Róbson Caetano é um dos maiores nomes do Atletismo brasileiro de todos os tempos. Nesta entrevista ele fala de sua carreira, do Atletismo do Rio e da Olimpíada de 2016.
ER: Róbson, como você ingressou no Atletismo?
RC: Comecei
no atletismo aos 13 anos de idade convidado pela técnica Sônia Ricette. Fiquei um ano treinando esperando ser federado. Aí então um professor da
minha escola chamado Eleandro me convidou para participar do Pentatlo
Nacional, onde me destaquei no Salto em Distância.
ER: Em que momento você percebeu que iria longe no Atletismo?
RC: Nunca fiz nenhum prognóstico de onde chegaria no esporte. Ou seja, ainda
estou aprendendo e crescendo nele, mas sabia que seria olimpico.
ER: Como você percebeu que seu forte seriam as provas de curta distância?
RC: Eu
não sabia o que iria acontecer comigo, e, como já disse, ser olímpico era a
meta. Para o objetivo maior que era a medalha olímpica, as provas
foram se definindo com o passar do tempo, já que comecei no salto em
distância.
ER: Você chegou a tentar provas de longas distâncias e outras modalidades no Atletismo?
RC: Nunca fiz nada alem de 400 metros no atletismo, mesmo porque ficou muito claro que seria saltador e velocista desde o início.
ER: Suas maiores conquistas vieram nos 200 metros rasos. Era sua prova preferida?
RC: A
minha prova favorita sempre foi o 100 metros, pois nele consegui fazer
minhas marcas mais expressivas e ainda sou recordista do continente
nela, com o tempo de 10.00, o que me deixa muito contente. Mas claro que
tenho um carinho pelos 200 metros, afinal foi nela que conquistei minha
primeira medalha olimpica.
ER: Qual o momento inesquecível da sua carreira? Seria o Bronze nos 200m de Seoul 1988?
RC: O
momento inesquecível não foi uma medalha ou vitória e sim uma derrota. Foi em
Barcelona, quando era favorito para a prova e terminei em quarto lugar
nos 200 metros.
ER: E qual foi o pior momento de sua carreira?
RC: Talvez
um dos piores momentos de minha carreira tenha sido o fim do sonho de
me tornar medalhista pela terceia vez em Sidney, pois tive que decidir
se continuava treinando ou abandonava o esporte que tanto amo. E a
decisão foi um dos piores momentos de miha vida, mas sobrevivi.
ER: Quais os clubes que você defendeu ao longo de sua carreira?
RC: Comecei no Botafogo, clube de minha falecida mãe. Depois fui para a
Gama Filho, SESI de Santo André (SP), Sogipa (RS), Nacional de Manaus (AM), Arpoador e
encerrei no Vasco Da Gama.
ER: Como foi sua passagem pelo seu clube de coração, o Vasco da Gama?
RC: Foi
muito muito boa . Encerrar minha carreira no Vasco foi muito bacana. Uma pena não ter conseguido ir a Sidney como atleta do Vasco, já que o
projeto olímpico contemplou muito poucos atletas.
ER: Como foi a rivalidade entre o Vasco de Róbson Caetano e o Flamengo de Zequinha Barbosa?
RC: Ficou na pista e nada mais. Era apenas uma rivalidade de clubes, já que na vida somos muito amigos.
ER: Você ainda acompanha o Atletismo do Vasco da Gama?
RC: Um
pouco de longe, pois hoje o que me interessa no Vasco é a turminha mais
nova, treinados pela Solange, que é técnica do Vasco e faz um trabalho
brilhante à frente das categorias de base. E com o pouco que tem, faz
milagres. Acho que deveríamos incentivar o esporte olímpico nos clubes e
tentar separar o futebol das outras modalidades.
ER: Você competia numa época em que o Atletismo do Rio era muito forte.
Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense e Gama Filho tinham boas equipes e
disputavam títulos. Como você vê o Atletismo do estado hoje em dia?
RC: Infelizmente,
o atletismo do Rio passa por um momento delicado por conta da
renovação. As gerências dos clubes ficaram dependentes de uma federação que
era financiada por um bingo e quando tudo acabou, não houve como
segurar o desmoronamento de tudo. Agora, a reconstrução do atletismo
passa por uma gestão que deverá ser feita nos moldes do esporte como
empresa, com cada uma das partes bem definidas e tudo funcionando bem
para que clubes, federação e confederação possam, em harmonia, trabalhar
para as futuras gerações. O fortalecimento do
atletismo do Rio passa por uma questão política, que vai desde o aporte
financeiro a uma gestão de pessoal muito qualificada. E isso requer gente
que tenha sensibilidade para entender que no esporte, não podemos
apenas fazr política. Não podemos ter ditadores e nem tão pouco olhar
para os próprios louros do passado achando que irá fazer boas
administrações. Mas esse é um problema que tenho certeza que o Rio irá
superar, pois é grande e está cheio de talentos desde os atletas até a
área de gestão.
ER: É possível trazer de volta Botafogo, Flamengo e Fluminense para o Atletismo?
RC: Como
disse, uma equipe de trabalho apenas não dará conta do recado, mas se
encontrarmos empresas dispostas a investir neste esporte, poderemos
começar a sonhar, já que tudo parte do atletismo, que é o esporte de base mais
importante dentro do Comitê Olimpico Interncaional. Os Jogos em qualquer época se iniciam num estádio de atletismo, e quem
quebra esse paradígma está indo contra a carta olímpica, pois altius e
fortius determinam atletas que usam apenas a natureza do corpo para
chegar ao objetivo e não é qualquer esporte que traduz isso. Eu tenho visto que o COB,
através de seus esforços, irá fazer a abertura num estádio que nao é
olimpico e sim de futebol, e em minha humilde opinião, acho que deveriam
repensar isso.
ER: Gostaria de deixar algum recado para a torcida brasileira?
RC: Que
o Brasil seja merecedor de tanto investimento, o que ainda é pouco, mas
já é muito melhor que antes, pois os atletas merecem e o povo merece. Sem contar que estaremos transmitindo tudo em canal aberto pela primeira
vez. Uma transmissão de mais de oito horas diárias dos Jogos de Londres,
já preparando a Rede Record de Rádio e televisão para futuras
trasnmissões esportivas. Então, vamos torcer pelos nossos atletas! Um forte abraço!