domingo, 6 de maio de 2012

Entrevista com Mauro Ney Palmeiro, Presidente da FRERJºªã

Mauro Ney Palmeiro
O Esporte Rio entrevistou Mauro Ney Palmeiro, Presidente da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro. Ele dá um panorama geral do Remo no estado do Rio de Janeiro e fala um pouco do seu Botafogo.


ER: Mauro, o que é mais fácil: ser presidente do Botafogo, dirigente da Confederação Brasileira de Remo ou Presidente da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro?
MNP: Sem dúvida o mais difícil seria a Presidência do Botafogo, uma vez que o componente paixão muitas vezes supera o componente razão, o que não é indicado para um bom administrador. Entendendo essa situação, hoje, os Clubes estão caminhando para profisionalizar suas administrações, procurando imprimir o cunho empresarial. Entretanto, creio que o fundamental do esporte é justamente a paixão. Não aceito um esporte composto de espectadores e não de torcedores. O atleta gosta de público, de torcida, seja ela contra ou a favor.
 

ER: Como sobrevive hoje a FRERJ?
MNP: A FRERJ sobrevive das mensalidades pagas pelos Filiados para cobrir as despesas ordinárias, tais como: Condomínio, luz, pagamento de salários, telefone, etc. As despesas das Regatas (medalhes, troféus, ambulância, arbitragem, etc), são rateadas pelos Clubes participantes. A Confederação de Remo tem patrocínio, além da polpuda verba que recebe da Lei Piva, porém as Federaçãoes nada recebem.

ER: A FRERJ recebe algum apoio financeiro do governo para investir em novas escolinhas e formar novos atletas?
MNP: Não.

ER: Quais os clubes filiados em dia com a FRERJ?
MNP: Os Clubes Filiados a FRERJ são CR Flamengo, Botafogo FR, CR Vasco da Gama, Escola Naval, CR Piraquê, CR Guanabara, Assoc. NNFR e CR Loureiro.

ER: Qual a situação do Remo no interior do estado?
MNP: A nossa visão é otimista. Aos poucos o tradicionalíssimo remo de Campos está ressurgindo e a maior prova disso são os resultados obtidos pela ANNFR de Campos que com muito sacrifício obteve a 4ª colocação no Campeonato Estadual passado, chegando atrás apenas dos grandes e pontuando somente nas divisões de base. Outro belo trabalho está sendo desenvolvido em Volta Redonda, onde foi criada a primeira escola Municipal destinada ao aprendizado do remo no Brasil.

ER: É possível levar regatas do Campeonato Estadual para outras raias, além da Lagoa Rodrigo de Freitas?
MNP: Possível é, porém devemos reconhecer que é custoso, pois o transporte dos barcos para fora do Rio é bastante dispendioso.


ER: O Campeonato Estadual de 2003 encontra-se sub-júdice. Há previsão para a justiça desportiva resolver o impasse?
MNP: A matéria encontra-se sub-júdice e na justiça comum, não havendo nenhuma expectativa positiva de resolução positiva do problema.

ER: Dos clubes grandes do Rio, o Fluminense jamais fez parte da FRERJ. É possível trazer o clube para o Remo? Já houve alguma conversa neste sentido?
MNP: Não cabe a FRERJ procurar o Fluminense. Mas as portas da FRERJ estarão sempre abertas para o Fluminense ou qualquer outro Clube que queira participar do remo.

ER: Os clubes do Rio reclamam do formato de disputa do Campeonato Brasileiro. Nos últimos dois anos, a CBR não declarou um clube campeão. É FRERJ já conversou a CBR a respeito? É possível mudar a fórmula de disputa já para este ano?
MNP: Infelizmente não há diálogo com a CBR. praticamente todas as Federações e Clubes são preteridos. A administração é ditatorial. Não há diálogo com os Clubes e nem com as Federaçõss. Felizmente este ano é ano eleitoral e com toda certeza as coisas serão mudadas na CBR. Não tem cabimento disputar-se um Campeonato, como o Brasileiro, e ao final não ser proclamado um campeão. Coisas da CBR.

ER: Boqueirão do Passeio, Internacional de Regatas e São Cristóvão ainda têm sedes náuticas. O remo ainda é praticado nestes clubes?
MNP: Não. Logo no início da nossa administração, atendendo a alguns pedidos, fizemos realizar uma regata no Calabouço, visando trazer de volta algumas dessas agremiações citadas, como também Icarai e Gragoatá. Os Clubes atuais cederam barcos e remadores que remaram com as camisas destes tradicionais clubes, entretanto não houve evolução. O remo é um esporte caro e não é fácil montar uma equipe e fundamentalmente estruturá-la.

ER: Qual o objetivo da FRERJ para as Olimpíadas do Rio 2016?
MNP: A FRERJ trabalha com afinco junto com seus Filiados no objetivo da renovação de valores. Praticamos o melhor campeonato de juniors do Brasil. Além da Regatas do Campeonato Estadual, trimestralmente realizamos regatas de escolinhas de remo e nas nossas regatas oficiais temos sempre uma prova dedicada a categoria infantil. Esse esforço visa fundamentalmente a renovação de valores no remo.

ER: Como Botafoguense, como você vê o fato do Botafogo não vencer o Estadual de Remo desde 1964?
MNP: Realmente o Botafogo tem poucos títulos em relação a sua tradição neste esporte. Atualmente o Clube vive um bom momento, teve uma boa participação no Campeonato passado, aonde ganhou algumas categorias sobretudo a categoria aberta. Quanto ao título de 1964, o último conquistado pelo Botafogo, estava ao lado do meu pai, Presidente da época, Ney Palmeiro, com o Estádio de Remo bem diferente do de hoje, completamente lotado e vibrei com o feito de Ivon, Willy, Caçador, Rodney, Johson, etc. Não podia atinar que daquela manhã gloriosa até os dias de hoje não vibraria mais com este título.

ER: Em 2010, o Flamengo começou a contratar diversos canoístas. É possível dividir espaço na Lagoa Rodrigo de Freitas com a Canoagem (já há Vela e Esqui Aquático, além do Remo).
MNP: É possível e isto está sendo feito. Desde que seja respeitado a antiguidade do remo que detém prioridade na raia. Entretanto o Ski aquático é proibido e tem sua área limitada a um trecho em frente ao CR Caiçáras, por usar barco a motor.

ER: Deseja deixar um recado final para o torcedor ou atleta do Remo?
MNP: Que os amigos e aficcionados do remo compareçam as Regatas.

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