Paulo Carvalho é o novo Presidente da Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro. Ele foi eleito e iniciou seu mandato no início deste ano. Veja o que podemos esperar de sua administração:
ER: Pode nos contar um pouco de sua trajetória até assumir a presidência da
Federação de Remo do Estado do Rio de Janeiro?
PC:
Pratico remo desde os meus 13 anos por influência da família, já que
meu tio Zé de Carvalho foi remador olímpico e como treinador formou o Dois Sem vitoriosíssimo remado pelos filhos Ronaldo e Ricardo Carvalho,
que dentre outros títulos, foram Bicampeões
Panamericanos. Me considero um remador mediano. Fui vitorioso pelo
Flamengo e pelo Vasco da Gama, ganhando em ambos título de campeão
Brasileiro e outros pelo Estadual, e agora como Masters cheguei a ser
campeão Sul-americano. Acho que fiz o que pude como remador. Agora
pretendo dar minha contribuição para o remo, é o que me motiva!
ER: O que você pretende
mudar no Remo do estado?
PC: Já consegui algo
muito importante que foi unir a maioria dos clubes, como ficou
demonstrado nas eleições para a FRERJ, sendo que mesmo os que não
votaram em nossa chapa eu sinto o espírito de união para que juntos
possamos alçar vôos maiores. Pretendemos massificar e popularizar o
remo carioca, melhorar a estrutura das regatas para que sejam de alto
nível técnico, com vistas a preparar a nossa raia olímpica para receber
os remadores que virão se preparar para esse grande evento. A CBR
sabe que pode contar conosco no que for necessário. A 1a. Regata do
Estadual realizada no domingo (24 de Março), já demonstrou uma
mudança de mentalidade e organização. Tivemos uma regata impecável, de
raia cheia e de público que há muito tempo não era visto na lagoa.
ER: Como você se diferencia do seu antecessor,
Mauro Ney Palmeiro?
PC: Logicamente devemos ter várias, mas a principal diferença é que sou remador.
ER: O remo estadual é quase que todo ele resumido a
Botafogo, Flamengo e Vasco. Como atrair
novos clubes para o esporte?
PC: A FRERJ está a disposição para ajudar os pequenos e novos clubes a
participarem do Estadual, e entendo que a medida que as regatas se
tornem mais atrativas, outros clubes se interessarão pelo esporte.
ER: É
possível trazer os clubes tradicionais (Boqueirão do Passeio, Gragroatá, São
Cristóvão e Internacional de Regatas) de volta às regatas?
PC: É difícil mas possível. Acho que o interesse desses clubes se foca
mais nas regatas de mar e realizadas na Baía de Guanabara. Aliás, foi onde competi minha primeira prova numa
Baleeira. Foi um segundo lugar que me marcou.
ER: Só um time
de remo do interior do estado disputa o Campeonato Estadual. Como fazer para
desenvolver o remo no interior?
PC: Como disse, a
FRERJ estará sempre disposta a ajudar os clubes pequenos no que puder, e
somente com a exposição do esporte é que eles irão motivar os
patrocinadores e a própria Prefeitura em alavancarem o remo. São atos em
conjunto que possibilitarão o desenvolvimento desses clubes.
ER: O Estadual de Remo é todo disputado na
Lagoa Rodrigo de Freitas. É possível levar uma regata para interior do
estado?
PC: O Estadual é disputado na Lagoa, mas
nada impede que façamos regatas extras para atender aos clubes do
interior. Basta a vontade política desses próprios clubes.
ER: O Fluminense FC é detentor da Taça Olímpica e campeão em
diversos esportes mas nunca teve remo. Existe algum projeto de trazer o
Fluminense para o Remo?
PC: Fica aqui o nosso convite para o Fluminense. Seria um imenso prazer termos remadores deste grande clube na Lagoa.
ER: Recentemente vimos uma mortandade de 70
toneladas de peixe na Lagoa Rodrigo de Freitas, que continua muito poluída. O
que será feito até a Olimpíada para limpar a Lagoa?
PC:
Acho que essa mortandade foi a união de vários fatores que não
aconteciam há anos. Espero que o poder público tome a iniciativa de
limpar a lagoa e oxigenar suas águas. Não podemos ficar a mercê da
iniciativa privada, apesar da Lagoa agradecer todo esforço do empresário
Eike Batista em realizar este árduo trabalho às suas custas, o que
ajudou e muito!
ER: A velejadora
Isabel Swan tem denunciado a sujeira na Baía de Guanabara, onde será disputada a
Vela nos Jogos de 2016. É possível que Remo e Vela se unam contra a poluição das
raias olímpicas?
PC: Claro, estaremos ao lado da CBR para buscar a limpeza de nossas raias Olímpicas, seja na Lagoa como no mar.
ER: Ainda falando de Rio 2016, o que o governo tem feito
pelo Remo visando os Jogos Olímpicos?
PC: Até o
momento a FRERJ sequer foi chamada para ser ouvida sobre as necessidades
de nosso esporte e o que fazer para receber os atletas do resto do
mundo, mas estou confiante que ainda iremos nos reunir para este fim. Repito: ajudando no que pudermos a CBR e autoridades (Comitê 2016).
ER: Os clubes do Rio reclamam que a
Confederação Brasileira de Remo não organiza um Troféu Brasil Interclubes,
preferindo premiar individualmente cada atleta. A FRERJ tem como intervir nesta
questão e pedir uma competição que determine o melhor clube brasileiro da
temporada?
PC: A FRERJ tem um ótimo
relacionamento com a CBR. Se for da vontade dos clubes, eu levarei esta
revindicação ao seu presidente e tenho certeza que o pedido será
considerado. Cabe aos clubes a iniciativa.
ER: Deseja deixar um recado final?
PC: A atual Diretoria da FRERJ tem plena consciência de sua
responsabilidade no atual cenário do remo nacional, já que o Rio de
Janeiro será o palco das Olimpíadas de 2016 e as regatas serão
realizadas na Lagoa Rodrigo de Freitas. Precisamos estar peeparados para receber os
remadores estrangeiros, e para tal, temos que buscar melhorar o nível
de nossas regatas para irmos nos moldando ao que é exigido a nível
mundial para um evento deste porte, possibilitando aos atletas representarem os seus clubes e o país com dignidade. Contamos com a colaboração de todos para que juntos possamos dar uma verdadeira guinada no remo carioca. A hora é essa!