo arrojado planejamento estratégico elaborado para o esporte de nossa cidade. Parabéns também ao COB e à CBAt pela conivência de aceitar passivamente tamanho absurdo.
ER: Existe alguma chance do Célio de Barros ser poupado?
CAL: A única chance prometida pelo secretário da Casa Civil Regis Fischer, através do atual secretário de Esporte e Lazer André Lazaroni, é que possamos retirar todo o nosso material de treinamento e competição antes de que o estádio seja implodido (cabe ressaltar que possuímos no interior do Célio de Barros equipamentos com valor estimado de aproximadamente 1 milhão de reais, adquiridos pelo governo federal por ocasião do Pan-americano de 2007, que foram repassados pelo COB à CBAt e que eu Carlos Alberto Lancetta – presidente da FARJ - sou o fiel depositário).
CAL: Atualmente muito boa. De janeiro para cá, porém sempre fiz questão de ser oposição aos 27 anos de ditadura do então antigo presidente. Sou radicalmente contrário ao nepotismo, ao corporativismo e a favorecimentos outros que sempre resultavam no aliciamento das federações nas assembléias promovidas pela confederação. Por tudo isso nunca fiz parte do clã (feudo) governante, embora tenha sido treinador olímpico, atleta de destaque e administrador esportivo com sucesso.
domingo, 28 de abril de 2013
Entrevista com João Garrido, Administrador do Botafogo FA
Confira a entrevista com João Garrido, um dos administradores de Futebol Americano do Botafogo FR, que vai disputar o Torneio Touchdown no segundo semestre deste ano. Ele é responsável pela relação entre o time e o Botafogo FR.ER: Pode nos contar um pouco de sua tragetória até assumir a diretoria do futebol americano do Botafogo?
JG: Meu primeiro contato com o futebol americano foi aos 13 anos de idade, em uma equipe de praia, Falcões. O resultado não podia ser diferente, me apaixonei pelo esporte. Como jogador, fiz parte de grandes grupos e acompanhei de perto seu crescimento, ajudando dentro e fora de campo. Fui também convocado para a Seleção Brasileira e para a Seleção Carioca Sub19, além de ter sido eleito "Most Valuable Player" - MVP (melhor jogador) do campeonato mais tradicional das praias do Rio de Janeiro (Saquarema Bowl), Entre outros fatos importantes. O time de grama Botafogo Futebol Americano foi fundado por Ivan Franklin, fundador do Mamutes (time de praia), pelo treinador principal Carlos Lynho, pelo Diretor de esportes de praia Marcus Garrido (o Pai do futebol americano no BFR) e por mim. Nós demos o ponta pé inicial para que o projeto saísse do papel e entrasse em vigor. Contamos também com a ajuda de jogadores que foram importantes para o crescimento e andamento da equipe.
ER: Como funciona a parceria do clube com o time? O que o clube oferece ao time?
JG: Desde a fundação do Botafogo Futebol Americano houve um acordo com o Botafogo de Futebol e Regatas que autorizava o uso de seu nome, marca e escudo. Recentemente o clube abriu espaço para que o esporte fosse reconhecido de forma efetiva e permitiu que houvesse uma maior aproximação entre a nossa administração e a diretoria do Botafogo FR. Este foi um passo muito importante para integração e alinhamento com os objetivos do clube, afinal, somos todos Botafogo! A realização do recrutamento 2013 do Botafogo Futebol Americano na sede de General Severiano é um excelente exemplo de sucesso desta parceria.
ER: Qual o custo mensal do time? O clube arca com este custo ou o time tem patrocinadores?
JG: O custo mensal do time é bastante elevado e gira em torno de R$ 20 mil por mês. Na prática, hoje, os jogadores arcam com praticamente todas as despesas e utilizam equipamentos próprios. Não há ajuda de custo para atletas, comissão técnica ou administração do time. Estamos em busca de patrocinadores que acreditam no esporte tanto quanto nós e estejam dispostos a crescer junto com o futebol americano no Brasil.
ER: Botafogo FA, time de futebol americano de campo, tem vínculo com o Botafogo FR Mamutes, time de Futebol Americano de Praia Masculino, e Botafogo FR Flames times de Futebol Americano Feminino de praia?
JG: Há um vínculo formal entre as equipes de areia e grama, entretanto as administrações são independentes. Uma comparação didática é a diferença de estrutura que existe no vôlei de quadra e de praia: comissões técnicas e administrativas diferentes, mas havendo a possibilidade de haver atletas que praticam ambas as modalidades.
ER: O Botafogo vai disputar o Torneio Touchdown de 2013. Qual a expectativa para esta competição?
JG: O Botafogo Futebol Americano passou por algumas mudanças importantes em sua administração e, como mencionado anteriormente, está buscando uma sinergia cada vez maior com o clube Botafogo de Futebol e Regatas. Todas as ações realizadas até hoje, inclusive a realidade de treinos em um dos mais belos cartões de visita do Rio de Janeiro, aumentam cada vez mais a motivação de nossos atletas. A nossa expectativa? Ser campões do Torneio Touchdown 2013.
ER: Em 2012, o Botafogo foi eliminado nas 4as de Final do Torneio Touchdown. Dá para ir mais além este ano? Por que?
JG: Com certeza. No ano passado a equipe tinha total condição de ter chegado à final e, neste ano, temos convicção de que o time está mais maduro e de que os resultados virão como frutos de todo um trabalho que vem sido desenvolvido.
ER: Há uma divisão no futebol americano brasileiro. O Torneio Touchdown parece mais forte que o Campeonato Brasileiro. No entanto, o Brasileiro é a competição oficial da CBFA. É possível unir as equipes numa só competição e quem sabe criar duas ou três divisões?
JG: Entendemos que haverá ainda muitos ajustes na organização do esporte. Somos a favor do crescimento da modalidade. Atualmente, o Torneio Touchdown oferece maior visibilidade aos times que o campeonato organizado pela Federação. Não temos conhecimento sobre planos de criação de divisões.
ER: Além do Botafogo, Fluminense, Vasco da Gama e Botafogo Reptiles têm equipes de grama. Por que ainda não se criou um Campeonato Estadual?
JG: Inicialmente devido aos custos, que são bastante elevados. Por esta razão, os times cariocas buscaram privilegiar as competições nacionais. Além disso, o futebol americano jogado na praia ainda é muito forte no Rio de Janeiro, mobilizando os jogadores por ser de fácil acesso e ter custos baixos.
ER: Como você vê o interesse das meninas pelo esporte? Ainda há poucas equipes, principalmente no Rio.
JG: Vemos sim que há poucas mulheres. A modalidade assusta um pouco as meninas de maneira geral. Não estou muito por dentro do que se passa nas outras equipes, mas no Botafogo Flames, as novatas são sempre muito bem recebidas no time e isso contribui para que mais mulheres se interessem pelo esporte. Elas seguem firmes e fortes para o campeonato estadual e estão sempre à procura e de portas abertas para novas praticantes! Acredito que nas outras equipes isto não seja diferente.
ER: O Botafogo vai mandar seus jogos no Caio Martins? Qual o preço dos ingressos?
JG: Ainda estamos nos organizando para esta temporada, que começa a partir de junho. Acompanhem informações e novidades no site: www.botafogofa.com.br ou www.facebook.com/botafogofa
ER: Deseja deixar um recado final para a torcida alvi-negra?
JG: Obrigado pelo carinho e apoio de todos os torcedores. Vamos juntos rumo ao título! Continuem nos incentivando, apoiando, torcendo! Continuem vibrando, gritando, comemorando! É isso que nos move! “...Noutros esportes tua fibra está presente...”
domingo, 21 de abril de 2013
Entrevista com Alexandre Póvoa, Vice-Presidente de Esportes Olímpicos do Flamengo
Alexandre Póvoa assumiu a Vice-Presidência de Esportes Olímpicos do Flamengo no início de 2013. Ela fala sobre os planos do Flamengo para cada esporte, a estrutura da Gávea e dá pista de que o Handebol pode voltar ao rubro-negro. Confira!ER: Alexandre, durante sua infância você foi sócio e atleta do Basquete. Praticou mais esportes na Gávea, além do Basquete?
AP: Fiz escolinha de natação no Flamengo. Apenas como sócio, nunca em escolinha, jogava futebol, vôlei, entre outros esportes. Sempre gostei de qualquer esporte que tenha bola, até hoje sou praticante frequente.
ER: Qual era o clima no clube naquela época comparando com agora?
AP: Não gosto muito de saudosismos baratos, até porque a realidade do esporte era outra. O futebol não envolvia cifras milionárias como hoje e os atletas dos esportes olímpicos, com raríssimas exceções, viviam de ajuda de custo e “vale-lanche” ao final do treino. E as coisas funcionavam com uma harmonia total, muito saudável, não havia essa bobagem de dicotomia entre esportes olímpicos e futebol. O Flamengo vivia sem problemas a sua vocação de clube multiesportivo. Hoje, sinto que, talvez pela situação de penúria que vive o clube, e as cifras enormes que envolvem sobretudo o futebol, houve uma desintegração grande desse clima de harmonia. O ambiente é diferente, houve um esvaziamento das escolinhas, a ligação entre os esportes inexiste. É meio um “salve-se quem puder” e isso torna a sinergia do clube bem mais fraca. Sem saudosismos bobos, precisamos recuperar os velhos tempos nesse aspecto, entendendo as características de hoje.
ER: Muitas modalidades esportivas deixaram o clube dos anos 80 para cá. Entre outras foram Esgrima, Xadrez, Ginástica Rítmica, Handebol, Patinação,... Alguma delas te faz falta? Você pretende reintroduzir alguma no Flamengo?
AP: É impossível o Flamengo ter todos os esportes. Nosso planejamento para 2013 é criar projetos para garantir a sustentabilidade (leis de incentivo e patrocínios) dos nove esportes que temos sob nossa gestão – basquete, vôlei, ginástica artística, judô, tênis e os aquáticos (natação, nado sincronizado e pólo aquático). O nono esporte, que é a novidade, é o futebol de salão, que voltou a ficar sob a gestão da Vice-Presidência de Esportes Olímpicos.
ER: Como está a elaboração do plano diretor para a sede da Gávea?
AP: Estamos em fase inicial de elaboração de um Plano Diretor, capitaneado pela Vice-Presidência de Patrimônio, com a participação do Fla-Gávea e Esportes Olímpicos. Olhando a experiência de clubes como o Minas Tênis e Pinheiros, o importante é aprovar um Plano Diretor definitivo no Conselho Deliberativo para evitar futuros “puxadinhos” na Gávea. A partir da aprovação, ao longo dos anos, vamos correndo atrás de recursos para completá-lo. A Gávea precisa crescer “para cima”, dentro dos gabaritos permitidos, para que criemos mais espaços para os sócios e atletas.
ER: Duas estruturas que existiam na Gávea até os anos 90 fazem falta aos sócios do clube que as utilizavam e ao próprio Flamengo pela tradição de conquistas: a pista de Atletismo ao redor do campo de futebol e o estande de Tiro, que ficava atrás do gol do Jockey Club. É possível reconstruir ambos os espaços? São dois dos esportes que mais dão medalhas em Jogos Olímpicos...·.
AP: Queremos otimizar o espaço da Gávea tanto no âmbito social como esportivo. O momento de discutir qualquer volta de esportes é agora, na elaboração do Plano Diretor. Queremos escutar os sócios para ver quais são as preferências, tudo é em tese possível, mas é claro que os esportes atuais terão prioridade.
ER: O Comitê Olímpico dos Estados Unidos vai usar a Gávea para treinamento durante os Jogos de 2016. A Gávea, infelizmente, abriga poucas modalidades olímpicas. É possível conseguir verba com os americanos para construir novas estruturas (inclusive as de Atletismo e Tiro mencionadas acima)?
AP: Encontramos um contrato firmado com o Comitê Olímpico dos EUA que não nos satisfez em termos de benefícios de longo prazo para o Flamengo. Propusemos a eles novos termos, que envolve um acordo bem mais amplo e estamos aguardando a resposta. Acho que o maior clube do Brasil e o maior Comitê Olímpico do mundo devem firmar um contrato à altura de suas respectivas importâncias. Isso envolve, sem dúvida, uma ajuda financeira, diretamente traduzida na reforma das instalações esportivas, muito maior que a anteriormente contemplada no contrato original.
ER: Como você viu a dispensa dos atletas de ponta de Canoagem, Ginástica Artística, Judô e Natação? Você participou desta tomada de decisão?
AP: Claro que participei! Eu sou o Vice-Presidente de Esportes Olímpicos. As pessoas não entendem, porém, que todas as decisões importantes nessa gestão - em qualquer área, do futebol ao social, passando da área financeira aos esportes olímpicos - são tomadas em colegiado, onde buscamos consenso. Mas cada um tem um voto na decisão final. Decisão tomada, a decisão é de todos. É assim que deve funcionar qualquer grupo, por isso a preocupação que todos os componentes tenham um alto nível para opinar sobre propostas para o futuro do Flamengo. Foram decisões duras, mas proporcionais à situação encontrada no clube na área de esportes olímpicos: R$ 17 milhões de despesas, R$ 2,5 milhões de receitas, com um buraco de R$ 14,5 milhões/ano de déficit. Três meses de salários atrasados, situações constrangedoras de ameaças de despejo de atletas por conta de aluguéis não pagos, dívidas com fornecedores, enfim, uma situação de verdadeiro caos. Decisões duras, mas necessárias. Queremos reconstruir a estrutura de esportes olímpicos em bases muito mais sólidas para voltar com esses esportes de ponta em futuro próximo.
ER: Já começou a reforma e recuperação do Ginásio Cláudio Coutinho da Ginástica Artística?
AP: Finalmente, agora no dia 02 de abril, está marcada a vistoria final da seguradora. Em eles liberando os recursos, o prazo para conclusão é de 3 a 4 meses. Esperamos estar com as obras concluídas no início do último trimestre de 2013. Por enquanto, provisoriamente, montamos um espaço no segundo andar do museu para tentar minimizar o problema, mas é claro que se trata de uma solução provisória não ideal.
ER: Há pelo menos dois anos o Flamengo diz que vai reformar seu Parque Aquático. Primeiro ia conseguir patrocínio porque tinha uma equipe de ponta. Agora disse que ia usar o valor dos salários dos atletas dispensados para iniciar a reforma. Em que pé está isso?
AP: Ninguém disse que ia usar os salários dos atletas para reformar a piscina. O que foi dito é que era um absurdo contratar sem patrocínio algum uma equipe inteira de natação (que custava R$ 5 milhões/ano) sem nem 10% dos custos cobertos por patrocínios e sem poder nadar no clube (na época, sabíamos apenas que a piscina não poderia receber atletas de ponta por problemas de manutenção). Por isso resolvemos, ao final de dezembro, pela não renovação dos contratos da natação de ponta. Quando assumimos, tivemos que literalmente fechar a piscina porque descobrimos que vazavam 6 mil litros de água por dia, com uma espantosa conta de R$ 500 mil / mês, Cabe ressaltar que a piscina não foi interditada para ser reformada imediatamente, precisamos de recursos, que estamos tentando buscar através de várias fontes. Portanto. que fique claro que a piscina foi interditada por uma questão óbvia financeira do valor da conta de água e, sobretudo, pelo fato do laudo dos engenheiros apontar para um risco iminente de desabamento da estrutura.
ER: A antiga diretoria apostava na Canoagem e desejava construir um espaço anexo ao departamento de Remo para a escolinha e garagem das canoas. Com a dispensa destes atletas, o Flamengo desistiu deste projeto?
AP: A Canoagem é um assunto da Vice-Presidência de Remo, seria interessante conversar com o José Maria Sobrinho, que comanda a pasta.
ER: Já foi noticiado que o Flamengo quer construir uma grande arena para esportes de quadra no lugar do antigo posto Esso. Como está isso?
AP: Esse é um velho sonho nosso – ter nossa própria arena – que está próximo. Precisamos ter todas as aprovações legais (inclusive da Prefeitura) e o projeto pronto e discutido internamente para levarmos à aprovação do Conselho Deliberativo. O assunto está caminhando rapidamente e esperamos até o final desse semestre já termos uma situação mais clara do processo.
ER: Cristina Callou, ex-vice-presidente de Esportes Olímpicos, contou em sua entrevista ao Esporte Rio que o Flamengo havia terceirizado o departamento de Tênis para uma empresa especializada. O Tênis continua terceirizado? Por que?
AP: O Tênis havia passado para a gestão do Fla-Gávea na última gestão. Agora volta à Vice-Presidência de Esportes Olímpicos e acaba a terceirização por um motivo simples: O Flamengo é um clube esportivo e por isso não faz o menor sentido terceirizar o seu âmago, a razão de existir do clube, a atividade-fim. Terceirizamos limpeza, serviços em geral, o que é atividade-meio para termos um clube forte. Já estamos discutindo com o pessoal do Tênis a volta às origens. Começaremos com as escolinhas próprias para depois buscarmos voltar a ter equipes, sempre começando pela base.
ER: O Flamengo tem um timaço masculino de Basquete. Até recentemente, nem escolinha feminina o clube tinha, apesar de nos anos 60, o clube ter sido campeão mundial. O Fla vai reabrir a escolinha para meninas?
AP: Em termos de escolinhas, é uma possibilidade a ser estudada. Para equipes, novamente, a prioridade inicial é dar sustentabilidade financeira para reformar estrutura do clube e dar condições a evolução para os atletas dos esportes que estão atualmente funcionando no clube.
ER: E o time masculino de basquete continua depois do NBB?
AP: O basquete é o segundo esporte do clube em termos de preferência da torcida. Faremos de tudo para prover as melhores condições para que estejamos sempre disputando a NBB com condições de vencer.
ER: A imprensa esportiva noticiou em Janeiro e Fevereiro que o Flamengo teria times profissionais de voleibol a partir da temporada 2013/14. Seria um time feminino, com patrocínio da Nestlé e da Sky e um time masculino com apoio da EBX e da Sky. Isso é verdade? Ou da onde teriam vindo estes boatos?
AP: O vôlei é o segundo esporte em termos de popularidade no Brasil. É de interesse do Flamengo discutir potenciais parcerias para a disputa da Superliga, mas há dois empecilhos importantes no curto prazo: O primeiro é que hoje, para se formar um time de alto nível, o custo é muito elevado, o que torna as discussões mais complexas com os potenciais parceiros; e, segundo, a temporada está acabando, o que faz com que o curto tempo vire um inimigo.
ER: Com a arena para esportes de quadra, seria bom o Flamengo ter mais equipes adultas, pois se não o espaço vai ficar ocioso, concorda?
AP: Em tese sim. Mas devemos lembrar que essas equipes de ponta devem ser autossustentáveis e que, vestindo o manto sagrado, sempre temos que formar equipes em condições de disputar os campeonatos que disputa. Na base, nossa obrigação deve ser sempre formar cidadãos e jogadores para o futuro, nessa ordem. Nos esportes de ponta, temos que buscar a vitória sempre, o que torna o investimento necessário mais elevado, fazendo com que a formação de equipes fique mais cara. Mas como sonhar não custa nada, porque não imaginar times competitivos e patrocinados de basquete, vôlei e futebol de salão se revezando na nova arena para o deleite de todos nós rubro-negros? Vamos trabalhar para isso acontecer no médio prazo!
ER: Um esporte que é muito popular nas escolas mas que ainda não cresceu a nível adulto profissional no Brasil é o Handebol, esporte que o Flamengo praticou e conquistou diversos títulos. É possível reabrir a escolinha desta modalidade na Gávea?
AP: Agora, em tese, é possível, porque as dimensões da nova quadra de futebol de salão do ginásio Togo Renan Soares são as mesmas do tamanho oficial das quadras de handebol.
ER: A Bocha é um esporte paralímpico, que vai estar presente no Rio 2016. É um esporte bastante praticado no Sul do país e que o Flamengo já teve suas glórias na modalidade. É possível o Flamengo voltar a investir na Bocha e em outros esportes paralímpicos?
AP: A bocha não está sob a Vice-Presidência de Esportes Olímpicos, estando hoje sob a responsabilidade do Fla-Gávea. Há algumas atividades que ficarão mais como lazer dos sócios, não havendo a intenção de investirmos para competições.
ER: Qual o seu sonho particular enquanto que responsável pelos esportes olímpicos do Flamengo?
AP: Meu sonho é chegar ao final de 2015 com o orçamento dos esportes olímpicos 100% sustentável, com a estrutura da Gávea totalmente reformada e com todas as modalidades esportivas, com projetos próprios desde a escolinha até a ponta, crescendo e formando atletas. Enfim, abrir o caminho para tornar o Flamengo a maior potência olímpica do Brasil. Não troco isso por títulos importantes no curto prazo e nem por uma presença maciça de atletas rubro-negros na Olimpíada do Rio. Se puderem acontecer, ótimo. Mas garanto que o primeiro parágrafo, se realizado, garantirá a formação de cidadãos e grandes atletas, o que será a base para grandes conquistas no futuro e presença garantida nas futuras Olimpíadas.
ER: Muitos torcedores do Flamengo torcem pelo clube apenas no Futebol e dizem que o esporte olímpico é apenas prejuízo. O que você pode dizer a estes torcedores?
AP: É evidente que o futebol é, disparado, o esporte mais importante do clube. Negar o óbvio ululante é burrice. Mas a vocação do Flamengo é de ser um clube multiesportivo e devemos ter muito orgulho disso. Somos o único clube do Brasil que tem futebol e os demais esportes olímpicos fortes. O tamanho do Flamengo permite que tenhamos um clube social, futebol e os esportes olímpicos rodando de forma autônoma, sem prejuízos. Não existe contradição entre eles se o clube for bem gerido. A torcida do Flamengo é o pré-sal inexplorado do Flamengo que vai comprovar essa tese nos próximos anos.
ER: Deseja deixar um recado final?
AP: Queria agradecer e dizer a todos os rubro-negros pelo apoio recebido nos primeiros três meses e que não vamos recuar um milímetro na idéia de colocar o Flamengo entre os cinco maiores clubes do mundo. A situação do clube é caótica em termos financeiros e de organização. Mesmo com tudo que temos feito, dando alguns passos para trás, 2013 será um ano duríssimo para todos nós. Porém, a partir de 2014, com enormes trabalhos e sacrifícios, temos a certeza que daremos largos passos para frente. Dessa vez, conseguimos enxergar uma luz forte no fim do túnel. É podem ter a certeza que dessa vez não é “um trem vindo em nossa direção” e sim uma luz de esperança e de um futuro melhor para a nossa maior paixão. Abraços e saudações rubro-negras.
domingo, 14 de abril de 2013
Entrevista com Paulo Carvalho, Novo Presidente da FRERJ
Paulo Carvalho é o novo Presidente da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro. Ele foi eleito e iniciou seu mandato no início deste ano. Veja o que podemos esperar de sua administração: ER: Pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro?
ER: O que você pretende mudar no Remo do estado?
ER: Como você se diferencia do seu antecessor, Mauro Ney Palmeiro?
ER: O remo estadual é quase que todo ele resumido a Botafogo, Flamengo e Vasco. Como atrair
novos clubes para o esporte?
ER: É possível trazer os clubes tradicionais (Boqueirão do Passeio, Gragroatá, São Cristóvão e Internacional de Regatas) de volta às regatas?
Baleeira. Foi um segundo lugar que me marcou.
ER: Só um time de remo do interior do estado disputa o Campeonato Estadual. Como fazer para desenvolver o remo no interior?
ER: O Estadual de Remo é todo disputado na Lagoa Rodrigo de Freitas. É possível levar uma regata para interior do estado?
ER: O Fluminense FC é detentor da Taça Olímpica e campeão em diversos esportes mas nunca teve remo. Existe algum projeto de trazer o Fluminense para o Remo?
ER: Recentemente vimos uma mortandade de 70 toneladas de peixe na Lagoa Rodrigo de Freitas, que continua muito poluída. O que será feito até a Olimpíada para limpar a Lagoa?
ER: A velejadora Isabel Swan tem denunciado a sujeira na Baía de Guanabara, onde será disputada a Vela nos Jogos de 2016. É possível que Remo e Vela se unam contra a poluição das raias olímpicas?
ER: Ainda falando de Rio 2016, o que o governo tem feito pelo Remo visando os Jogos Olímpicos?
ER: Os clubes do Rio reclamam que a Confederação Brasileira de Remo não organiza um Troféu Brasil Interclubes, preferindo premiar individualmente cada atleta. A FRERJ tem como intervir nesta questão e pedir uma competição que determine o melhor clube brasileiro da temporada?
ER: Deseja deixar um recado final?
domingo, 7 de abril de 2013
Entrevista com Dragos Stanica, Técnico de Levantamento de Peso Olímpico
ER: Você praticou diversos esportes quando era criança. Por que se especializou no Levantamento de Peso?
DS: Foi o esporte que mais me desafiou. Tinha facilidade em correr ou praticar lutas mas não conseguia fazer arranque! Apesar de que não reparei nisso rápido. A emoção, tensão e a adrenalina que o treino me davam me determinou continuar e me especializar.
ER: Por que o Levantamento de Peso é popular na Romênia e no Brasil não é?
DS: Levantamento Olímpico não é popular na Romênia, mas também não e considerado anormal. Os atletas são muito respeitados apesar de que não ganham muito dinheiro. No Brasil o LPO é ligado muito a fisiculturismo e Levantamento básico. Ninguém conhece LPO mas todo mundo tem uma opinião formada sobre as duas modalidades acima mencionadas. O fato de faltar ídolos olímpicos - nunca ganhamos medalha nos Jogos - fator cultural, e o fato de não ser bem remunerado desmotivam as pessoas a praticar.
ER: Como você vê o panorama geral do Levantamento de Peso no Brasil?
DS: A base logística, e muito fraca. Tem um punho de treinadores e a Confederação Brasileira de Levantamento de Peso tem recursos limitados. Temos quatro clubes que investem e pagam profissionais para administrar os treinos. As federações são fracas e sem recursos. Existem sete atletas de nível panamericano e o Brasil se tornou favorito a medalhas panamericanas mas não tem nenhuma filosofia de trabalho com juniores.
ER: Um atleta na Romênia ganha dinheiro com o Levantamento de Peso?
DS: A estrutura do esporte romeno é diferente: paga-se a medalha e para medalhistas olímpicos, mundiais e europeus paga-se uma renda para o resto da vida. As condições de treinamento são muito melhores. Tudo é pago pelo governo. Então, apesar de que os atletas brasileiros ganham mais mensalmente, os atletas romenos ficam com mais dinheiro no fim do ano e da carreira.
ER: Qual a maior dificuldade dos atletas do Levantamento de Peso no Brasil?
DS: Começo: faltam bons treinadores para iniciação e não têm apoio nenhum em termos de transporte, alimentação, escola (bolsas) e equipamento.
ER: Você competiu por quais clubes na Romênia? E no Brasil?
DS: Na Romênia competi pelo CS Olímpia Bucareste e FC Estrela do Bucareste. No Brasil para EC Pinheiros e CNR Santa Luzia.
ER: Como foi sua lesão que fez você abandonar a carreira?
DS: Aconteceu quando trabalhava no Circo Marcos Frota, e foi realizando exercícios de acrobacia.
ER: O que os governos federal, estadual e municipal têm feito pelo Levantamento de Peso visando a Olimpíada de 2016?
DS: Nada especifico. O Governo Federal investe mal (não trabalha com especialistas da modalidade) mas investe em programas tipo Bolsa Atleta ou incentivo ao esporte. A bolsa atleta representa a maior fonte de recursos para a modalidade em nosso dias. Os projetos do LPO do Ministério são baseados em quem conhece quem, não em uma análise lógica! Os outros dois órgãos existem somente no papel e têm algumas iniciativas isoladas (uma bolsa estadual para algum atleta). O município construiu uma estrutura em uma escola mas tudo totalmente amador (não se trabalha com especialistas da modalidade) e sem continuidade.
ER: Você acredita em medalhas do Brasil no Rio 2016?
DS: Tem chances minúsculas mas existem!
ER: O Levantamento de Peso no Rio já foi muito popular nos clubes de massa, de futebol, como Botafogo, Flamengo e Vasco da Gama. É possível resgatar o Levantamento de Peso nestes clubes?
DS: Não, eles não estão enxergando o LPO como uma modalidade que vai dar retorno para eles.
ER: Há muitas academias de ginástica no Rio e no Brasil. Como explicar a existência de milhares de levantadores de peso amadoras e tão poucos atletas?
DS: Temos milhões de corredores mas poucos fazem atletismo de alta performance. A diferença de treinamento é absurda entre os amadores e profissionais. Um atleta amador de corrida corre; um atleta amador de luta, luta; o atleta amador de futebol, joga; mas atleta de academia de musculação nem passa perto de arranque e arremesso. A idade dos praticantes de academia também e incompatível com esporte de alta performance.
ER: Se uma pessoa quiser entrar para o esporte, quem ela deve procurar?
DS: A CBLP ou federações estaduais, mas somente se tiver a idade adequada.
ER: O CT de Levantamento de Peso do Rio é bom?
DS: O CT do Rio do Clube APCEF pode ser considerado um bom centro. Faltam detalhes para ser transformado em um excelente centro.
ER: Você ainda acompanha o Levantamento de Peso da Romênia?
DS: Sim, às vezes passo uma temporada lá para me atualizar. Depois de uma vida na modalidade todos os meus amigos da infância e adolescência são romenos e envolvidos com o LPO.
ER: Deseja deixar um recado final?
DS: Sem se adotar a mesma estrutura existente entre o COB e as Confederações, todas as federações do estado vão agonizar e não vão produzir nada para os Jogos Olímpicos de 2016. Somente as federações são capazes de receber investimentos e reverter eles de forma prática para as modalidades a longo prazo. Federação não é clube, onde o dirigente tira a modalidade quando quer! Há estados que já distribuem recursos para as federações. Infelizmente a inércia política do Rio em matéria de esporte é crônica



