O Esporte Rio conversou com Marcelo Barros, presidente da Portuguesa, um clube que passou por uma verdadeira revolução nos últimos anos.
Bato-Papo com Marcelo Barros
ER: Quem é Marcelo Barros?
MB: Quem sou eu? Sou um cara que viveu a vida inteira dentro do esporte. Apesar de não exercer mais esta função, sou professor de educação física e empresário. Trabalho também na prefeitura e sou um cara apaixonado pela Ilha do Governador, principalmente pela Portuguesa.Aqui aprendi praticamente tudo o que sei sobre o clube desde o nascimento. Foi graças a meu pai, João Rego, que talvez tenha sido um dos maiores presidentes que o clube já teve. Ele me ensinou tudo, tudo, tudo na vida. Ele me ensinou a ser Portuguesa, a amar a Portuguesa. Ele talvez tenha sido o cara que mais amasse a Portuguesa. Então, este sou eu: um cara que vibra e é louco por ver a Portuguesa grande.
O futsal faz um grande trabalho realmente. A gente sempre tentou ajudar da maneira que a gente pôde. Para podermos participar da Liga Futsal, é preciso ter um patrocinador, um investidor. Temos os pés juntos no chão e sabemos onde podemos pisar. Estamos abertos, porém, a um parceiro que possa fomentar este esporte.
ER: Por que ser Presidente da Portuguesa?
MB: Porque eu acho que a Portuguesa precisa continuar no caminho do crescimento. A gente não mede esforços para que isso aconteça. Durante estes 15 anos em que estamos à frente do clube, temos feito uma engenharia financeira, pagamos as dívidas e fizemos uma engenharia para o clube crescer.Acho que a gente conseguiu avançar muito. Este é o grande motivo. A gente tenta dar um pouco de nós, enquanto tiver energia e vontade para tentar ajudar o clube, da maneira que conhecemos e sabemos fazer.
ER: Quantos sócios em dia tem o clube e quanto custa a mensalidade?
MB: A gente tem 12 mil sócios, somando os dependentes e os sócios proprietários. Os sócios ativos, com a mensalidade em dia, são três mil e pouco. A mensalidade custa R$ 100,00.ER: Na sua visão, é mais fácil gerir um clube pequeno da capital ou um time do interior do estado do Rio?
MB: Sem sombra de dúvidas, é mais fácil gerir um clube pequeno da capital. Primeiro, porque para o jogador é mais fácil ter acesso. Trazer jogadores para a capital é mais fácil do que você levá-los para o interior. Não tenho dúvidas disso. Agora, trabalhar em um clube pequeno, gerir um clube pequeno, é igual em todos os lugares, tirando esta diferença de você estando na capital, ter mais facilidade de trazer jogadores e tentar arrumar algum patrocínio. Há algumas diferenças, mas no dia a dia é bastante parecido.ER: A Portuguesa passou por uma modernização gigante nos últimos dez, quinze anos. Futebol e clube melhoraram muito. Além do senhor, a quem e a que se deve este resultado?
MB: Faço questão de pontuar esta questão porque passamos por muitas dificuldades no início, quando a gente assumiu. Tivemos que arregaçar muito a manga para, primeiro, dar credibilidade ao clube que não tinha. Depois disso, conseguimos trazer parceiros, patrocinadores e começamos a fazer eventos, resgatando o orgulho de ser lusitano.Buscamos trazer novas torcidas que não existiam. Hoje, a gente vê o estádio cheio. Ficamos muito felizes com isso, sinal de que a gente está no caminho certo. É preciso dar crédito à diretoria, às pessoas que estão conosco no dia a dia, principalmente às que começaram 15 anos atrás conosco e acreditaram que seria possível. Gostaria de agradecer a cada uma destas pessoas e dizer que hoje chegamos aqui e que valeu muito a pena todo o sacrifício.
ER: O estádio está sendo ampliado. Quando ficará pronto e qual será sua nova capacidade? No futuro ainda haverá espaço para uma nova ampliação?
MB: O estádio está sendo ampliado. É um sonho que eu tenho desde criança, o de ver o anel fechado. Vai ficar faltando apenas um pedaço, mas acho que a gente avançou muito sem destruir o resto do patrimônio do clube. Priorizamos fazer arquibancadas de concreto deste lado de cá. Em linhas gerais, são pequenas, mas funcionais.Conseguimos com estas três arquibancadas chegar a uma capacidade de 14 mil pessoas. Claro que isso ainda será analisado pelos bombeiros. O nosso engenheiro fala 14, mas o Corpo de Bombeiros pode diminuir este número. Isso depende dos testes de segurança. Enfim, quem determina são eles. A gente está no caminho certo. Esta ampliação será muito importante para todos
É mais uma praça esportiva moderna para o Rio de Janeiro. A Portuguesa ganha muito com isso, pois o torcedor ficará próximo ao campo ajudando a nossa equipe. O futebol carioca também ganha com uma praça próxima de tudo, já experimentada, que vai servir para grandes espetáculos.
Ainda haverá espaço para outra ampliação. A primeira etapa foi estaquear todo o terreno. A segunda etapa é concluir as três arquibancadas que ficarão prontas em dezembro. Estamos trabalhando todo sábado e domingo para terminar esta obra antes do final do ano. Depois, temos o entendimento para aproveitar o material da Prefeitura para fazer uma arquibancada grande lá do outro lado. Aquela arquibancada será maior.
Dá para fazer o que quiser ali porque há muito espaço livre. Com o material que temos, dá para construir 10 mil lugares. Porém, se vendermos os naming rights do estádio, ou se houver o aporte de um grande clube que queira ajudar, ou de algum patrocinador, a gente pode fazer o número que a gente quiser. A arquibancada lá pode ser gigantesca ou pode ser de tamanho médio.
Isso dependerá exclusivamente dos recursos financeiros que o clube terá no futuro. Hoje, todo o investimento que nós tínhamos, aplicamos na construção destas três arquibancadas. Aquela arquibancada do outro lado lá ficará para um futuro próximo. A gente espera que seja breve, pois o nosso interesse agora é vender o naming do estádio e, consequentemente, vendendo o naming, a gente termina o estádio.
ER: Em 2026, a Portuguesa vai disputar o Campeonato Estadual, a Copa do Brasil, a Série D do Brasileirão e a Copa Rio. O time será competitivo para brigar por estes títulos?
MB: Depois de todo este investimento da obra, todos os esforços serão voltados para a equipe. Tudo o que a gente receber, vamos injetar no time. Hoje em dia, o futebol está muito competitivo. Este negócio de SAF está inflacionando muito o mercado. Todos os times estão com certa dificuldade de contratação. A gente não está medindo esforços para poder montar uma equipe competitiva. Com certeza não será diferente em 2026. A Portuguesa vai investir bastante para alcançar seus objetivos.ER: A CBF e a FERJ ajudam os clubes pequenos? Se o senhor pudesse pedir algo a estas entidades, o que o senhor pediria?
MB: A Federação tem ajudado sim, na medida do possível. Está ajudando a melhorar os gramados, dando suporte e tentando melhorar os contratos de televisionamento. O presidente Rubens tem feito um bom trabalho à frente da federação. A gente está bastante feliz com o trabalho feito por ele.A CBF tem melhorado bastante a sua forma de visualizar a Série D. A gente espera que melhore cada vez mais. Que a gente possa ter uma cota, uma cota melhor. Jogar a Série D é uma competição muito difícil, que tem muito custo. Ela é deficitária. A gente precisa ter recursos para fazer esta competição. O futebol está se modernizando. A gente sabe disso. Cada dia que passa, a tendência é que sempre melhore.
ER: O que aconteceu com a Copa Rubro-Verde? Ela voltará a ser disputada?
MB: A Copa Rubro-Verde foi uma competição criada por mim e pelo presidente da Portuguesa de Desportos (SP), que teve a ideia. Com certeza, no futuro próximo, ela será disputada novamente. Tenho ciência disso. A gente vai formentar isso em breve.ER: A Portuguesa é a nova quinta força da cidade do Rio de Janeiro?
MB: A Portuguesa não se preocupa com isso. A gente se preocupa em ter uma equipe competitiva e alcançar nossos objetivos. Acho que hoje, a quinta força do estado do Rio é o Volta Redonda, pelo poder de recursos de estar na Série B — infelizmente, caiu para a Série C. É a equipe melhor colocada entre as menores. Eu espero que outros clubes, não só a Portuguesa, consigam ascender à Série C.É isso que a gente planeja. Esperamos que o Volta Redonda e outros clubes do Rio cheguem à Série B para ficar. Acredito muito que o futebol do Rio tenha muito a acrescentar a estas competições. Para o futuro, vamos nos fortalecer mais ainda e conseguir fazer com que os clubes do Rio possam estar disputando estas competições maiores.
ER: O futebol profissional é a grande vitrine de qualquer clube, principalmente dos clubes formadores. Gostaria que o senhor comentasse sobre a curta duração dos campeonatos estaduais. Por exemplo, a Série A vai apenas de janeiro a março. O ano acaba ali para quem não disputa a Série D do Brasileirão.
MB: Este é um ano diferente. O ano que vem terá a Copa do Mundo. Consequentemente, a Série A do Brasileiro vai começar em janeiro. Então é natural que a competição fosse achatada. É normal. A gente já esperava isso. É claro que a gente gostaria que tivesse mais datas.Entendemos que o calendário do futebol brasileiro está muito encurtado. Está muito complicado. Para o futuro, a tendência é que a coisa se normalize.ER: Após o episódio da pizza na final da Copa Rio, houve algum contato entre a Portuguesa e America? Como está a relação entre os clubes?
MB: Está tudo normal entre Portuguesa e America. Pelo contrário, só fortaleceu. A diretoria sempre tratou muito bem o America. É claro que existe uma rivalidade entre as duas torcidas, que já é antiga. Porém, entre as diretorias, sempre vai haver respeito e consideração. Inclusive, ontem, estive falando como Senador do Romário. Repito: pelo contrário, só fortaleceu.Acho que o Romário está fazendo um belo trabalho no America. Fizemos a maior Copa Rio de todos os tempos, competição do segundo semestre do Rio de Janeiro. A gente valorizou muito a competição. Foram dois grandes jogos, tanto lá, quanto aqui. O America mostrou sua grandeza e a Portuguesa também. Lotamos os estádios tanto lá quanto aqui. Foi uma grande final e a Portuguesa foi feliz. Ficou aí uma grande parceria entre os clubes. Houve respeito mútuo entre os clubes. Quem ganhou o futebol carioca. A gente só engrandeceu a Copa Rio com esta grande final.
ER: Além do futebol, o clube oferece escolinha de alguma outra modalidade esportiva? Futsal ou natação, por exemplo?
MB: Sim, a Portuguesa tem a parte social muito forte. Temos projetos aqui dentro do clube de autismo, natação para crianças autistas totalmente grátis, oferecidos pelo clube. Temos outras atividades gratuitas. Também oferecemos escolinhas de futebol, futsal, natação, hidroginástica, lutas, entre outros. Há várias atividades aqui na Portuguesa, tanto para associados quanto para não sócios.O clube é muito movimentado na parte social e a gente quer movimentar ainda mais. Temos um espaço bem bacana que vem melhorando a cada dia. Ficou pronta uma academia agora de 700 metros quadrados. O clube está muito movimentado. A gente quer o clube vivo e povoado. Sabemos que isso é muito importante, mas dá trabalho. É importante não somente para as pessoas, como também para o futebol, porque os frequentadores acabam interagindo com o futebol e conosco.
ER: Quais os benefícios para o associado da Portuguesa? Há eventos na sede do clube?
MB: Temos várias atividades gratuitas no clube. Oferecemos aos associados nossa piscina olímpica, piscina para crianças, outra piscina aquecida que fica embaixo, de 25 m, varandas, churrasqueira, sauna, ginásio, campo sintético, campos para peladas de final de semana. Temos uma série de atividades aqui no clube, como eventos. No dia 13 de dezembro teremos o Double You, uma atração internacional. O sócio tem sempre benefício para participar destes eventos.ER: Qual o futuro da sede da Portuguesa? Há planos para alguma nova estrutura, melhorias, algum novo esporte ou atividade?
MB: Já conseguimos avançar bastante na parte social. Construimos três campos sintéticos e iluminamos todos eles. Estamos fazendo novas churrasqueiras; entregamos uma academia nova. Nossa tendência agora é melhorar o parque aquático. Construimos um novo quiosque na área da piscina. Fizemos uma pintura total no estádio. Fizemos uma parceria com uma empresa para fazer toda a hipermeabilização do telhado do clube. Reformamos os bares dos clubes. Está tudo novo. Enfim, a gente está dando uma roupagem no clube. O nosso sonho de consumo é construir umas quadras de tênis. Em breve, as teremos.ER: Quando o clube terá um site atualizado (a última notícia é de 2024)?
MB: Estamos reformulando o site. Trouxemos uma pessoa para isso e em breve lançaremos o novo site, assim como a TV Lusa. Colocaremos novamente estes canais para interagir com o público. Este é o nosso compromisso para 2026, o de melhorar a parte da informação. A assessoria de imprensa vai trabalhar bastante também para melhorar o nosso canal de comunicação.ER: A Portuguesa faz um belo trabalho no futsal. É possível pensar num investimento maior no futsal? Colocar o time na Liga Futsal, por exemplo?
MB:
ER: O parque aquático da Lusa está lindo. É possível pensar que a Lusa faça parte da FARJ e dispute competições de natação?
MB: A mesma coisa a natação. A gente entende que os recursos do clube são muito direcionados ao futebol para podermos nos sustentar, nos manter e subir de divisão, ou brigar para subir. Então, para os outros esportes olímpicos, precisamos de investimentos, parceiros, para poder formentá-los.
ER: Chegou-se a especular a entrada da Portuguesa num projeto social de atletismo na Ilha do Governador. Isso procede?
MB: Sim, a Portuguesa voltou a disputar atletismo. Conseguimos alguns bons resultados na primeira disputa agora. Estamos voltando com o atletismo. Tínhamos parado. Disputamos semana passada a primeira competição. No ano de 2026, vamos fomentar bastante este esporte. Estamos treinando lá na VIla Olímpica da Ilha e disputando as competições que podemos disputar. Acho importante que a gente possa participar, revelar novos talentos. Tudo o que for relacionado ao esporte, na medida do possível, a gente vai estar entrando.

Nenhum comentário:
Postar um comentário